Palavra do Presidente
Considerado o primeiro urbanista do País, o engenheiro Augusto Carlos da Silva Telles foi também vereador em São Paulo e, nessa condição, deu o pontapé inicial na urbanização do Vale do Anhangabaú. Em 1906, ele se incomodava com o fato de os futuros frequentadores do Theatro Municipal, ainda em construção, serem obrigados a ver os fundos das casas da Rua Líbero Badaró repletos de sujeira.
Por isso, propôs uma solução: transformar o Vale em um parque. Foi o começo da discussão sobre o que fazer com o local, que, na década de 1920, transformou-se em um dos endereços mais elegantes da cidade. Essa polêmica envolvendo o Anhangabaú é contada na reportagem Vale da discórdia, na seção Desarquivando desta edição.
Se há mais de cem anos o vereador Telles mudou radicalmente uma parte da cidade, neste ano vereadores, especialistas de diversas áreas do conhecimento e representantes de movimentos sociais juntaram-se para olhar para o futuro e desenhar uma cidade com menos desigualdade, mais conhecimento e sustentabilidade, além de melhores soluções de mobilidade. O resultado desse debate, chamado SP 2030, está na matéria de capa, Projetos para a metrópole.
Outra das grandes questões para a capital paulista e demais grandes centros resolverem é a segurança alimentar, tema da seção Com a Palavra, que nesta edição entrevista André Luzzi, especialista no tema e membro da Ação da Cidadania, ONG criada pelo sociólogo Betinho. Para ele, há em nossa sociedade uma sobreposição entre a má alimentação e a ausência de alimentação.
Ainda no assunto alimentação, a reportagem Pressão nas alturas mostra como o consumo inadequado de comida leva a doenças como a hipertensão. Esse mal aumentou muito nos últimos anos e já atinge mais de 20% dos paulistanos. O poder público tem tomado medidas para reagir à situação, mas há ações que podem ser realizadas pelos próprios cidadãos, e o texto traz várias sugestões para quem quer repensar os hábitos.
No perfil deste número, a revista traz a trajetória de Ephraim de Campos, médico de carreira consolidada que aos 50 anos decidiu ser vereador para denunciar os abusos do governo no auge da ditadura militar. A ideia de contar essa história de coragem surgiu de uma parceria com a Equipe de Arquivo Geral da Câmara, que encontrou documentos internos sobre o político e enviou à Apartes, como sugestão de reportagem. A elaboração contou também com a participação do Centro de Memória da CMSP.