Comitê de Crise da Educação discute vacinação dos profissionais da educação e protocolos sanitários nas escolas

NATALIA DO VALE
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Uma das áreas mais afetadas com a pandemia da Covid-19 foi a educação. São inúmeros os desafios a serem discutidos neste novo cenário e foi justamente sobre isso que o Comitê Emergencial de Crise da Educação, vinculado à Comissão de Educação, Cultura e Esportes, tratou em reunião virtual realizada na tarde desta quinta-feira (10/6). O debate foi conduzido pelo vereador Eliseu Gabriel (PSB) e contou com a presença de representantes sindicais e entidades ligadas à educação.

A vacinação dos profissionais da educação e as negociações para encerrar a greve destes profissionais foram alguns dos temas tratados durante o debate.

Greve dos professores de SP

Em fevereiro deste ano, professores de São Paulo decidiram entrar em greve. Entre as exigências da categoria junto ao município estavam a priorização da imunização, a testagem em massa e a distribuição gratuita de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual).

Após quase 120 dias de paralisação e com a intermediação da Câmara Municipal de São Paulo, sindicatos e representantes da Secretaria Municipal da Educação entraram em negociação para que haja o fim da greve.

Retomada das atividades

Primeiro a se manifestar na reunião, o representante SINESP (Sindicato dos Especialistas de Educação do Ensino Público Municipal de São Paulo) Christian Sznick, agradeceu o espaço e o trabalho realizado pelo Comitê e falou sobre a paralisação dos professores: “A greve está no momento final da assinatura do protocolo. Estamos aguardando agora para ver se o documento abarca tudo o que foi acordado na reunião com os representantes da secretaria. Algumas das nossas reivindicações já foram parcialmente atendidas como a antecipação da vacinação; mas precisam ainda incluir todos os profissionais e garantir a testagem em massa dentro das unidades escolares. Além disso, queremos também um trabalho amplo para construirmos conjuntamente o calendário de reposição não só das aulas, mas de aprendizagem e, pedimos que não haja processos contra os que fizeram a greve nem descontos na folha de pagamento”, explicou.

vereador Celso Giannazi (PSOL) se manifestou sobre o assunto e demonstrou apoio às reivindicações da classe: “Aproveito aqui o espaço para parabenizar a Câmara pela intermediação nesta questão tão importante. Gostaria de reforçar a fala do Christian e pedir para que não haja desconto de salário destes profissionais. Não foi uma greve por mais verba. Foi uma greve sanitária em defesa da vida. Precisamos incluir todos os profissionais da educação no calendário de vacinação, sem isso não tem como retomar as atividades”, defendeu Giannazi.

Reforma das escolas

Outro ponto abordado na reunião foi a reforma das escolas. Para Luka Franca, do movimento Famílias Pela Vida, a volta às aulas depende principalmente da vacinação, mas também da reforma e adequação dos espaços escolares para que possam oferecer maior segurança sanitária aos alunos. “Pedimos à Secretaria de Educação um relatório sobre a reforma das escolas, inclusive sobre vistorias. Existem órgãos que fazem esse serviço para verificar se a ventilação e os espaços estão de acordo com as normas sanitárias necessárias para a retomada. Mas não tivemos retorno. Não dá pra mandar os nossos filhos para a escola sem saber as condições estruturais e de segurança quanto à pandemia”, pontuou Franca.

Nessa mesma linha, a vereadora Sonaira Fernandes (REPUBLICANOS) pediu a presença de algum representante da Secretaria Municipal da Educação na próxima reunião para discutir a reforma dos espaços e todo o contexto atual do ensino na capital paulista: “Os sistemas até agora empregados pela Prefeitura para a retomada das aulas falharam. A testagem falhou, as escolas não oferecem condições ainda. Precisamos falar sobre isso para que sejamos mais assertivos e para que não haja mais problemas na retomada. Seria importante ter um representante da secretaria conosco. Temos tantos assuntos para discutir e resolver. As crianças precisam disso, os pais, a comunidade escolar”.

Para a vereadora Cris Monteiro (NOVO), a vacinação dos professores e profissionais da educação é fundamental, mas não é a solução definitiva para a retomada: “a vacinação é parte importante dentro de tudo o que podemos fazer para evitar as mortes, mas a prevenção, os protocolos e a adequação dos espaços também seguem válidos e necessários. Vamos precisar aqui pensar em que momento todos esses meios nos permitirão voltar as aulas presenciais”.

Apoio ao ensino remoto

O ensino remoto foi apontado por alguns dos participantes da reunião como um dos gargalos da educação no momento. Luka Franca. do movimento Famílias Pela Vida, manifestou preocupação com as condições de estudos de muitos alunos da periferia e pediu mais empenho da Secretaria Municipal de Educação no suporte ao ensino remoto. “Os alunos estão enfrentando muita dificuldade ao acesso do ensino remoto mesmo com a entrega dos tablets. Tem burocracia para desbloquear o tablet e seu uso é limitado. Não podemos baixar os aplicativos necessários para solicitar o uniforme ou para pedir o material escolar. São benefícios importantes. Isso que o aparelho trava o tempo todo, faltam chips. Precisamos pensar em medidas para garantir a isonomia da educação de nossas crianças”.

Insegurança alimentar

Participante da reunião, Iraci Ferreira, representante do MOVA-SP (Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos) manifestou preocupação com a alimentação de seus assistidos: “Nós não recebemos nenhuma cesta básica ainda e estamos com muita dificuldade para cadastrar os alunos para receberem o cartão alimentação. Esse é um ponto de atenção para gente aqui”, explicou.

Marcia Fonseca Simões, vice-presidente do Conselho de Alimentação Escolar, informou que as cestas saudáveis já começaram a ser distribuídas aos alunos da rede pública e que a expectativa é ampliar o número de atendidos: “Cestas saudáveis com verduras, legumes e frutas inclusos estão sendo entregues nas escolas e temos recebido um retorno legal das famílias. Estamos conversando com a secretaria e outras instituições para ampliar o projeto como um todo. Agradeço muito aos membros deste conselho porque essa ação foi de certa forma, resultado das nossas reuniões”, agradeceu a vice-presidente do Conselho.

Segurança nas periferias

Iraci Ferreira, representante do MOVA-SP, trouxe também para o debate a segurança dos profissionais de educação que trabalham no programa. Segundo ela, algumas instituições receberam comunicado, sem data e assinatura, informando que os professores deveriam retomar as atividades presencialmente nas aulas noturnas, desconsiderando os índices de violência das regiões periféricas em que se localizam os espaços utilizados pelo MOVA. Diante disso, a representante pede esclarecimentos à Secretaria de Educação: “Veio sem data e sem assinatura, então não sabemos quem fez circular esse comunicado. Acontece que quem trabalha na periferia sofre com a violência. Hoje só é permitido que os educandos e educandas recebam atendimento remoto, então o educador ficaria sozinho no espaço atendendo a todos remotamente. Hoje eles fazem isso da própria casa porque nas entidades não temos rede de internet. Não faz sentido essa convocação”.

Também participaram da reunião virtual, a vereadora Sandra Tadeu (PSDB) e o vereador Eduardo Suplicy (PT).

Clique aqui e assista à íntegra da reunião.

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