Câmara de SP repudia racismo e analisa ação policial contra vereador

Afonso Braga | REDE CÂMARA SP

Sessão Plenária desta terça-feira (3/5)

MARCO CALEJO
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O combate ao racismo foi um dos principais assuntos debatidos na Sessão Ordinária da Câmara Municipal de São Paulo, na tarde desta terça-feira (3/5). Vereadores e vereadoras da Casa repudiaram uma fala proferida por um parlamentar. Outro tema repercutido no Plenário foi a ação policial ocorrida no último sábado (30/4), contra um vereador, em um evento promovido para comemorar o Dia do Trabalhador, celebrado em 1º de Maio.

Racismo

Durante a reunião da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Aplicativos, realizada na manhã de hoje no Plenário 1º de Maio, o vereador Camilo Cristófaro (PSB), que participou do trabalho da Comissão de maneira remota, teve o áudio vazado com conteúdo denunciado como racista.

O presidente da Câmara, vereador Milton Leite (UNIÃO), que já havia lamentado a denúncia de racismo através de nota, se manifestou em Plenário. Milton falou que a Casa não aceita atitudes racistas. “É inaceitável ter que ouvir o que eu ouvi neste Plenário por um parlamentar contra a população de raça negra”.

Milton Leite informou que os fatos estão sendo apurados e serão encaminhados para a Corregedoria do Parlamento paulistano. “Que o corregedor dê celeridade ao processo. O desfecho cabe aos seus membros da Corregedoria. Não dá para aceitar mais isso”.

O chefe do Legislativo municipal disse ainda que se sentiu ofendido com a fala e considerou “triste assistir isso na Câmara Municipal de São Paulo”. “Como é triste ter que emitir nota oficial, como é triste ver a imprensa correndo atrás de tudo isso e vereadores tendo que processar uns aos outros na Corregedoria”.

A vereadora Luana Alves (PSOL), integrante da CPI dos Aplicativos, estava presencialmente na reunião e pediu a suspensão dos trabalhos. “Estávamos iniciando a sessão e ele vazou o áudio em que disse ‘não lava nem a calçada, isso é coisa de preto’. De início, a gente sabe que o racismo existe, mas por um momento pensei que eu tinha escutado errado, por um momento eu achei que não era possível o que tinha acabado de escutar essa frase no meio da reunião da CPI dos Aplicativos”.

O vereador Senival Moura (PT) repudiou a manifestação e cobrou punição. “Não podemos permitir que isso continue acontecendo. É lamentável. Eu acho que a Câmara tem que tomar providências. E é para ontem, não é para amanhã ou depois”.

As vereadoras do PSOL,  Elaine do Quilombo Periférico (PSOL) e Erika Hilton (PSOL), também se posicionaram. Elaine exigiu respeito com a população negra. “Respeitem todas as pessoas negras que trabalham nesta Casa, respeitem as pessoas negras desta cidade e respeitem o movimento negro, que neste ano elegeu mais vereadoras negras do que toda a história da cidade de São Paulo”.

Erika pediu punição e disse que combater o racismo é obrigação de todos os cidadãos. “O que nós ouvimos na manhã de hoje na CPI dos Aplicativos foi um racismo aberto, escrachado, com todas as letras, explícito, para que ninguém tivesse dúvida daquilo que estava sendo falado e tratado”.

O vereador Camilo Cristófaro (PSB) não tratou do assunto em Plenário, porém durante a reunião do Colégio de Líderes que aconteceu antes da Sessão Ordinária, ele pediu desculpas a quem se sentiu ofendido. “Quero deixar bem claro aqui, que eu sou uma pessoa que defendo a todos, que sou uma pessoa que não admito e não aceito racismo em hipótese alguma”.

Ação policial

O outro tema que repercutiu na sessão de hoje foi sobre a ação policial que envolveu o vereador Marcelo Messias (MDB). O fato aconteceu na noite de sábado (30/4), quando o parlamentar aguardava o AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros) para começar um evento no Jardim Mirna, Zona Sul da cidade, em comemoração ao Dia do Trabalhador, celebrado em 1º de maio.

Enquanto esperava pelo alvará das autoridades, o parlamentar subiu ao palco e conversou com o público que aguardava a abertura do show. No entanto, a Polícia Militar alegou que o vereador desacatou os policiais presentes no local. Marcelo Messias foi imobilizado, algemado e levado à delegacia.

Sobre o ocorrido, o presidente da Casa, vereador Milton Leite (UNIÃO), disse que acompanha o caso desde o início. “Esta Presidência está solicitando à Procuradoria da Casa que faça uma análise do conjunto do ocorrido e que tome todas as medidas cabíveis”.

Milton ressaltou que o caso deve ser apurado com responsabilidade para não haver equívoco e que o vereador Marcelo Messias terá a assistência da Câmara. “É preciso que haja cautela para que nós observemos todas as falas e ações de cada um com cuidado, para não tomarmos uma iniciativa que eventualmente possa ser entendida de um ângulo errado. Essa precaução a Casa tem”.

Marcelo Messias utilizou a tribuna do Plenário para explicar o que aconteceu. “Estava naquela praça exercendo o direito da minha função, trabalhando pela cidade de São Paulo. Aquele evento acontece tradicionalmente todos os anos”. De acordo com o parlamentar, os policiais agiram com força excessiva. “Me deram uma rasteira, me chutaram, colocaram o joelho nas minhas costas, igualzinho foi feito com aquele colega (George Floyd) que faleceu lá nos Estados Unidos”.

O parlamentar contestou o que está sendo veiculado e reconheceu que chamou “os organizadores de canalha”. Eles estavam deixando aqueles trabalhadores quatro horas em pé, sofrendo e ansiosos para ver o espetáculo”.

Durante a sessão, vereadores se solidarizaram com Marcelo Messias. Para o vereador Eduardo Suplicy (PT) “não é forma de tratar um representante do povo”. Já segundo o vereador Faria de Sá (PP), “a Casa tem que tomar providência”.

A vereadora Edir Sales (PSD) considerou a cena como “estarrecedora”. “Ninguém merece passar por uma humilhação dessa”. O vereador Isac Félix (PL) cobrou providências. “Marcelo Messias estava em trabalho e foi eleito pelo voto popular”.

O vereador Rinaldi Digilio (UNIÃO) também falou sobre o caso. “Repudiamos qualquer tipo de violência”. A 1ª vice-presidente da Casa, vereadora Rute Costa (PSDB), disse que “houve da nossa parte um choque, porque de maneira nenhuma um parlamentar poderia ser tratado daquela forma. Houve um excesso, talvez o calor do momento”.

Próxima sessão

A próxima Sessão Plenária está convocada para amanhã, quarta-feira (4/5), às 15h. A Câmara Municipal de São Paulo transmite a sessão, ao vivo, por meio do Portal da Câmara, no link Plenário 1º de Maio, do canal do Legislativo paulistano no YouTube e do canal 8.3 da TV aberta digital (TV Câmara São Paulo).

Clique aqui para assistir à Sessão Plenária desta terça-feira.

Uma Contribuição

djalma manoel santan filho

E inaceitável esse tipo de fala do vereador mesmo que fosse apenas uma brincadeira com um amigo mostra que de verdade ele e de fato racista e que faz tipo na frente das outras pessoas mais quando se sente a vontade mostra de verdade quem e ele..a Câmara precisa urgentemente tomar uma atitude uma providência urgente pra acabar com esse tipo de coisa pois está se tornando recorrente..

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