Ideias verdes
Prêmio Responsabilidade Socioambiental homenageia iniciativas que contribuem para preservação do meio ambiente
Gisele Machado | gisele@saopaulo.sp.leg.br
A sabedoria acumulada por um grupo indígena do Xingu (MT) ensinou que, quando a população aumenta muito, é hora de criar outra aldeia pra abrigar parte dos integrantes. Assim, eles evitam chegar ao ponto em que estão São Paulo e outros grandes centros, que sofrem com a intensa poluição. “É um despropósito que uma cidade cortada por dois rios não possa usar um litro dessa água para beber”, lamenta Washington Novaes, jornalista e há mais de 30 anos documentarista ambiental dedicado, principalmente, à causa indígena.
“Os índios que moram na cidade de São Paulo têm modos de vida igual ao dos brancos, mas muitas coisas a nos ensinar”, acredita Novaes . Em junho, ao lado da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e do programa Repórter Eco, da TV Cultura, ele recebeu o Prêmio Responsabilidade Socioambiental, criado pela Resolução nº 2 de 2011 da Câmara Municipal de São Paulo (CMSP). Os eleitos são escolhidos por uma comissão com membros do Legislativo, Executivo, da imprensa, da área acadêmica e da sociedade civil organizada.
Atualmente semanal, o Repórter Eco surgiu em 1992 para fazer a cobertura diária da Eco-92, Conferência Mundial das Nações Unidas sobre meio ambiente realizada no Rio de Janeiro. Suas reportagens e análises falam sobre qualidade de vida e meio ambiente ao abordar temas como o localismo, que pressupõe concentrar as atividades diárias ao redor de onde se vive, com ganhos ambientais e de qualidade de vida. De acordo com o movimento localista, “o morador terá como opção deixar o carro na garagem, e o resultado é economia de tempo e dinheiro, além de reduzir a poluição”, diz a editora-chefe do programa, Vera Diegoli.
Outra solução para melhorar a vida nas grandes cidades, as hortas urbanas comunitárias também já foram tema do Repórter Eco. Em uma das edições, os jornalistas mostram que grupos organizados em alguns bairros de São Paulo já começam a aproveitar os espaços públicos ociosos para plantar alimentos orgânicos, livres de agrotóxicos. “Diante do caos urbano, pessoas sensíveis e exigentes procuram reproduzir o antigo costume de seus antepassados, imigrantes italianos ou portugueses, que aqui se estabeleceram e trouxeram o hábito de cultivar hortaliças no quintal ou em algum pequeno espaço de casa”, explica Diegoli.
Com a autorização da Prefeitura, o grupo Hortelões Urbanos, assunto de outra edição do Repórter Eco, transforma terrenos baldios abandonados em solo descontaminado e fértil para o plantio de verduras e legumes, sem o uso de agrotóxicos. A colheita é, depois, compartilhada entre os vizinhos. “Além do resgate desse hábito saudável, o movimento acaba por incentivar o cuidado e o carinho dos moradores para com a cidade que os acolhe”, comenta a editora-chefe.
A Cetesb, terceira premiada pela CMSP, é a agência do governo do Estado responsável pelo controle, fiscalização, monitoramento e licenciamento de atividades geradoras de poluição, com o objetivo de preservar e recuperar a qualidade das águas, do ar e do solo. Segundo seu presidente, o engenheiro Otávio Okano, os veículos automotores são a principal fonte de emissão de poluentes atmosféricos na cidade. Por isso, além do controle já exercido pelo governo, ele acredita ser fundamental uma mudança na cultura dos paulistanos.
Para Okano, a melhora do ar exige priorização do transporte coletivo, da bicicleta, da caminhada e de outros meios de transporte menos poluentes. “Acrescente-se que a população ainda pode adotar algumas medidas simples, como manter seu veículo regulado, evitar trafegar em horário de pico e oferecer carona ao vizinho”, sugere.
Entrevista
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SAIBA MAIS
Sites
Cetesb. http://www.cetesb.sp.gov.br
Repórter Eco. http://tvcultura.com.br/programas/reportereco