Nº15 – Cultura

Os maiores espetáculos da Terra

Dentro e fora das lonas, o circo se reinventa e ganha leis que estimulam e homenageiam seus artistas

Fausto Salvadori Filho | fausto@saopaulo.sp.leg.br
Gisele Machado | gisele@saopaulo.sp.leg.br

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NA ESTRADA – Apresentadora Jaqueline ensaia em dia de estreia do circo itinerante Moscou

Gute Garbelotto/CMSP

Era uma casa muito engraçada. Não tinha teto, não tinha piso, não tinha nada. As paredes eram tudo o que restava do galpão onde havia funcionado o primeiro supermercado de Cidade Tiradentes, bairro pobre na zona leste de São Paulo. O galpão não passava de uma ruína quando um coletivo de artistas chamado Instituto Pombas Urbanas ocupou o local, em 2004, com a missão de erguer um teatro.

“Como não havia energia, os atores tinham que usar os faróis dos carros para iluminar o galpão à noite”, relembra o ator Adriano Mauriz, 39 anos, um dos moradores do bairro de São Miguel Paulista que, ao lado do diretor Lino Rojas (morto em 2005), fundou há 25 anos o Pombas Urbanas, com o sonho de “transformar a arte num projeto de vida para os jovens das periferias”. Quando se instalaram em Cidade Tiradentes, os atores do grupo sentiram a carência dos moradores por mais opções de arte e lazer que não existiam no bairro. Decidiram que um teatro só não bastava. Era preciso montar um centro cultural, a partir das demandas da população. Foi aí que Adriano começou a ensinar técnicas de circo: perna de pau, monociclo, malabares.

As aulas encantavam a molecada e ensinavam para as crianças mais retraídas ou agressivas como se relacionar umas com as outras. “Virou um espaço de brincadeira e sociabilização”, conta Mauriz. Depois que os pequenos devoraram tudo o que Adriano tinha para ensinar, ele resolveu chamar profissionais dos circos tradicionais para dar aula. Gente que havia nascido sob as lonas e aprendido os artes circenses com os pais, herdeiros de um saber passado de geração a geração.

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EM CENA – Guilherme Torres, Larissa Evelyn, Rafael Diniz e Marcelo Nobre, artistas do Grupo Palombar

Fábio Lazzari/CMSP

“O povo do circo chamava a gente de palombar”, conta Marcelo Nobre Orquiza, 24 anos, morador de Cidade Tiradentes que passou a frequentar as aulas em 2011. Na linguagem do circo, palombar são remendos que garantem a sustentação da lona. “Eles diziam que estavam nos ensinando coisas que os filhos deles não queriam mais aprender. Nós éramos como remendos na tradição do circo”, explica.

Os alunos assumiram o apelido e criaram, em 2012, o Grupo de Circo e Teatro Palombar, formado por dez jovens, todos de Cidade Tiradentes. São artistas circenses que não precisam de lona: podem apresentar seu espetáculo onde quiserem, em teatros ou na rua. Hoje, são eles que dão as aulas de circo para as crianças do bairro, no mesmo galpão de antes – que, após ser reformado pelas mãos dos próprios artistas, ganhou teto, piso, luz e água, transformando-se no Centro Cultural Arte em Construção, um espaço com 1.600 m² de equipamentos culturais, incluindo salas de aula, áreas de convivência, biblioteca, sala de leitura, teatro e cineclube.

Ao mostrar que a arte também pode ser abraçada por quem mora na periferia, o Palombar e outros grupos artísticos surgidos no antigo galpão mudaram o rumo da vida de alguns jovens do bairro, como Marcelo. “Eu vivia sem um projeto, sem saber o que queria fazer”, afirma o ator. “Hoje, vivo do circo, e sem precisar deixar o bairro onde moro.”

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PREPARATIVOS – Jorge Fumagalli durante instalação do Circo Moscou

Ângelo Dantas/CMSP

CIRCO POPULAR

É assim, por meio de remendos que reinventam e dão sustentação à sua história, que a arte circense cria formatos e vai conquistando outros espaços.

