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Cidade de São Paulo derruba 22 árvores por hora, aponta estudo

Por: JOTA ABREU
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27 de abril de 2020 - 15:35

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Um estudo divulgado nesta segunda-feira (27/4) apontou que 1,2 milhão de árvores foram derrubadas na cidade de São Paulo nos últimos seis anos, o que corresponde a 22 árvores  por hora. O total de áreas devastadas pelo desmatamento é estimado de 7,2 milhões de metros quadrados.

Os dados constam na 2ª edição do documento “A Devastação da Mata Atlântica no Município de São Paulo”, lançado pelo mandato do vereador Gilberto Natalini (PV) em uma transmissão ao vivo pelas redes sociais. Segundo o levantamento, entre agosto de 2019 quando foi lançada a primeira edição e o mês de abril deste ano, a quantidade de áreas desmatadas subiu de 90 para 160.

Loteamentos irregulares

De acordo com o que foi apurado pelo vereador, a maior parte destas áreas têm sido invadidas por organizações criminosas que derrubam a vegetação, comercializam de forma ilegal a madeira, e cercam o espaço para lotear. Segundo Natalini, são abertas ruas com instalação de guias e sarjetas, e em seguida, os lotes são vendidos irregularmente.

As informações foram obtidas, inclusive, com visitas nos diversos locais. De acordo com o material, os lotes clandestinos têm media de 150m² cada. No período, 48 mil lotes foram vendidos ilegalmente, com valor médio de R$ 40 mil, gerando um faturamento de quase R$ 2 bilhões para os criminosos.

O dossiê também aponta que existe risco de que outras 1,5 milhão de árvores e 8,5 milhões de m² de área sejam alvo. Um mapa aponta que em todas as regiões da cidade existem terrenos invadidos, mas que a maior parte deles está concentrada no extremo da zona Sul, em bairros como M’Boi Mirim, Grajaú e Parelheiros, nas proximidades das represas de Guarapiranga e Billings. Segundo Natalini, é preocupante para o abastecimento de água do município, já que o desmatamento compromete a qualidade dos mananciais que servem à capital e cidades da Região Metropolitana de São Paulo.

Impacto no clima e descarte de entulho

Outro ponto abordado pelo vereador é a influência climática da derrubada de árvores nas áreas periféricas. “Em dias de calor, o distrito de Parelheiros chega a ter até 10° a menos do que outras áreas centrais da cidade, justamente por serem regiões mais arborizadas. Isso demonstra a importância das árvores na cidade,” disse.

Na zona Leste, um exemplo apontado por Natalini é do Parque Municipal Guabirobeira, que foi invadido por uma organização criminosa. Segundo o parlamentar, caminhões de entulho descarregam o material no local por R$ 500. Depois de saturar o espaço, os invasores fazem um aterramento, loteiam e vendem.

Destruição vista do alto e CPI

O dossiê ainda apresenta fotografias de satélite mostrando o “antes” e o “depois” da destruição da Mata Atlântica, além de imagens de drone e fotos obtidas nos próprios locais. O documento traz depoimentos de 52 testemunhas sigilosas – homens e mulheres, a maioria moradora das regiões devastadas no extremo da Zona Sul. Juntas, essas pessoas citaram, direta ou indiretamente, 75 suspeitos de cometer crimes ambientais e outras ilegalidades, como crimes de corrupção.

O material sigiloso foi encaminhado ao Ministério Público que pode conduzir as investigações que se fizerem necessárias. Natalini também pediu a instalação de uma CPI para investigar o assunto.

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