Fórum de Proteção à Criança e ao Adolescente debate o autismo

Luiz França/CMSP

No Salão Nobre da Câmara, educadores e agentes sociais debateram sobre a inclusão do autista na sociedade

ELDER FERRARI
DA WEB RÁDIO CÂMARA

O Transtorno do Espectro Autista ou autismo foi o tema do Fórum de Proteção à Criança e ao Adolescente, nesta sexta-feira (23/3).  O Fórum é bimestral, organizado na Câmara Municipal de São Paulo pela vereadora Patrícia Bezerra (PSDB), e que normalmente tem como público os educadores e agentes sociais.

Estima-se que o Brasil tenha, atualmente, cerca de 2 milhões de autistas, pouco mais 400 mil somente no estado de São Paulo. O transtorno do autismo é uma doença crônica, de alteração do neurodesenvolvimento da criança, não tem cura, e vai desde casos mais leves aos mais graves.

Alguns sintomas apresentados pelo autista são: dificuldade em sustentar contato visual enquanto é alimentado, ausência de resposta clara ao ser chamado pelo nome, desconforto com afagos e ao ser pego no colo, aversão ou fixação a algumas texturas, incômodos com determinados sons e barulhos, comportamentos repetitivos e estereotipados, entre outros.

A pediatra e psicoterapeuta do Núcleo de Atendimento Pais e Bebês da UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo) Cecilia Harumi Tomizuka apresentou durante o Fórum uma preocupação quanto ao fato de as crianças com autismo demorarem em chegar ao diagnóstico e tratamento. Cecília disse ainda que quanto antes se começa o tratamento, melhor.

“É importantíssimo porque nos primeiros três anos de vida existe a neuroplasticidade, então a criança responde melhor à interação e nós conseguimos trabalhar melhor com os pais.”

A psiquiatra Carolina Pegoraro, que trabalha como assistente técnica na Secretaria Estadual de Saúde, fez um curso de capacitação de professores identificando quais são as grandes dificuldades com os autistas em sala de aula. Ela explica que muitas vezes se faz necessária a montagem de um plano terapêutico individualizado, com temas específicos.

“Aprender a ficar sentado, a vez de falar, e auxiliá-los no convívio social. O professor precisa organizar um ambiente de rotina na sala de aula com dicas visuais, porque eles têm muitos problemas sensoriais.”

Sonia Regina dos Santos Senatoni, do Lar Mãe do Divino Amor, que fica no Tatuapé, zona leste de São Paulo, trouxe ao evento a experiência no dia a dia com essas crianças autistas. Durante sua palestra, ela contou que o Lar, que tem alguns convênios com a Secretaria Municipal de Educação, possui programações e escola para os autistas.

“Os que têm um entendimento, uma capacidade melhor, frequentam a escola. Os que têm mais dificuldades participam de uma programação especializada e lúdica com piscina e educação física, coisas que eles gostam muito.”

O deputado estadual, Carlos Bezerra Junior (PSDB), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo e apoiador do Fórum, disse que foi procurado para tratar da normatização do atendimento às crianças com Transtorno de Espectro Autista no Estado. Segundo o deputado, são cerca de 2,5 mil crianças atendidas na rede do Estado de São Paulo, que tem 25 escolas conveniadas. Houve um problema no edital e isso impactou no não atendimento das crianças.

“Esse problema está sendo sanado. Foi criado um Comitê para a discussão específica do tema na Secretaria de Estado da Educação, com vários atores: a Assembleia Legislativa, representantes de pais, alunos e escolas e o Ministério Público, tratando das possibilidades da normatização desse atendimento.”

A vereadora Patrícia Bezerra (PSDB), organizadora do Fórum na Câmara Municipal de São Paulo, disse que é fundamental capacitar os educadores para que haja a verdadeira inclusão e o preconceito seja desmistificado.  Patrícia lembrou que os especialistas que participaram do Fórum deixaram claro que as crianças que têm o transtorno do autismo podem se desenvolver.

“Eles podem vir a ser pessoas plenas. Nós precisamos conscientizar e sensibilizar a rede para que esses educadores acolham essas crianças, para que elas possam se desenvolver.”

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