Uma iniciativa aprovada pela Câmara Municipal de São Paulo (CMSP) quer ser mais um palombar nessa história e levar o poder transformador do circo a mais pessoas: a Lei 16.162, sancionada pelo prefeito Fernando Haddad (PT) em 13 de abril deste ano. A proposta cria o Programa Circo Popular, que pretende disponibilizar aulas gratuitas de circo. O autor do projeto é o vereador Marquito (PTB), ele próprio um artista que atua em picadeiros desde os 17 anos. “O circo ensina muito”, lembra o parlamentar. Segundo ele, o objetivo das aulas é aproveitar o tempo ocioso dos jovens e proporcionar a eles “cultura, novos horizontes, entretenimento, benefícios físicos e intelectuais”, além de disseminar a importância social e histórica do circo. Os cursos do Circo Popular terão cinco modalidades: aérea, solo, cama elástica e trampolim acrobático, malabares e aulas históricas (veja mais no final da página).

O secretário municipal de Cultura, vereador licenciado Nabil Bonduki, disse que a pasta está trabalhando para que o projeto entre em prática. “Num primeiro momento, vai funcionar em duas ou três Subprefeituras”, explica. O secretário também estuda a possibilidade de destinar terrenos da Prefeitura para receber circos itinerantes. “A cidade precisa ter locais exclusivos para os circos”, aponta Bonduki.

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AULAS – Marquito é autor da proposta que criou o Circo Popular

Marcelo Ximenez/CMSP

A proposta do Circo Popular foi bem recebida pelas entidades do setor. “O circo tem que continuar com a lona, que é seu hábitat natural, mas esse projeto permite levá-lo a outros espaços, para estar sempre na mente e no coração das pessoas”, celebra Camilo Torres, presidente da Associação Brasileira do Circo (Abracirco).

Nos últimos anos, o circo começou a ir além do seu “hábitat natural”. Desde que chegou ao Brasil, no início do século 19, trazido por famílias de artistas europeus, o circo foi sinônimo de lonas itinerantes, erguidas por famílias que iam de cidade em cidade apresentando-se em espetáculos grandiosos, com dezenas de artistas. As coisas começaram a mudar a partir dos anos 1980, quando a lona passou a conviver com outros jeitos de fazer circo.

Jeitos que misturam a tradição circense com a linguagem do teatro, na forma de espetáculos menores, capazes de caber em palcos, eventos, festas e nas ruas. Ao mesmo tempo, aulas de malabares e trapézio entraram para o cardápio das academias de ginástica e as técnicas do palhaço viraram tema de vivências que trabalham o autoconhecimento.

“O circo é a bola da vez”, diz o professor Marco Antonio Coelho Bortoleto, coordenador do Grupo de Estudo e Pesquisa das Artes Circenses (Circus), da Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Entre os vários setores que passaram a utilizar as artes nascidas dos picadeiros, os brasileiros se destacaram ao utilizar o circo nos projetos sociais. “O Brasil se tornou uma das principais referências em circo social”, afirma o professor, mencionando como exemplos os circos Girassol, em Porto Alegre (RS), o Laheto, em Goiânia (GO), o Crescer & Viver, no Rio de Janeiro (RJ), e o Pombas Urbanas.

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MEMÓRIA – Piolin, considerado o maior palhaço do Brasil, na década de 30

Secretaria Municipal de Cultura

Segundo Bortoleto, por ser uma arte que exige coragem, respeito e cooperação, o circo pode ser “bastante transformador quando trabalhado num contexto educativo”. Imagine o que se passa com quem enfrenta o medo de cair ao andar equilibrado num arame ou expõe o seu lado mais ridículo para uma plateia, vestindo um nariz vermelho. É o tipo de experiência que muda uma pessoa. “Com o circo, a gente descobre que é capaz de fazer várias coisas e isso gera uma transformação pessoal. Daí, a transformação social é consequência”, conta Bortoleto.

“FILHO, NÃO DEIXA ACABAR”

A novidade que detonou as várias mudanças do circo brasileiro foi a criação das escolas de circo, a partir de 1978, com a abertura da pioneira Academia Piolin de Artes Circenses, em São Paulo. “Até então, o circo de lona guardava os últimos vestígios de uma arte iniciática e ancestral”, conta Verônica Tamaoki, coordenadora do Centro de Memória do Circo, criado pela Prefeitura de São Paulo em 2009. Quem quisesse aprender circo tinha de ter nascido numa família do meio ou ser aceito numa lona itinerante – fora disso, os artistas não ensinavam o que sabiam a ninguém.

