‘Escola sem Censura’ é tema de debate na Câmara

Andre Bueno/CMSP

Estudantes e especialistas em educação reunidos no Plenário da Cãmara

MARIANE MANSUIDO
DA TV CÂMARA

A Câmara Municipal de São Paulo realizou nesta segunda-feira (19/6) o debate ‘Escola sem Censura a Educação que Queremos’. O evento reuniu estudantes, professores e especialistas em educação para falar sobre o tema.

O professor André Lopes, com anos de carreira na rede pública, hoje em dia tem dificuldades para tratar de determinados assuntos na sala de aula, por mais que o tema seja de interesse comum.

“Eu trabalho com história das religiões, onde os alunos são divididos em grupos, sorteados, independente do seu credo religioso. Eles têm que ir numa mesquita, numa sinagoga, numa igreja evangélica, na católica, no centro espírita, mas não para ser doutrinado naquela religião, e sim para aprender e respeitar o outro. Mas se tem algum aluno de determinado credo e ele é sorteado para outro diferente, você pode ter certeza que no outro dia o telefone toca, me cobrando, alguém puxando minha orelha. E isso já aconteceu, infelizmente.”

Não discutir a diversidade é uma preocupação de alunos e professores da rede municipal e estadual, que participaram do debate. Marcelo Rocha, representante dos estudante que ocuparam o Centro Paula Souza, acredita que o espaço para debate fica ameaçado diante do projeto ‘Escola sem Partido’. É por isso que ele defende escolas livres e plurais.

“Quando a gente fala de escolas livres, são escolas onde todos podem ter seu pensamento, onde todos possam apresentar aquilo que tem pra sociedade, porque a educação é formada por uma sociedade. Então a gente precisa estar alinhado com tudo aquilo que está acontecendo, com LGBT, com negro, com a mulher, com toda a concepção de sociedade.

Lisete Arelaro, professora da Faculdade de Educação da USP, disse que a censura impede que os estudantes aprendam em sala de aula importantes temas da sociedade, porque muitos professores têm receio em se expor.

“Se eu não me manifestar, eu estou protegido porque eu não me expus. Toda vez que eu discuto, eu estou expondo as minhas ideias e as minhas convicções. Por isso que esse sistema de censura é prejudicial. Grandes assuntos começam a deixar de serem debatidos nas escolas. Uma escola livre, sem censura, é o caminho para conseguirmos uma escola com qualidade social.”

A vereadora Sâmia Bomfim (PSOL), autora da iniciativa, sinalizou que há muito tempo, principalmente no estado de São Paulo, as escolas estão sendo sucateadas, os professores são mal pagos e que a estrutura das escolas são ruins.

“Acho que a nossa preocupação deve ser de melhorar as condições dessas escolas, pensando não só no salário dos servidores, mas também na qualidade do ensino. E que a sala de aula também seja um espaço para formação sobre respeito, cidadania e a participação política.”

 

Este é um espaço de livre manifestação. É dedicado apenas para comentários e opiniões sobre as matérias do Portal da Câmara. Sua contribuição será registrada desde que esteja em acordo com nossas regras de boa convivência digital e políticas de privacidade.

Nesse espaço não há respostas - somente comentários. Em caso de dúvidas, reclamações ou manifestações que necessitem de resposta clique aqui e fale com a Ouvidoria da Câmara Municipal de São Paulo.

 Deixe o seu comentário:

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Veja também