Em prol da Cinemateca Brasileira, a cultura nacional foi o tema central da Audiência Pública virtual da Câmara Municipal de São Paulo nesta quinta-feira (18/6). A reunião foi promovida pela Comissão de Educação, Cultura e Esportes, presidida pelo vereador Eliseu Gabriel (PSB).
O foco do debate foi sobre a atual crise econômica da instituição, que passa por dificuldades financeiras. A Cinemateca está instalada na capital paulista, em uma estrutura da Prefeitura de São Paulo, porém todo o acervo e os recursos de manutenção são de responsabilidade do governo federal.
Além de vereadores, a audiência contou com a participação do secretário municipal de Cultura, Hugo Possolo, de representantes de entidades cinematográficas e do diretor-geral da Acerp (Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto), que administra a Cinemateca Brasileira, Francisco Câmpera.
O que é a Cinemateca Brasileira
Criada em 1940, a Cinemateca Brasileira tem o maior acervo da América do Sul, com aproximadamente 250 mil rolos de filmes. A instituição preserva mais de um milhão de documentos audiovisuais, como roteiros, fotografias, cartazes, recortes de imprensa, livros e desenhos.
Vereadores membros da Comissão
Para o presidente da Comissão, vereador Eliseu Gabriel, a discussão do assunto é importante para que todos possam contribuir com o futuro da instituição. O parlamentar também considera relevante mobilizar a sociedade e divulgar o patrimônio cultural do país que está à disposição na Cinemateca.
“Tem que manter o diálogo com o governo federal na tentativa de resolver esses impasses. Outro campo de ação, são as questões jurídicas”, disse Eliseu, que falou ainda. “É fundamental uma mobilização da sociedade em torno da importância da Cinemateca”.
Integrante da Comissão, o vereador Xexéu Tripoli (PSDB) também demonstrou intenção em buscar soluções locais para o problema. Para o parlamentar, o acervo da Cinemateca conta a história do povo brasileiro e deve ser preservado.
“Eu vou destinar até um R$ 1 milhão da minha emenda parlamentar”, falou Xexéu, que completou. “Peço aqui, para os deputados e aos nobres vereadores, que deem suas emendas parlamentares. Essa é uma forma efetiva de não esperar que os outros façam”.
Também membro da Comissão, o vereador Eduardo Suplicy (PT) acompanhou os depoimentos e cumprimentou todos os participantes pelo esforço em favor da Cinemateca Brasileira. “Coloco-me à disposição para ajudar. É uma causa que vale muito a pena por todos os elementos relatados”.
Outros parlamentares participantes
O vereador Celso Giannazi (PSOL) também destacou a riqueza cultural da instituição. Segundo o parlamentar, o local é fonte de estudo para pesquisadores do Brasil e do exterior. Para Giannazi, a responsabilidade da Cinemateca é do governo federal, mas o município precisa intervir.
“Com a ajuda dos vereadores da Casa, a gente pode votar rapidamente um Projeto de Lei dando condições para que a Prefeitura de São Paulo interceda, celebre um contrato com a Cinemateca Brasileira e disponibilize recursos”, sugeriu Giannazi.
O requerimento para a realização da Audiência Pública foi apresentado pelo vereador Gilberto Natalini (PV). O parlamentar explicou que a Cinemateca está em débito com a concessionária responsável pela distribuição de energia elétrica na capital paulista. Segundo ele, foi feito um pedido para a empresa prorrogar a data de pagamento e não interromper o serviço.
“Se cortar a luz, para a refrigeração dos filmes e mata o acervo. A dívida não é pequena, chega agora no final do mês a R$ 500 mil. Eles entraram em um acordo e deram um prazo maior”, disse Natalini.
Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto
A Acerp, gestora da Cinemateca Brasileira, foi representada na Audiência Pública pelo diretor-geral da Associação, Francisco Câmpera. Ele disse que nos últimos dias, as conversas com representantes do Ministério do Turismo têm evoluído para um desfecho. “Eu coloquei a situação, que para resolver isso de forma rápida, é pagar os atrasados. A gente tem que pagar os salários atrasados, os fornecedores, as contas de luz. É indiscutível”.
Entidades
Participaram da reunião pessoas ligadas a entidades cinematográficas. Representando a Apaci (Associação Paulista de Cineastas), estiveram Roberto Gervitz e o vice-presidente da Associação, Francisco Martins.
Ambos destacaram a importância da Cinemateca Brasileira para a cultura nacional. Para Martins, a instituição tem valores históricos. “Os rolos de filme guardam a nossa memória, a nossa história, a nossa imagem e também o nosso imaginário. Em suma, a nossa própria identidade enquanto povo e nação, está guardada na Cinemateca Brasileira”.
Dora Mourão, doutora em cinema e professora da USP (Universidade de São Paulo), representou a SAC (Sociedade Amigos da Cinemateca). “A SAC está à disposição da Cinemateca para retomar de uma maneira mais presente e cotidiana, esse apoio à Cinemateca independentemente do fato de ela estar sendo gerida pela Acerp”.
A diretora-presidente da empresa de cinema e audiovisual Spcine, Laís Bodanzky, também se colocou à disposição para recuperar a Cinemateca. “É muito grave o que está acontecendo. A gente entende também a importância do diálogo com o Ministério do Turismo. A gente pode auxiliar nessa interlocução. Quero me colocar à disposição”.
Secretaria Municipal da Cultura
O secretário municipal da Cultura, Hugo Possolo, disse que o governo municipal tem acompanhado os problemas relacionados à Cinemateca Brasileira e trabalhado para buscar soluções.
“Acho importante essa sinalização (do governo federal), amanhã (19/6), para compreender que passos podemos dar, para que a gente possa ter confiança em construir algum tipo de suporte que não seja só arranjos, puxadinhos. Precisamos de uma solução concreta, efetiva e definitiva para a Cinemateca”.
Também participaram representantes de outras entidades cinematográficas e o deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL). Clique aqui e assista na íntegra ao debate da Audiência Pública sobre a Cinemateca Brasileira.