Assistente social Luciana Bispo, que mora em Pedreira há mais de 15 anos        Foto: Luis França / CMSP

DA REDAÇÃO

A sessão pública do ‘Câmara no Seu Bairro’ – projeto do legislativo paulistano para aproximar os cidadãos dos vereadores – será realizado neste sábado (9/5) em Cidade Ademar, zona sul de São Paulo. Voluntárias na região já confirmaram presença e sinalizaram que pedirão aos parlamentares mais investimentos para a construção de equipamentos de educação para atender, principalmente, crianças e adolescentes.

Enquanto não há vagas suficientes em creches e escolas para a população de Cidade Ademar e Pedreira, a própria população tem se organizado para resolver o problema. Maria de Lourdes Teixeira Brito, mais conhecida como Lourdinha, é uma dessas pessoas que tem feito a diferença no bairro. “Fui eleita presidente da Associação de Moradores do Jardim Santa Terezinha em 1998 e muitas mães começaram a me procurar para falar que não conseguiam matricular seus filhos nas creches, mas que elas precisavam trabalhar e não tinha com quem os deixar”, contou.

Essas histórias, segundo Lourdinha, fizeram com que ela relembrasse a infância. “A minha mãe trabalhava na roça e nós não tínhamos condição de estudar, ficávamos sozinhos e muitas vezes não tínhamos o que comer. Ao perceber que as crianças da minha região estavam passando pelo mesmo problema, não tive dúvidas, precisava ajudá-las”, explicou.

Assim, Lourdinha decidiu utilizar as salas da Associação dos Moradores do Jardim Santa Terezinha para cuidar das crianças. A procura foi tanta que o espaço não foi suficiente e ela começou a procurar outro lugar para atender todos. “Uma construtora soube da situação e nos deu um terreno. Por meio de doações conseguimos construir o Centro de Convivência Itatinga, que chegou a atender mais de 600 crianças”, disse.

No entanto, o projeto começou a chamar a atenção e a prefeitura ofereceu, há cinco anos, uma parceria. “A iniciativa foi boa, só podemos atender pouco mais de cem crianças. E como ficam as outras?”, questionou a voluntária. Enquanto não se tem uma resposta, ela resolveu construir outra unidade para acolher essas crianças. “Inaugurei neste ano o novo local e a procura tem sido grande”, acrescentou.

Para Lourdinha, poder ajudar essas crianças é a maior realização de sua vida. “Faço por elas o que gostaria que alguém tivesse feito por mim. Nasci para ser mãe e amo essas crianças, por isso fico feliz em poder fazer da nossa instituição um lar acolhedor”, contou.

A assistente social Luciana Bispo mora em Pedreira há mais de 15 anos. Ela gosta do bairro e acredita que é fundamental que cada um faça sua parte para ajudar no desenvolvimento da região. Criada em uma família que também sempre teve esse pensamento, ela decidiu fazer curso de assistente social, e em 2006 começou a trabalhar na Associação Lar Maria e Sininha.

A instituição foi fundada por sua mãe, Aparecida Bispo, conhecida como Vó Cida. Tudo começou há mais de vinte anos, quando ela foi procurada por uma senhora que pediu para que cuidasse de seus filhos, porque não tinha com quem os deixar. A mulher não voltou e Vó Cida passou a cuidar dessas crianças. A história se espalhou pelo bairro e quando percebeu, o que começou por um acaso, se tornou algo que ela fazia para muitos outros pais.

Foi desse jeito que a instituição nasceu – no início sendo um lar para abrigar crianças em situação vulnerável.  “Tenho um imenso carinho por Cidade Ademar, tanto que crio os meus filhos aqui. No entanto, faltam muitos serviços, principalmente creches e escolas. Por isso, decidimos oferecer atividades para todos do bairro com atividades socioeducativas”, declarou Luciana.

Para ela, essa é uma maneira de exercer seu papel de cidadã; “Sou voluntária e tudo o que oferecemos é de graça para a população. Para isso, contamos com a doação das pessoas para poder manter a nossa instituição”, explicou.

Além das atividades, Luciana afirmou que as crianças e adolescentes também são instruídos sobre o papel deles na sociedade. “Como o Câmara no Seu Bairro será desta vez em Cidade Ademar, realizamos vários debates para que os jovens levem as reivindicações aos vereadores”, contou. “Essa é a oportunidades deles e de todos nós contribuirmos para o desenvolvimento local”, disse.