“A criação das escolas sofreu muito questionamento, porque as técnicas eram o grande tesouro das famílias tradicionais. Hoje os artistas entendem que é uma oportunidade de trabalho. Com isso, o saber do circo se democratizou”, conta Bel Toledo, presidenta da Cooperativa Paulista de Circo. Segundo ela, hoje em dia há poucos conflitos entre os artistas tradicionais e os contemporâneos, nascidos fora da lona. “Somos todos circo”, diz Bel.

A presidenta da cooperativa diz que a classe média começa a redescobrir o circo agora, principalmente por conta da influência chique do Cirque du Soleil, companhia canadense com espetáculos apresentados por todo o mundo. Mas ela lembra que o picadeiro nunca saiu de moda entre a maioria da população brasileira. No ano passado, uma pesquisa sobre hábitos culturais feita pelo Sesc e pela Fundação Perseu Abramo mostrou que o circo é uma atividade que faz parte da vida de 72% dos brasileiros. “Temos mais público do que o cinema, só que com menos visibilidade”, compara.

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ADMIRADOR – Toninho Paiva criou o Dia Municipal do Circo e do Artista Circense

Gute Garbelotto/CMSP

O circo que chega a essa multidão de brasileiros é quase sempre a lona itinerante, que consegue chegar aos mais distantes locais do Brasil. Pois justamente a forma mais tradicional de circo, origem de toda a riqueza que hoje se espalha por palcos, escolas e academias, é a que encontra mais dificuldades para se manter viva. Ao contrário do cinema e do teatro, por exemplo, os artistas da lona dizem que raramente conseguem o apoio das leis de incentivo fiscal. “É a única atividade cultural que depende apenas da sua bilheteria para viver”, afirma Bel. Verônica Tamaoki, do Centro de Memória de Circo, vai mais longe e prevê: “Por falta de apoio, o circo de lona corre risco de extinção”.

Não há números precisos, apenas estimativas. A Abracirco e o Centro de Memória afirmam que o País tem hoje cerca de mil lonas de circo, que dão emprego para cerca de 25 mil profissionais. O número é a metade do que havia dez anos atrás.

A crise não é de hoje. Em 1961, o palhaço Piolin (saiba mais sobre ele no box no final da página) viu seu circo ser despejado do endereço que havia ocupado por 12 anos, na Avenida General Olímpio da Silveira, em Santa Cecília (região central). A expulsão que atingiu o circo do maior palhaço do Brasil prenunciava o que viria a se tornar o maior problema para o circo tradicional nas décadas seguintes: em tempos de especulação imobiliária, com a terra urbana negociada a preço de ouro, achar terrenos para levantar uma lona ficou cada vez mais difícil. Por isso, a arte circense, que ao longo do seu primeiro século de vida havia se instalado em endereços centrais, como o Largo do Paissandu, viu-se confinada às periferias.

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FERAS – O domador Zoltan Guranyi retirou-se do circo após proibição do uso de animais

Coleção Zoltan/CMC-DPH-SMC-PMSP

“Manter um circo ficou muito difícil. Tem poucos terrenos disponíveis, os donos cobram caro e exigem pagamento adiantado”, desabafa Jorge Borges Monteiro, 65 anos, o Jorge Fumagalli, dono do Circo Moscou, que está com sua família há sete gerações. É uma tarde fria de junho, e o dono do circo ajuda os outros artistas a erguer as armações que sustentarão a lona, na Praça dos Bombeiros, em São Bernardo do Campo (SP).

Os artistas vão chegando, a bordo dos veículos onde moram e viajam. A água e a luz ainda não foram ligadas, e ninguém sabe quando poderá tomar banho. Não há separação entre artistas e empregados. Quem brilha no palco também espalha serragem e finca estacas no chão. “Aqui é um circo familiar. Todo mundo põe a mão na massa”, explica Jorge. Também não há separação entre as habilidades. “O tradicional de circo tem que saber fazer de tudo um pouco. Se não tem locutor, meus filhos vão lá anunciar. Não tem palhaço? Eles pintam a cara.”

