Artistas do Hip-Hop recebem o Prêmio Sabotage 2016 na Câmara

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Erick Jay, premiado como melhor DJ, segura a Salva de Prata da Câmara
Fotos: Luiz França / CMSP

ROBERTO VIEIRA

Os vencedores da segunda edição do ‘Prêmio Sabotage’ receberam Salva de Prata na noite desta segunda-feira (21/3), no Salão Nobre da Câmara Municipal, das mãos da vereadora Juliana Cardoso (PT). Erick Jay (melhor DJ),  Nay Lopes, Kel Fidelis e Nina Juh, que integram o grupo A’s Trincas (Melhor MC), Nenê Surreal (melhor grafiteira) e Elen Soul (melhor dançarina de break) foram os escolhidos pela Comissão julgadora este ano.

A Comissão dos Direitos da Criança, do Adolescente e da Juventude, responsável pela premiação, recebeu ao todo 57 inscrições para as quatro categorias. Entre os inscritos, a Comissão Julgadora (formada neste ano pela Bgirl Deise Miranda, o músico e skatista Lobão, a grafiteira Riska, o Rapper Nego do Rap e o Rapper Welington Sonora) escolheu três indicados para cada categoria.

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Nenê Surreal (de azul), melhor grafiteira

Segundo Lobão, que fez parte da Comissão Julgadora, todas as escolhas foram muitos difíceis. Ele entende que embora nem todos saiam com a Salva de Prata, o fortalecimento da cultura hip-hop, neste caso, é o mais importante.

“O lado mais difícil é esse (escolher o vencedor). Você quer dar o prêmio para todo mundo, mas infelizmente não dá. No final, de qualquer jeito, todo mundo ganha por ter o espaço, eu acho que o hip-hop ganha, a cultura de rua também ganha em poder entrar aqui e falar o que você pensa. O maior prêmio é esse”, comentou.

A vereadora Juliana Cardoso ressaltou as conquistas da comunidade hip-hop ao longo dos anos, em especial, a garantia de verba no Orçamento da cidade para fomento ao segmento. Ela também destacou a importância desses artistas que estão ‘escondidos’ nos extremos da cidade.

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A’s Trincas: Nay Lopes, Kel Fidelis e Nina Juh

“Esse prêmio foi conquistado pela comunidade, em especial, a comunidade hip-hop. Isso é muito importante, porque estimula. Hoje, na periferia, você tem vários artistas e várias formas de organização e diálogo dessas comunidades. Esse prêmio foi construído através disso, fazer com que a Câmara trouxesse os participantes para cá e lhes desse uma premiação”, disse.

O secretário municipal de Igualdade Racial, Maurício Pestana, também prestigiou a cerimônia e destacou as mortes que ocorrem na periferia e que, em algumas oportunidades, poderiam ser evitadas com mais incentivos, tais como o fomento ao hip-hop, característica principal do Prêmio Sabotage.

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Elen Soul, melhor dançarina de break

“Esse prêmio é bastante democrático, atinge principalmente os moradores da periferia e a juventude negra, que é extremamente violentada. Hoje, a morte de jovens negros representa 77% dos homicídios, então você dar um prêmio desses, que estimula a produção cultural, musical e intelectual, é de uma importância ímpar”, afirmou.

Sobre os vencedores

Melhor DJ

Erick Jay, que recebeu o prêmio de melhor DJ, é um dos mais premiados do Brasil. Já esteve entre os melhores do mundo e é o único DJ sul-americano a disputar várias finais mundiais no ‘DMC WORLD’ e ficar entre os cinco melhores. Atualmente, trabalha com o rapper Kamau, no Programa Manos e Minas, exibido na TV Cultura.

Melhor MC

Nay Lopes, Kel Fidelis, Nina Juh, integrantes do grupo A’s Trincas, receberam o prêmio de melhores MC’s. Oriundo da Cidade Tiradentes, zona leste da cidade, o grupo começou a sua trajetória em 2012. No entanto, desde os anos 2000 fazem parte do cenário do rap nacional, com outros trabalhos.

Melhor grafiteiro

Nenê Surreal recebeu o prêmio por sua longa trajetória no grafite. Ela faz parte do movimento negro e tem um histórico extenso de envolvimento com o movimento hip-hop. Seus grafites são caracterizados por rostos de mulheres negras.

Melhor dançarina de break

Elen Soul é dançarina de danças urbanas (Street dance) desde 2006 e já atuou em diversos grupos. É uma das responsáveis e idealizadoras do projeto ‘Dança Vocacional’ e atuante através de workshops e simpósios na cidade de São Paulo. É bolsista na Casa da Dança (Tati Sanchis), uma das academias mais conceituadas em São Paulo nesta modalidade.

