Premiação celebra luta contra a opressão feminina

 

RenattodSousa / CMSP
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A Câmara Municipal realizou na noite desta quinta-feira (20/3) a segunda edição do prêmio Heleieth Saffioti, criado para homenagear pessoas e entidades que com seu trabalho contribuem para a defesa dos direitos da mulher.

Idealizadora da premiação, a vereadora Juliana Cardoso (PT) disse esperar que a iniciativa incentive o público feminino a continuar sua busca por seu espaço na sociedade, que infelizmente ainda é marcada por grandes desigualdades de gênero.

Esse prêmio resgata a história do feminismo, reconhecendo as pioneiras na reivindicação dos direitos da mulher, e ao mesmo tempo premia quem continua essa luta nos dias de hoje , afirmou.

Neste ano foram homenageadas a casa de parto da Associação Comunitária Monte Azul, a União de Mulheres de São Paulo e uma das fundadoras da entidade, a militante feminista Amélia Teles, que milita pela causa desde a década de 60.

Segundo ela, a percepção da importância da causa feminista se deu quando ela presenciou a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, realizada há exatos 50 anos, em 19 de março de 1964, que reuniu opositores do presidente João Goulart e prenunciou o golpe militar que ocorreria poucos dias depois.

Quando eu tinha 18 anos, vi os militares e as instituições religiosas usarem as mulheres para sustentar o golpe de Estado e um governo ditatorial, relembra a militante. Percebi ali que se as mulheres não fossem incluídas na luta pela liberdade, a causa estaria incompleta. Envolvê-las era chamar atenção para uma série de questões, como o direito de mandar em seu corpo, ter prazer sexual ou participar da luta pela democracia.

No início dos anos 70, Amélia ou simplesmente Amelinha, como é conhecida pelos mais próximos foi presa junto com seu companheiro, César Teles, pela militância política do casal. Eles foram torturados em frente a seus filhos Janaína e Edson, na época com cinco e quatro anos de idade, respectivamente.

Com forte atuação na luta em defesa dos presos políticos e da abertura dos arquivos da ditadura, a ativista integra a Comissão da Verdade do Estado de São Paulo.

Amelinha foi ainda a idealizadora do programa Promotoras Legais Populares. Iniciado em 1992, o projeto capacita as mulheres de todo o Estado de São Paulo para que atuem como defensoras dos direitos da população feminina em suas comunidades.

A premiação
Criado pela Resolução 2/2012, o prêmio foi batizado em homenagem à socióloga e militante feminista Heleieth Saffioti, autora de diversos trabalhos sobre as questões de gênero e a divisão sexual do trabalho.

Em 1966, em sua tese de doutorado (depois lançada em livro), ela argumentava que a luta das mulheres e a luta de classes deveriam caminhar juntas, por estarem entrelaçadas em um mesmo sistema de opressão e exploração. Ela continuou os estudos sobre a condição feminina até 1995, quando publicou Violência de gênero: poder e impotência.

Em 2005, Heleieth foi uma das escolhidas para integrar o coletivo de mil mulheres indicadas para receber o Prêmio Nobel da Paz. A iniciativa, que partiu da organização suíça Mulheres pela Paz ao Redor do Mundo, incluiu outras 50 brasileiras, entre elas Zilda Arns e Luiza Erundina. A pesquisadora faleceu em dezembro de 2010, aos 76 anos.

(20/03/2014 21h01)

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