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Coronavírus: Pessoas com deficiência precisam de atenção especial durante a pandemia

Por: DANIEL MONTEIRO
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14 de maio de 2020 - 12:11

As restrições impostas pelas regras de isolamento social têm afetado o cotidiano de todas as pessoas. Atividades corriqueiras, como simplesmente sair de casa ou fazer compras, por exemplo, se tornaram mais trabalhosas, devido aos novos hábitos de limpeza e higiene exigidos para combater a pandemia do novo coronavírus (causador da Covid-19).

As consequências dessas mudanças são mais acentuadas nas pessoas com deficiência, que já têm dificuldade no acesso a direitos básicos, como locomoção e saúde. Precisar de ajuda de terceiros nos afazeres rotineiros, em um cenário de pandemia e isolamento social, pode se tornar um enorme problema.

Outra consequência para essa população, que no Brasil soma 46 milhões de pessoas (24% do país), é a possibilidade da interrupção de tratamentos importantes e de serviços de assistência essenciais oferecidos a eles.

Os riscos enfrentados pelas pessoas com deficiência durante a pandemia são tão grandes que motivaram a ONU (Organização das Nações Unidas) a lançar um apelo mundial para que elas sejam incluídas nas ações de recuperação e resposta à crise.

Segundo o secretário-geral da organização, António Guterres, mesmo em circunstâncias normais, é menos provável que as pessoas com deficiência tenham acesso a oportunidades de educação, saúde e renda ou participem de suas comunidades. E, devido às desigualdades que já enfrentam, elas estão entre as mais atingidas pela pandemia.

No apelo, o secretário-geral da ONU ressaltou que as pessoas com deficiência sofrem com a falta de informações acessíveis sobre saúde pública e lutam contra barreiras significativas para implementar medidas básicas de higiene, assim como falta de acesso a instalações de saúde.

Guterres destacou, ainda, que as pessoas com deficiência também são mais propensas a viver na pobreza e a sofrer taxas mais altas de violência, negligência e abuso, reforçando que a pandemia está intensificando essas desigualdades e produzindo novas ameaças.

Diante do risco enfrentado por essa população, diferentes órgãos e instituições lançaram iniciativas e documentos voltados aos cuidados da pessoa com deficiência durante a pandemia.

Orientações gerais

Um dos materiais disponíveis para consulta é a cartilha desenvolvida pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, voltada às pessoas com deficiência e doenças rara e disponibilizada gratuitamente para o público.

O material é um guia com textos informativos e vídeos em libras com dicas básicas sobre o novo coronavírus, cuidados a serem tomados, prevenção, possíveis meios de contaminação, remédios e tratamentos.

O documento também visa orientar e informar contra estigmas e preconceitos. Um dos pontos destacados pela cartilha, por exemplo, é o de que ser uma pessoa com deficiência não significa ter maior vulnerabilidade ao vírus.

Outro ponto importante do material são as orientações voltadas às pessoas que trabalham como cuidadores; atendentes pessoais e as equipes de home care.

Cuidados com crianças

Outro documento voltado a essa parcela da população é a cartilha “Minimizando o efeito do isolamento social de crianças com deficiências motoras: como estimular seu filho na participação das atividades diárias”.

Produzido por estudantes e docentes dos departamentos de Fisioterapia e de Terapia Ocupacional da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) e da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP (Universidade de São Paulo), o documento está disponível gratuitamente para consulta e utilização.

O material traz propostas de atividades com o objetivo de ajudar a integrar crianças e adolescentes com deficiências ao dia a dia de seus lares. As atividades envolvem a participação no preparo da alimentação, na organização do quarto, no autocuidado, na escolha de vestuário, etc. Além disso, o documento tem sugestões de brincadeiras para incentivar a mobilidade e trabalhar a postura corporal.

Serviços públicos

No município de São Paulo, a Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência, busca divulgar e orientar as pessoas com deficiência sobre serviços que continuam funcionando na cidade e medidas de prevenção que devem ser tomadas contra o novo coronavírus.

Abaixo, a lista de serviços municipais voltados às pessoas com deficiência que continuam funcionando durante a quarentena:

Centro de intermediação em Libras

Por meio do aplicativo, website e postos de atendimento, pessoas com deficiência auditiva e surdos podem contatar ou utilizar os serviços públicos municipais da cidade com acesso à Central de Intermediação em Libras em qualquer horário.

Mais informações estão disponíveis neste site.

Atende+

O Serviço de Atendimento Especial é uma modalidade de transporte gratuita, porta a porta, oferecido pela Prefeitura de São Paulo, destinado às pessoas com autismo, surdocegueira ou deficiência física severa.

O atendimento é prestado a clientes cadastrados, com uma programação pré-agendada de viagens e está disponível de segunda a domingo (exceto feriado), das 7h às 20h.

Mais informações podem ser obtidas pela Central de Atendimento 156 da Prefeitura ou neste site.

Renovação automática do Bilhete único especial PCD

Todos os cartões de Bilhete Único Especial PCD (Pessoa Com Deficiência) com data de validade a partir de 23 de março serão revalidados automaticamente por até 90 dias para evitar o comparecimento presencial nos postos das SPTrans.

Bilhetes permanentes já são renovados automaticamente. Mais informações aqui.

Centros especializados de reabilitação

Com o objetivo de reduzir os casos de coronavírus e preservar a saúde dos pacientes e pessoas com deficiência que fazem parte do grupo de risco, os profissionais de saúde receberam as seguintes orientações:

-Ficam suspensos temporariamente as atividades coletivas, atendimentos individuais e visitas do APD (Acompanhante da Pessoa com Deficiência) que puderem ser adiadas;

– A equipe profissional dos Centros Especializados em Reabilitação entrará em contato telefônico para orientações e acompanhamento de seus pacientes;

– Novos pacientes com consulta agendada também receberão ligação de profissionais com orientações;

– Os atendimentos necessários terão equipe utilizando EPI (Equipamento de Proteção Individual);

– Todos os equipamentos usados como tablados, brinquedos e outros materiais serão devidamente higienizados com álcool 70% a cada troca de paciente;

– O agendamento automático da fila está suspenso. As consultas e tratamentos serão retomados assim que possível.

Campanha de vacinação contra H1N1

Desde o dia 23 de março, já estão sendo imunizadas todas as pessoas com idade a partir dos 60 anos, incluindo as pessoas com deficiência com mais de 60.

Fontes: Prefeitura Municipal de São Paulo, Universidade Federal de São Carlos, Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos e Organização das Nações Unidas

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