Nº03 – Falecimento

O adeus de Colasuonno

Ex-vereador viveu épocas conturbadas da política de SP

Sândor Vasconcelos | sandorvasconcelos@saopaulo.sp.leg.br

Líder: Miguel Colasuonno (em foto de 1994) morreu aos 74 anos

Arquivo CCI.1/CMSP

No dia 4 de outubro, faleceu aos 74 anos Miguel Colasuonno, que ocupou cargos de alto escalão na política nacional. Ele foi prefeito da capital paulista e vereador na Câmara Municipal de São Paulo (CMSP) em duas legislaturas. Na Casa, foi presidente por dois anos. A causa da morte foi infecção generalizada decorrente de leucemia aguda.

Colasuonno comandou a Prefeitura paulistana entre 1973 e 1975, durante a ditadura militar. Como prefeito biônico, foi eleito pela Assembleia Legislativa e inaugurou, em 14 de setembro de 1974, a operação comercial do Metrô de São Paulo, que na época se resumia ao trecho Jabaquara-Vila Mariana (linha 1 azul). Na CMSP, atuou em duas legislaturas, de 1993 a 2000, e foi presidente em 1994 e 1995.

Além da participação na política da capital, Colasuonno ocupou cargos de destaque nacional. Começou a carreira em 1971, aos 31 anos, como secretário de Planejamento do Estado de São Paulo, no governo de Laudo Natel. Depois se tornou assessor econômico da Presidência da República na gestão do general Ernesto Geisel (1976-1979) e presidiu a Empresa Brasileira de Turismo (Embratur) de 1979 a 1985, no governo do general João Figueiredo. Desde 2008, era presidente do conselho de administração da Eletrobras Eletronuclear.

História na Câmara

Retratado: Quadro de Colasuonno na galeria dos ex-presidentes da CMSP

Arquivo CCI.1/CMSP

Miguel Colasuonno foi eleito vereador de São Paulo pela primeira vez em 1992, com 33.042 votos, pelo Partido Democrático Social (PDS). Quatro anos depois, foi reeleito pelo Partido Progressista Brasileiro (PPB), com 63.585 votos. Sua última agremiação política como parlamentar da CMSP foi o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).

O ex-vereador integrava o grupo político conhecido como “os notáveis” e era uma das principais lideranças na CMSP dos governos dos prefeitos Paulo Maluf (1993-1996) e Celso Pitta (1997-2000). Esteve na linha de frente em debates sobre questões espinhosas, como a definição do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), em 1998, e a revisão do Plano Diretor Estratégico, em 1997.

Nos oito anos na Câmara paulistana, Colasuonno viveu um dos períodos mais conturbados da história política da cidade, quando vereadores foram acusados e cassados por participação na chamada Máfia dos Fiscais, na gestão de Celso Pitta. O próprio prefeito, que também era do PPB, chegou a ser afastado temporariamente do cargo pela Justiça.

Em relação à atuação parlamentar, o ex-vereador fez parte da comissão que deu a São Paulo o título de Capital Mundial da Gastronomia e criou o troféu de mesmo nome, para premiar os melhores trabalhos jornalísticos sobre a gastronomia paulistana.

Um projeto de Colasuonno tornou-se a lei 12.153/1996, que prevê aviso prévio à Companhia de Engenharia de Tráfego do Município de São Paulo (CET) sobre manifestações públicas que prejudiquem a livre circulação de veículos na Avenida Paulista. O ex-vereador também é responsável pela denominação do Complexo Viário Maria Maluf, no Bairro Ipiranga.

Aliados: Colasuonno e o casal Sylvia e Paulo Maluf, no Plenário do Palácio Anchieta

CCI.1/CMSP

Entre as propostas curiosas, Colasuonno idealizou a lei 12.392/1997, que incluiu o idioma italiano como matéria facultativa no currículo das escolas da rede municipal de ensino de São Paulo. O ex-vereador também fazia parte da comissão que criou o Dia da Cerveja (21 de dezembro) e o Dia do Vinho (21 de junho).

Em seus dois mandatos, Colasuonno também comandou a Comissão de Finanças e Orçamento. Ainda foi membro das comissões de Política Urbana, Metropolitana e Meio Ambiente; de Educação, Cultura e Esportes; de Trânsito, Transporte e Atividade Econômica; de Finanças e Orçamento e da Comissão Permanente de Apoio ao Desenvolvimento do Turismo, do Lazer e da Gastronomia.

Família

Miguel Colasuonno nasceu em 2 de fevereiro de 1939, em São Paulo. Era filho de José Colasuonno e Vincenza Orlandi Colasuonno. Iniciou os estudos no Colégio Dante Alighieri, onde também fez curso técnico de Contabilidade.

Em 1962, bacharelou-se em Ciências Econômicas pela Faculdade de Economia e Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP). Era pós-graduado em Economia na USP e especializado em Comércio Internacional e Câmbio. Obteve o título de professor Ph.D. pela Universidade Vanderbilt, de Nashville, no Tennessee (EUA).

Colasuonno era casado com Marlene Cintra Colasuonno, com quem teve os filhos Maria Cristina, José, Eduardo e as gêmeas Maria Fernanda e Maria Claudia.