Projetos simbólicos, intenções verdadeiras
Vereadores jovens apresentam suas propostas para a cidade
Rodrigo Garcia | rodrigogarcia@saopaulo.sp.leg.br
Arquivo CCI.1/CMSP
Alice Ye Eun Chug, filha de sul-coreanos, tem 12 anos e estuda no Bom Retiro. No caminho para a escola, ela vê muitos retalhos de tecidos jogados na rua como se fosse lixo. A estudante, então, teve uma ideia: a Prefeitura poderia organizar o recolhimento desse material, para que fosse reciclado. A proposta foi aprovada por seus professores e encaminhado à Câmara Municipal de São Paulo (CMSP), onde se tornou um dos 55 projetos que fizeram parte do Parlamento Jovem deste ano. “Para o cidadão, é melhor andar por uma rua limpa do que uma suja”, justificou Alice. Em 8 de novembro, ela defendeu o projeto na tribuna do Plenário 1º de Maio, no Palácio Anchieta, sede da CMSP.
O vereador jovem André Hardt Cardoso, de 13 anos, propôs que em todas as escolas públicas municipais houvesse uma horta. “Aluno que come bem, estuda bem”, afirmou o garoto de 13 anos, que garante gostar de verdura.
Ricardo Rocha/CMSP
Heitor Chaves Teodoro, de 10 anos, apresentou proposta para que a sobra de madeira nas obras de construção seja enviada para os presídios, onde seria transformada em móveis pelos detentos. “Assim, quando o preso voltar para a rua não precisará mais roubar, já que terá uma profissão”, afirmou, com convicção.
Esses são apenas três dos 55 projetos aprovados na 12ª edição do Parlamento Jovem Paulistano, uma iniciativa da CMSP para oferecer aos estudantes do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental municipal uma lição de cidadania e democracia, com o exercício, por um dia, das funções e dos trabalhos do Poder Legislativo.
Os projetos enviados pelas escolas foram escolhidos por uma comissão de vereadores, seguindo os critérios de respeito ao formato de projeto de lei, pertinência em relação ao tema do partido, correção gramatical, concisão e clareza, originalidade e exequibilidade.
Para o presidente da Câmara Municipal, José Américo (PT), o Parlamento Jovem é um sucesso. “Pela quantidade de garotas e garotos aqui presentes, vemos que a ideia pegou”, observou durante a Sessão Solene de abertura dos trabalhos.
O ex-vereador José Rogério Farhat, autor da proposta de criação do Parlamento Jovem Paulistano, também participou da cerimônia. “Espero que vocês continuem na política, pois um dia vão comandar este País”, afirmou aos jovens.
Futuro dos projetos
Todos os projetos dos vereadores jovens foram aprovados, mas apenas de forma simbólica, já que não vão se tornar leis. Essa questão foi mencionada por Laura Franciscato dos Santos em seu discurso como candidata à Presidência da Mesa Diretora. “Espero que os projetos sejam postos em prática e virem leis,” declarou ela, que acabou sendo eleita presidenta pelos colegas.
Para que as propostas de Laura e dos outros jovens vereadores tornem-se realidade, é necessário que algum vereador apresente os projetos, que a maioria dos parlamentares aprovem e que o prefeito sancione.
Já houve casos de vereadores que aproveitaram propostas sugeridas no Parlamento Jovem e as encamparam, sempre citando de quem foi a ideia original. Laércio Benko (PHS), Aurélio Nomura (PSDB) e Coronel Camilo (PSD), por exemplo, já apresentaram projetos baseados em sugestão dos vereadores jovens do ano passado. Uma das propostas utilizadas por Benko, que institui o programa de permeabilização do solo paulistano, chama a atenção por ter sido apresentada no Parlamento Jovem de 2012 por seu filho Laércio Benko Lopes Filho.
Independentemente de o projeto virar lei, os professores acham excelente a realização do Parlamento Jovem Paulistano. “Os jovens se sentem ouvidos”, comentou Thiago Braz, que leciona sociologia para alguns dos parlamentares mirins. O professor de português Luís Alberto Camargo acha que é muito importante os estudantes passarem um dia ouvindo e conversando com os outros vereadores jovens. “É um aprendizado da consciência política”, resumiu.
Mais informações sobre o Parlamento Jovem podem ser obtidas com a Equipe de Eventos da Câmara, pelo e-mail eventos@saopaulo.sp.leg.br ou pelo telefone (11) 3396-4170. No portal www.saopaulo.sp.leg.br, em Prêmios Institucionais, também é possível encontrar mais detalhes, como cronograma de atividades, fichas de inscrição e as normas para envio dos trabalhos.