DA REDAÇÃO
Fabiana tinha apenas 13 anos quando foi até a casa de uma amiga, para desejar feliz aniversário, e nunca mais voltou. O drama aconteceu em uma tarde de sábado de 1995, na zona oeste de São Paulo. A mãe dela, Ivanise Esperidião da Silva, ainda relembra a história com lágrimas nos olhos.
“Ela estava com outras colegas naquele dia. Mas na hora de voltar, elas acabaram se separando. E foi nesse trajeto que Fabiana sumiu. Pelos relatos, ela foi vista pela última vez a apenas 120 metros de casa. Comecei a procurar minha filha imediatamente. E continuo nessa busca até hoje”.
Ivanise foi à polícia, hospitais e até ao IML (Instituto Médico Legal), mas não conseguiu uma pista sequer. E foi assim, em uma busca solitária por três meses.
“Naquela época não se falava sobre desparecimento de crianças. Nem os veículos de comunicação abordavam esse problema. Então, sozinha, eu cheguei à beira da loucura, porque ninguém está preparado para perder um filho dessa forma”, desabafou.
Foi a partir dessa conclusão que ela percebeu que deveria agir de outra forma. Hoje, quase 22 anos após o sumiço da filha, Ivanise é uma das principais ativistas do País na busca por crianças desaparecidas. Ela está à frente da ABCD (Associação Brasileira de Crianças Desaparecidas), mais conhecida como “Mães da Sé”.
Apesar de ainda desconhecer o paradeiro da filha Fabiana, ela mantém a fé nas buscas. Enquanto isso, se empenha para ajudar outras mães desamparadas, que se encontram na mesma situação.
Em duas décadas, ela tem orgulho de dizer que 42% dos casos foram solucionados. Os números são de fato expressivos: foram 4.233 crianças encontradas e reconduzidas às suas famílias. “Eu vejo minha filha em cada uma dessas crianças encontradas”, diz Ivanise, que reclama da falta de políticas públicas para o amparo aos parentes dos desaparecidos.
Desde 2013, o Governo Federal divulga o Cadastro Nacional de Crianças e Adolescentes Desaparecidos, mantido pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH). No entanto, não há um levantamento amplo com dados completos sobre todos os casos do País.
O Projeto Mães da Sé tenta compensar a falta de apoio com forças próprias. A entidade tem parcerias com universidades para prestar serviços de auxílio psicológico, social e até jurídico às famílias. Além disso, conta com a ajuda da mídia para manter o trabalho vivo.
“A divulgação é a nossa ferramenta de trabalho. Quanto maior ela for, maiores são as chances de encontrarmos [os desaparecidos]. Só como exemplo, eu cito o caso de um rapaz, com necessidades especiais, desaparecido há 11 anos. Descobrimos que ele foi parar em uma instituição. E por meio da divulgação, uma assistente social resolveu ir até o nosso site e conseguiu localizar a família dele”, disse.
Para mais informações, visite o site das Mães da Sé . Contamos com a colaboração de todos para escrever um final feliz para essas histórias.
Saiba quem são alguns dos desaparecidos:
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