Sobre o rapper Sabotage

Paulistano, nascido em três de abril de 1973, Mauro Mateus dos Santos, ou rapper Sabotage, gravou apenas um único disco solo, o Rap é Compromisso!, mas teve participação especial em vários CDs, como nos álbuns de RZO e SP Funk, entre outros. Sua carreira foi brutalmente interrompida há 13 anos – em 24 de janeiro de 2003 -, quando foi assassinado com quatro tiros pelas costas.

No entanto, a sua curta trajetória ficou marcada no mundo da arte e isso faz com que o músico, compositor (todas as músicas que gravou foram composições próprias) e ator seja uma das grandes inspirações para todos que estão envolvidos com a cultura hip-hop até hoje.

Pai de três filhos, Sabotage – que ganhou esse apelido por sua astúcia em burlar regras, como entrar em bailes, festas e boates sem permissões, além de sair ileso de inúmeras confusões -, chegou a ser assaltante e gerente de tráfico, na zona sul de São Paulo, região onde vivia, antes de encontrar o caminho da música, seu verdadeiro dom.

Através do seu trabalho, Sabotage inspirou vários rappers, como Rhossi e Pavilhão 9  e vários outros artistas. Artista completo, Sabotage também atuou em dois filmes. O primeiro, “O Invasor”, lançado em 2002 (onde contracenava com Paulo Miklos, vocalista dos Titãs), do diretor Beto Brant, e o segundo, “Carandiru”, lançado em 2003, do diretor Héctor Babenco.

Para completar, o rapper ainda recebeu vários prêmios no curso da carreira, como personalidade, revelação e no Hútus, o grande festival de premiação de rap no Brasil.

Sobre o Prêmio

O Prêmio Sabotage foi criado na Câmara Municipal, considerando a importância do Movimento Hip-Hop no processo de inclusão social, musical e cultural e a sua inserção junto aos jovens na cidade de São Paulo. Foi instituído por meio da Resolução N° 02/2008 e visa a reconhecer publicamente o trabalho de artistas que se destacam no cenário do Hip-Hop no Município. O prêmio teve sua primeira edição realizada em 2015.

3 Contribuições

SORAIA ALEXANDRA ZANZINE

O ensino de música é Lei e deve ser incentivado. Ensinar a arte de Sabotafe é falar em essência, de grande contingente populacional das periferias. Está na hora da periferia de tornar a centralidade. Este é o toque que eu dar. Super legal..é bem por aí!!!

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REGINALDO LIMA ( NEGO DO RAP)

OPA BOA TARDE AQUI EO NEGO DO RAP FOI UM PRAZER PODER PARTICIPAR DO PREMIO SABOTAGEM AINDA MAIS COMO JURADO PRA MIM E UMA ONRA PRESTIGIAR E PRIVILEGIAR UMA PESSOA QUE FEZ ACONTECER PELO NOSSO HIP HOP..E TBM NAO ESQUECENDO DA DINA DEE VISAO DE RUA.PANTHO DRR ETC ESSE PREMIO TBM FEZ COM.QUE A GENTE REENCOONTRACE VARIAOS AMIGOS DAS ANTIGAS QUE TAMBEM LEVAM A BANDEIRA DO HIP HOP MESMO SEM APOIO COM FOCO FE E FORÇA FAZEM POR AMOR PORQUE O RAP E COMPROMISSO E QUEM É É QUEM NAO É CABELO VOA..AGRADECO PRIMEIRAMENTE A DEUS PORQUE SE NAO FOSSE ELE ISSO NAO TERIA ACONTECIDO E TBM A CAMARA MUNICIPAL DE SAO PAULO …A VEREADORA JULIANA CARDOSO A TODOS ABC ..NEGO DO RAP EM MEMORIA SABOTAGEM

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Marcelo de Araujo Silva (NegroSam)

Opinião:
Necessário ter transparência na hora de formar a mesa avaliadora !

Necessário ter avaliadores das quatro regiões: Norte, Sul, Leste, Oeste !
Por igual na quantidade !

Deixar claro para os avaliadores quanto aos critérios !

Não teve nenhuma forma de comunicação transparente para avisar os participantes ou pelo menos eu não fui comunicado !

Não teve na página da prefeitura nomes de participantes !

Procurei por várias vezes saber como estava o andamento
Mais ninguém soube me informar !

Na humildade !
Sei que isso não está em cheque aqui !
Mais toda a minha carreira meus corres são indiscutivelmente verdadeiros ! Por isso tenho autonomia para falar !
No corre desde 1997 !

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