O coordenador da CCD (Coordenadoria de Controle de Doenças) da Secretaria Estadual da Saúde, Paulo Rossi Menezes, disse que no primeiro semestre do ano que vem o Estado de São Paulo deve ter uma proporção muito significativa da população já imunizada contra a Covid-19. A declaração foi durante Audiência Pública semipresencial da CCJ (Comissão de Constituição, Justiça e Legislação Participativa) da Câmara, realizada nesta quinta-feira (24/9).
O encontro foi convocado depois da aprovação de um requerimento de autoria da vereadora Sandra Tadeu (DEM), que presidiu a audiência. Paulo Rossi Menezes explicou que, atualmente, duas vacinas estão sendo testadas em São Paulo: a Coronavac, uma parceria da empresa chinesa Sinovac com o Instituto Butantan, e a imunização da Universidade de Oxford e da empresa AstraZeneca, testada no Hospital São Paulo.
Segundo ele, a fábrica do Butantan já está se preparando para produzir a vacina e que, com atual fase 3 de estudo da Coronavac, é possível que em novembro já haja evidência de quanto de proteção a vacina alcança. Ele ainda afirmou que deve ser provável a priorização de vacinação de profissionais de saúde e de segurança, e em seguida, as pessoas com 60 anos ou mais.
Menezes ainda afirmou que o Estado saltou de 3,5 mil leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para 8,3 mil com respiradores. “A meu ver, o trabalho permitiu de forma muito bem sucedida, que não tivéssemos em nenhuma região do Estado, especialmente no município de São Paulo que foi epicentro, aquelas cenas que vimos em outras partes do mundo”, ressaltou.
Ele ainda destacou uma alta taxa de testagem de casos leves e o atual estágio de declínio das contaminações e mortes. Segundo o coordenador da CCD, um estudo da faculdade de medicina da USP (Universidade de São Paulo) os óbitos em excesso (mortes além da média registrada nos últimos anos) em São Paulo ficou abaixo de outras localidades. Segundo a comparação, cidades como Manaus e Nova York tiveram um número 150% maior, enquanto que em São Paulo, o número foi de 35% a mais.
Paulo Menezes ainda disse que existe preparação para uma fase maior de atividade econômica e de mobilidade, mas com controle e vigilância epidemiológica intensos para evitar novos aumentos. E que existe preocupação com sequelas nos curados, com portadores de doenças crônicas e outros atendimentos que foram suspensos temporariamente, e com a saúde mental da população.
A vereadora Sandra Tadeu (DEM) atentou para a falta de protocolo único de conduta para o uso de remédios paliativos, com conflito entre opinião sobre as medicações mais adequadas para amenizar os efeitos da doença. “Saúde pública é uma questão de segurança nacional. Não pode brincar com esse assunto”, disse a vereadora.
O Ministério da Saúde também foi convidado a participar da Audiência Pública, mas não enviou representante. O poder Executivo municipal veio representado por Luiz Carlos Zamarco, secretário-executivo de Atenção Hospitalar da Secretaria Municipal de Saúde. Ele informou que a cidade entrou em atenção desde os primeiros comunicados internacionais, e passou a monitorar de perto os pacientes que apresentavam os primeiros sintomas, desde a rede básica. Quem não apresentava evolução, já era levado para os hospitais de campanha, para acompanhamento próximo, o que impediu a evolução de muitos para a forma grave da doença. “Várias dessas pessoas saíram dos hospitais de campanha, direto com alta para casa, o que permitiu a consolidação da integração da rede. Houve um trabalho importante conjunto das unidades básicas, UPAs e hospitais”, declarou.
Sobre o retorno das aulas, como a Prefeitura afirma que aguarda orientação da Secretaria da Saúde, Zamarco disse que está em andamento o processo para realização do inquérito sorológico com testagem em massa de professores, profissionais de educação e alunos, para verificar como está o comportamento do vírus nessa população, para definir o retorno. “A Prefeitura quer ter um estudo preparado antes do dia 9 de outubro, que é a previsão do governo do Estado de retorno às aulas, para poder ser apresentado à comunidade escolar”, afirmou.
Além de Zamarco, também participaram pela Secretaria Municipal de Saúde os coordenadores de Atenção Básica, Felipe Tadeu Carvalho Santos e Lucia Helena de Azevedo.