De repente, Jorge chora. Lembra a promessa que fez ao pai antes de morrer: “Ele me pediu: ‘filho, depois que Deus me levar, não deixa o circo acabar, não’”. Os filhos e netos firmaram com ele o mesmo compromisso. “Eles me dizem: ‘vô, fica tranquilo, não vai acabar, não’. Graças a Deus, estão continuando.”

NADA DE BICHO

Elogiada pelas entidades de proteção aos animais, uma lei da CMSP teve como efeito colateral agravar a crise da lona, ao remover leões, elefantes, cavalos e outros bichos que estavam entre as principais atrações de vários circos. Criada pelo vereador Roger Lin, a Lei 14.014/2005 proibiu “a utilização de animais de qualquer espécie em apresentação de circos e congêneros” na cidade de São Paulo.

“A apresentação dos animais em espetáculos circenses nada mais é do que pura tortura para os animais”, dizia o vereador na justificativa. A proposta teve o apoio de entidades como a Aliança Internacional do Animal (Aila), autora de uma campanha contra o uso de bichos nos picadeiros. “Não somos contra o circo. Gostamos da diversão sadia, como o Cirque du Soleil, que deixa qualquer um de boca aberta”, disse Júlia Fukushima, secretária da Presidência da Aila, no dia da aprovação da lei, para a Folha de S.Paulo.

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PALHAÇADA – Verônica Tamaoki mostra navalha gigante do Centro de Memória do Circo

Mozart Gomes/CMSP

O PL de Lin foi vetado pelo prefeito José Serra, mas a CMSP derrubou o veto e promulgou a lei em 30 de junho de 2005. Dois meses depois, em 25 de agosto, uma lei estadual, de autoria do deputado estadual Ricardo Trípoli (PSDB), estendeu a mesma proibição a todo o Estado.

Na época, Zoltan Guranyi, hoje com 78 anos, era considerado o principal domador do Brasil e havia ensinado o ofício aos filhos, que trabalhavam com ele no circo Orlando Orfei, um dos maiores do País. Em 2006, um ano após a proibição do uso de animais, o circo fechou e a família Guranyi nunca mais voltou às artes circenses. “Havia circos que maltratavam os animais e mereciam ser fechados”, reconhece Guranyi. “Mas também tinha os circos que respeitavam os bichos, e a lei não diferenciou um do outro”, lamenta.

As dificuldades provocadas pela lei prejudicaram até artistas que não lidavam com animais, como o malabarista Ramon Marambio, 36 anos, na quarta geração de circo. “Vários circos quebraram durante a crise dos bichos. Eu mesmo tive que abandonar as lonas itinerantes”, lembra. Hoje, ele trabalha “fazendo cachê” como artista temporário de circos de passagem pela cidade.

APESAR DE TUDO, SORRISOS

Uma semana após ter acompanhado a chegada do Circo Moscou ao terreno de São Bernardo do Campo, a Apartes voltou para ver a estreia no local. Tudo está mudado. Os artistas ergueram a lona colorida, ligaram luz e água (após quatro dias sem poder tomar banho) e agora desfilam em suas roupas coloridas. Não sabem se haverá público: faz muito frio e a gráfica não entregou os folhetos, para que pudessem fazer a divulgação. Mas estão todos a postos.

“Daqui a pouquinho começa o nosso espetáculo”, anuncia a apresentadora Jaqueline Souza, usando um terninho preto e uma armação de cartola na cabeça, tudo coberto de pedras brilhantes. Muito concentrada, olha para as cadeiras vazias como se estivessem lotadas. “Minha paixão é o circo”, ela diz para a reportagem.

Também é a paixão do palhaço Bruno Monteiro, 35 anos, sobrinho de Jorge. Está postado na entrada, pronto para fazer palhaçadas e vender pipocas e bexigas para as crianças. É daqueles que têm serragem correndo nas veias. Ele possui uma casa em Juquitiba (SP), mas o lugar vive vazio. “Não consigo viver lá. Não trocaria o circo por nada”, conta.

