Palavra do Presidente
Nesta edição, falamos de histórias. Na reportagem de capa, Para ler o mundo, as histórias de pessoas que se desdobram para driblar a falta de acesso ao conhecimento e ter a chance de publicar e eternizar sua própria história. Gente que vive na periferia e transformou uma funilaria ou um bar em biblioteca. Ou que não se via representada nos livros existentes e decidiu colocar em prática sua literatura.
No ano passado, um grande passo foi dado para mudar essa realidade, com a aprovação, pela Câmara Municipal de São Paulo (CMSP), do Plano Municipal do Livro, Leitura, Literatura e Biblioteca (PMLLLB). Construído a muitas mãos, por meio de vários debates, o Plano pretende integrar autores das comunidades aos acervos das bibliotecas, introduzir livros no dia a dia das pessoas (em terminais de ônibus, cestas básicas, feiras), estimular editoras independentes e pequenas livrarias e adotar programas para reduzir o preço de livros, entre outras medidas.
Além do Plano Municipal, a reportagem aborda outras iniciativas de vereadores para que o acesso aos livros seja facilitado, com mais disponibilização de espaços de leituras, vale-livros e incentivos que tornem a leitura mais corriqueira na cidade de São Paulo.
Na seção Com a palavra, o intelectual paulistano Oswaldo de Camargo conta as histórias de como os negros utilizam a literatura para combater o racismo e mostrar suas realidades. Como explica Camargo, a “literatura negra é a que o negro escreve olhando para si mesmo”.
O perfil deste número conta a fantástica história de João Ribeiro de Barros. Nome de rodovia importante no interior paulista, Barros é um dos heróis brasileiros, daqueles que deveriam ter destaque nos livros de história, mas muitas vezes ficam esquecidos. Numa época em que se tinha pouco acesso à tecnologia e em que as coisas eram feitas à base de muito esforço, ele foi o primeiro piloto das Américas a comandar uma travessia aérea do Oceano Atlântico, sem escalas nem suporte de navios. Se o fato é pouco conhecido pelos brasileiros, menos ainda são os que sabem que o comandante foi vereador paulistano por alguns dias.
Outra história curiosa resgatada nesta edição é a dos mercados 25 de Março e dos Caipiras, que ficavam na região central. Na seção Desarquivando, conheça a “revolta” dos comerciantes de galinhas e patos contra a Prefeitura, que tinha o projeto de retirá-los do principal mercado da cidade, o 25 de Março, e obrigá-los a se mudar para o dos Caipiras, considerado por eles em um “lastimável estado sanitário”.
Para fechar, a revista traz as histórias de Heleieth Saffioti, guerreira do movimento feminista que dá nome a um dos prêmios institucionais da CMSP, e da CPI dos Planos de Saúde, encerrada em fevereiro e cujas conclusões ainda devem render algumas histórias.
Uma ótima leitura a todos!