Abertura da vala clandestina de Perus completa 20 anos

RenattodSousa
Vala de Perus
Para vereador Ítalo Cardoso, proponente da sessão, arquivos da ditadura ainda precisam ser abertos

 

Há 20 anos, em 4 de setembro de 1990, foi aberta a vala de Perus, onde foram encontradas 1.049 ossadas de presos políticos, indigentes e vítimas do esquadrão da morte. Localizada no cemitério Dom Bosco, construído em 1971, o local recebia cadáveres de pessoas não identificadas. De acordo com registros do próprio cemitério, seis presos políticos deveriam estar enterrado na vala: Denis Antonio Casemiro, Dimas Casemiro, Flávio Carvalho Molina, Francisco José de Oliveira, Frederico Eduardo Mayr e Grenaldo de Jesus de Silva.

As ossadas, exumadas em 1975, foram amontoadas no velório do cemitério. Em 1976, foram enterradas numa vala clandestina. Para não deixar cair no esquecimento a identificação destas pessoas e lembrar um triste período da história do País a Câmara Municipal realizou, nesta segunda-feira (30/08), uma sessão solene alusiva aos 20 anos da abertura da vala clandestina. 

“Nós familiares denunciávamos na época que havia ao menos seis ossadas de presos políticos da ditadura militar. Tivemos a o apoio incondicional da prefeita de São Paulo da época, Luiza Erundina, e posteriormente fizemos investigações na região do Araguaia, onde ali conseguimos encontrar ossadas de Maria Lúcia Petit e Francisco Manoel Chaves”, recordou Maria de Almeida Teles, da comissão de familiares dos desaparecidos. 

DNA

“No início dos anos 90 não havia exame de DNA, hoje o processo é bem fácil para identificação. Foi o caso de Fábio Molina, identificado em 2005, através do exame, 15 anos depois da abertura”, continua. 

Maria de Almeida ressalta ainda que existem outras valas clandestinas no Brasil e que muitas famílias continuam na busca por informações. “Hoje, nos ainda buscamos os restos mortais de vários companheiros que estão na vala ou em outras sepulturas. Há ainda outras valas clandestinas: na Vila Formosa, em São Paulo; em Recife e no Rio de Janeiro”, aponta. 

Durante a solenidade foi exibido o documetário “Vala Comum”, do cineasta João Godoy. O presidente da solenidade, vereador Ítalo Cardoso (PT), reforçou a importância do evento para não deixar que sociedade esqueça deste “triste episódio”. Para ele, “é uma parte da história de São Paulo que está aberta. A cidade acordou para o assunto, porém, ainda há uma luta para abertura dos arquivos da ditadura militar, que poderia levar a identificação de muitas pessoas e muitos casos do Brasil.” 

A mesa da solenidade foi composta pelos vereadores Ítalo Cardoso (PT), Jamil Murad (PCdoB), Juliana Cardoso (PT), além de Maurice Politi, coordenador do Projeto de Promoção de Direito à Memória e à Verdade; Paulo Abrão Pires Junior, presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça; Belisário dos Santos Júnior; Marlon Alberto Weichert, procurador regional da república; deputada federal Luisa Erundina; Daniela Skromov de Albuquerque, representando da Defensoria Pública do Estado de São Paulo; Luis Fernando de Camargo Barros Vidal, presidente da Associação Juízes da Democracia; Ivan Seixas, presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana; Maria Amélia de Almeida Teles, integrante do Movimento de Mulheres de São Paulo;ex-vereadora Tereza Lajolo; Renato Simões, ex-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa e João Godoy, cineasta e produtor do filme “Vala Comum”. 

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