Nesta quarta-feira (26/8), a Comissão de Finanças e Orçamento realizou Audiência Pública com a presença de vários representantes do setor de eventos corporativos, feiras de negócios e buffets infantis e sociais, que querem planejar o retorno de suas atividades e cobram uma previsão do Executivo para que a retomada do setor seja autorizada.
De acordo com as entidades presentes, ainda que as feiras, congressos e eventos de negócios tenham a autorização este ano, o retorno de forma efetiva só ocorrerá em 2021, já que é preciso um planejamento mínimo de três meses. Os representantes também asseguram que criaram protocolos rígidos, que podem controlar o acesso e organizar o fluxo de pessoas para evitar o contágio da Covid-19, mas ainda não tiveram respostas da Prefeitura de São Paulo.
Diretor-geral do São Paulo Expo, Daniel Galante cobrou um posicionamento do Executivo. Segundo ele, as atividades do setor são mais seguras que shoppings centers, espaços que já foram liberados. “A gente tem o pré-cadastro de todo mundo, sabe quem entrou e quem saiu, e não apenas o controle da temperatura das pessoas que passam. Temos como direcionar o fluxo, questões de ar-condicionado e segurança”, argumentou Galante.
Para o diretor executivo da Abrace (Associação Brasileira de Cenografia e Stands), Paulo Passos, a falta de respaldo do Executivo prejudica a manutenção dos empregos e a sobrevivência das empresas. “São centenas de empresas que, de um dia para o outro, viram ruir anos de trabalho. Muitas delas não conseguirão mais reabrir. São mais de 160 mil famílias no município de São Paulo que estão paradas, sem poder trabalhar”, declarou Passos.
Diretor de buffet da Adibra (Associação das Empresas de Parques de Diversões no Brasil), Marcelo Golfieri, também questionou por que o governo liberou a operação de bares e restaurantes com capacidade reduzida, mas não autorizou os buffets. “Os buffets, principalmente infantis, são negócios pequenos, muitas vezes tocados por famílias. Não sei como conseguiram suportar esses cinco meses”, relatou.
Celso de Albuquerque é técnico de iluminação e trabalha na montagem de feiras. Para ele, as entidades fizeram um bom trabalho na criação de protocolos para a realização dos eventos, mas não houve debate sobre a responsabilização caso as pessoas se contaminem nesses espaços. “O que vai acontecer com esse trabalhador que se contaminar? Qual assistência será dada? Quem irá se responsabilizar: o Estado, o contratante, ou o próprio trabalhador?”, questionou Albuquerque.
Autorização dos protocolos
Presente à audiência, o secretário municipal de Turismo, Miguel Giacomini, explicou que a Prefeitura tem que seguir as determinações do Plano São Paulo, do governo Estadual, que estabelece as estratégias para a retomada das atividades econômicas, mas que a pasta acredita que eventos de pequeno porte, com entrada controlada, podem ser autorizados. “Há eventos que, tomados todos os cuidados, podem retornar paulatinamente, mas essa decisão é da Saúde e não nossa”, explicou Giacomini.
Representante da Covisa (Coordenadoria de Vigilância em Saúde), Bruna Matsumota integra a comissão que analisa os protocolos para a retomada das atividades. Segundo ela, os protocolos são examinados com base nos parâmetros do Plano São Paulo. Após análise, um parecer é encaminhado à Casa Civil, que é órgão que decide pela liberação ou não. Ainda de acordo com Bruna, os protocolos das associações e entidades de feiras e eventos já foram analisados pela Covisa.
Na avaliação da vereadora Soninha Francine (CIDADANIA), não saber quando ocorrerá a abertura gera apreensão do setor, o que exige do Executivo uma resposta sobre os motivos para não autorizar essas atividades. “Eu concordo quando dizem que as feiras ou congressos oferecem a possibilidade de um acesso muito controlado, com inscrições prévias, orientações antecipadas e in loco”, declarou Soninha, enfatizando que a reabertura vai demandar custos extras para as operações durante a pandemia.
O vereador Rodrigo Goulart (PSD) disse que os parlamentares irão buscar uma posição do Executivo sobre a previsão de retorno. “Definir uma data é o mais importante para dar a previsibilidade que todos os setores exigem, com todos os critérios técnicos”.
Também estiveram presentes os vereadores Adriana Ramalho (PSDB), Isac Félix (PL) e Ricardo Teixeira (DEM).