Profissionais discutem rumos da comunicação
Debate ocorreu na cerimônia de comemoração dos 18 anos do informativo Jornalistas&Cia
Sândor Vasconcelos | sandor@saopaulo.sp.leg.br
No dia 23 de setembro, o Plenário 1º de Maio da Câmara Municipal de São Paulo (CMSP) recebeu grandes profissionais da comunicação brasileira para celebrar os 18 anos do informativo Jornalistas&Cia. Além da comemoração, ocorreu o debate A Comunicação em Tempos de Mobilidade e Redes Sociais.
A sessão solene foi comandada pelo presidente da Câmara, o vereador e jornalista José Américo (PT). Segundo ele, além de se preocupar com o futuro do jornalismo, o Brasil precisa democratizar os meios de comunicação, que hoje estão “nas mãos de apenas algumas famílias e empresas”. Américo ressaltou também que, mesmo com o crescimento das redes sociais e maior facilidade para se encontrar mais fontes de informação, o público ainda procura as notícias nos veículos tradicionais. “Segundo pesquisas, nas últimas manifestações o Twitter e o Facebook mais acessados foram os da Folha, do Estadão e da Globo”, disse o presidente.
O diretor do Jornalistas&Cia, Eduardo Ribeiro, enfatizou a notoriedade que o “jornalismo de irrelevância” vem ganhando. Já o jornalista Audálio Dantas, primeiro assinante do informativo, em 1995, acredita que as empresas de comunicação vêm cometendo um grande erro ao dispensar profissionais experientes, com maior capacidade de apuração da informação. Para Dantas, independentemente da plataforma utilizada, o importante é a forma como se faz a notícia. “A informação prestada no calor dos acontecimentos não fica livre das paixões do momento”, opinou Audálio, sobre o jornalismo feito, principalmente, nos meios digitais.
Em contrapartida à opinião de Audálio Dantas, o professor da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) Manoel Carlos Chaparro analisa positivamente a disseminação instantânea das notícias, “espalhadas ao mundo por qualquer cidadão”. Para ele, desapareceu o intervalo entre o acontecimento e a notícia. “Quando (o presidente norte-americano) Lincoln morreu, em 1865, a informação demorou 13 dias para chegar à Europa. A derrubada das torres gêmeas (em 2001, na cidade de Nova York) foi vista no momento e produziu mudanças imediatas”, exemplificou o professor. Chaparro acredita que esse avanço da comunicação valoriza ainda mais a função dos jornalistas, que precisam estar presentes na origem dos acontecimentos.
MESA: Da esquerda para direita, Marco Antônio Rossi, Décio Manso, Manoel Chaparro, Eduardo Ribeiro, José Américo, Eliseu Gabriel, Audálio Dantas, Carlos Henrique Carvalho e Carlos Alberto di Franco
Marcelo Ximenez/CMSP
Décio Paes Manso, sócio do grupo de comunicação Maxpress, e o articulista Carlos Alberto di Franco, dos jornais O Estado de S.Paulo e O Globo, acreditam que, com a “onda avassaladora” da tecnologia, a questão de ordem do jornalismo é como atrair as pessoas. “Temos de pensar na comunicação para uma geração que escuta, digita e posta ao mesmo tempo”, enfatizou Manso. Já Franco aposta na antecipação e na elaboração de um jornalismo de tendências. “No fundo, é contar boas histórias. O bom repórter ilumina a cena, o mau constrói a história. Qualidade atrai, vende, é para sempre”, finalizou o articulista.
Ainda compuseram a mesa do evento o vereador licenciado e atual secretário de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho do Município de São Paulo, Eliseu Gabriel (PSB), Carlos Henrique Carvalho, presidente da Associação Brasileira das Agências de Comunicação (Abracom), e Marco Antônio Rossi, diretor da Mega Brasil Comunicação.