Os minutos passam, e os artistas percebem que a noite não será de espetáculo. Hoje não deu público. O jeito é se despir das fantasias e desmontar o show. Ninguém ali parece triste ou desanimado. É assim mesmo, todos sabem. “O circo é um alto e baixo”, Bruno comenta. “Mas, alto ou baixo, o palhaço tem que sorrir do mesmo jeito, para fazer as crianças sorrirem também.”

Câmara homenageia artistas

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ARTE MILENAR – Francisco Paulivan dos Santos, o palhaço Reco-Reco, brinca com jovens em sessão solene comemorativa ao Dia Municipal do Artista Circense e do Circo

André Bueno/CMSP

Faz tempo que o ambiente sério da Câmara Municipal volta e meia se colore com os narizes vermelhos e as roupas brilhantes dos artistas circenses, nas homenagens feitas pelos vereadores. Em 1974, um decreto promulgado pelo presidente da Casa, Brasil Vita, ordenou a confecção de uma placa de bronze em homenagem a Abelardo Pinto, o palhaço Piolin, falecido no ano anterior.

A placa criada pela Câmara foi afixada numa rua que recebeu o nome de Abelardo Pinto (Piolin), no Largo do Paissandu, endereço histórico do circo paulistano, por decreto do prefeito Miguel Colassuono. “Neste local existiu um circo e sob sua lona nasceu um dos grandes palhaços do mundo”, começava o texto gravado no bronze. “Nenhuma homenagem foi tão merecida, porque, sobre ser justa, é romântica, é poética e desmente os que chamam São Paulo de cidade sem alma”, escreveu o pesquisador de circo Júlio Amaral de Oliveira, conforme diz o livro Hoje tem espetáculo?, de Roberto Ruiz.

Em 2012, uma passeata de palhaços, com o apoio da Secretaria Municipal de Cultura, conseguiu que a antiga placa de bronze, gasta e pichada, fosse trocada por uma nova, que está lá até hoje, apresentando uma citação do próprio Piolin: “Meu sonho era ser engenheiro. Queria construir casas, pontes, estradas e castelos. Construí apenas castelos de sonhos para muita gente. Sou, de qualquer maneira, um engenheiro, e estou feliz com isso”.

Piolin era celebrado como um dos maiores artistas brasileiros pelos modernistas da Semana de 1922. Um deles, o poeta Menotti del Picchia, escreveu que Piolin “revolucionou o picadeiro como nós, seus amigos, revolucionamos as letras e as artes”. Em 1972, nos 50 anos do evento, o Museu de Arte de São Paulo (Masp) convidou Piolin a montar um circo no local. No mesmo ano, uma lei estadual transformou a data de nascimento de Piolin, 27 de março, em Dia do Circo.

Um dos vereadores mais ligados às artes do picadeiro é Toninho Paiva (PR), autor da lei que transformou o 27 de março em Dia Municipal do Artista Circense e do Circo. Para aproveitar a data, anualmente o vereador promove uma sessão solene em que homenageia grandes nomes das artes circenses, selecionados pela Associação Brasileira do Circo (Abracirco). “O objetivo é beneficiar um segmento que está um pouco esquecido. Quem é que não teve a infância marcada pelo circo?”, pergunta o vereador. “O circo precisa continuar em atividade para dar alegria a nós todos.”

Outros artistas que fizeram história também pisaram, com seus sapatos enormes, o tapete das sessões solenes da Câmara. Waldemar Seyssel, o Arrelia, autor do bordão “Como vai, como vai, como vai? Muito bem, muito bem, muito bem!”, recebeu o Título de Cidadão Paulistano em 1979, mesmo ano em que outro palhaço, Brasil José Carlos Queirolo, o Torresmo, recebeu a Medalha Anchieta (destinada a paulistanos cujas ações foram benéficas à sociedade local).

SAIBA MAIS
Livros
Circo Nerino. Roger Avanzi e Verônica Tamaoki. Conex, 2004.
Hoje tem espetáculo? – As origens do circo no Brasil. Roberto Ruiz. Inacen, 1987.
Respeitável público… o circo em cena. Ermínia Silva e Luís Alberto de Abreu. Funarte, 2009.
Passeio
Centro de Memória do Circo. Av. São João, 473 (Galeria Olido). Tel. 3397-0177.

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