Seminário na Câmara discute fome e insegurança alimentar na capital e na Grande SP

André Bueno | REDE CÂMARA SP

DANIEL MONTEIRO
DA REDAÇÃO

Com o objetivo de ampliar a discussão e propor medidas para resolver os problemas relacionados ao aumento da fome na capital, a Câmara Municipal de São Paulo sediou, na tarde desta sexta-feira (22/9), o seminário “Políticas Públicas e Pesquisa no Combate à Fome e Insegurança Alimentar em São Paulo e Região”.

Organizado pelo vereador Jair Tatto (PT), o evento foi norteado pelas informações contidas no relatório do GT (Grupo de Trabalho) “Políticas Públicas de Combate à Insegurança Alimentar e à Fome”, da USP (Universidade de São Paulo). “Acho que esse é o momento do debate para sabermos quais ações estão acontecendo a nível federal, especialmente com essa, vamos dizer assim, recondução do Bolsa Família, do auxílio para as famílias de baixa renda. Eu acho que é uma oportunidade”, justificou Tatto.

Dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) apontam que, nos anos de 2004, 2009 e 2013, houve redução da insegurança alimentar no Brasil, o que fez com que o país saísse do Mapa da Fome da FAO-ONU (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura). Tal cenário mudou entre 2013 e 2018, quando foi registrado aumento anual de 8% da insegurança alimentar grave. Como consequência, o Brasil voltou ao mapa. A situação ainda foi agravada pela pandemia de Covid-19.

Com base nesse cenário, foi criado o Grupo de Trabalho, cujo resultado é um relatório com estudos teóricos e empíricos com o objetivo de elaborar propostas para a formulação de políticas públicas voltadas a esse problema. No documento, foram apresentadas 39 propostas, sendo que 18 foram baseadas em políticas municipais que já estão em vigor e que compreendem os municípios de São Paulo, Santos e Piracicaba. As outras 21 proposições não se delimitam a cidades específicas.

Representando o GT no seminário, a especialista em saúde pública Dirce Maria Lobo Marchioni destacou que, entre as principais propostas do relatório, estão o estabelecimento de políticas públicas de distribuição de renda; a promoção de ações de educação alimentar; o fortalecimento dos programas de alimentação escolar; o estímulo à educação para a cidadania e conhecimento de direitos básicos; o desenvolvimento e formalização da agricultura familiar; e a construção de plataformas on-line no âmbito municipal para coordenar as organizações que atuam no combate à fome.

“Nós temos muito trabalho, esperamos ser muito parceiros de todos que estão militando para mitigação dessa situação e, mais do que mitigar uma situação emergencial, para promover de uma forma duradoura a segurança alimentar da nossa população”, sintetizou Dirce.

Também integrante do GT, Antonio Mauro Saraiva, docente da Poli-USP (Escola Politécnica da USP), chamou a atenção para as possibilidades de uso da inteligência artificial para sistematizar as ações e iniciativas. “Se você não tiver dados, informação, quanto gasta, quanto não gasta, você não consegue fazer nada direito, vai tomar uma decisão meio no escuro. Dado é fundamental e, cada vez mais, isso é chave, isso é crítico. Ainda mais de um problema com tantas variáveis envolvendo produção agrícola: onde produz, quanto produz, é de qualidade, não é longe, é perto, quanto custa, ter o preço do dólar, como isso afeta [a produção], quantas pessoas estão sendo atendidas. É uma quantidade muito grande de dados e aí tem que entrar um pouco mais de computação”, analisou.

A íntegra do evento, que contou com a presença do deputado federal Nilto Tatto (PT-SP) e de outros especialistas no tema, está disponível no vídeo abaixo:

 

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