Antônio Eustáquio, que descobriu a Vala de Perus, é homenageado com Título de Cidadão Paulistano

AMANDA OLIVER
DA REDAÇÃO

Nesta segunda-feira (30/10), Antônio Pires Eustáquio, responsável pela localização da vala clandestina no Cemitério Dom Bosco, em Perus, que foi usado durante a ditadura militar, recebeu o título de Cidadão Paulistano na Câmara Municipal de São Paulo.

Presidida pela vereadora Luna Zarattini (PT), a Sessão Solene contou com a presença de defensores dos direitos humanos e da conscientização histórica sobre a ditadura militar, incluindo o deputado estadual e ex-vereador Antonio Donato (PT), autor da honraria; Camilo Vannuchi, secretário municipal de Cultura de Diadema; Amelinha Teles, jornalista; Edson Teles, representante do CAAF (Centro de Antropologia e Arqueologia Forense); e José Luiz Del Roio, jornalista.

A vereadora Luna Zarattini expressou seu contentamento. “Estou muito feliz por presidir esta sessão de Título de Cidadão Paulistano para uma pessoa tão crucial na luta pela memória e verdade. Eu sou a presidenta da Comissão de Direitos Humanos, e o Toninho Eustáquio trabalhava na época em que a vala de Perus foi descoberta há 33 anos”.

Vala de Perus

A Vala de Perus, situada no Cemitério Dom Bosco em Perus, São Paulo, foi descoberta por Antônio Eustáquio e aberta em 4 de setembro de 1990, por meio de uma ação histórica da Prefeitura de São Paulo, na época sob a liderança de Luiza Erundina. Na vala, foram encontradas 1049 ossadas humanas, das quais, até hoje, nem todas foram identificadas.

Amelinha Teles, jornalista e ativista de direitos humanos, enfatizou o papel crucial de Antônio na luta pela democracia. “Olha, esse evento de hoje é super importante, por várias razões. Primeiro, porque essa história não foi resolvida; segundo, porque, se não fosse a vala de Perus, uma vala clandestina no Cemitério Dom Bosco, se não fosse o Toninho, a gente não teria conhecimento dela. O Toninho foi o guardião dessas ossadas”.

Nascido em 1947 na cidade de Ipuíuna, em Minas Gerais, Antônio Eustáquio trabalhou na administração do Cemitério Dom Bosco entre os anos de 1976 e 1992 e, durante esse período, foi responsável por descobrir e denunciar a vala clandestina onde os corpos estavam enterrados.

“Eu me sinto muito, de uma certa forma, lisonjeado e agradecido. Ao mesmo tempo, eu me sinto revendo as pessoas com quem convivi muitos anos atrás, os familiares principalmente. Lembramos das pessoas que hoje se foram, que nos deixaram essa democracia, pela qual temos que zelar até hoje. E é o que tenho feito. Tenho lutado por isso e sempre peço às pessoas que lutem pela democracia e digam ‘ditadura nunca mais!’ ”, declarou Antônio Eustáquio.

Proponente do título, o deputado estadual Antonio Donato também destacou a importância do homenageado. “O Toninho Eustáquio é uma personalidade da cidade, porque, graças a ele, como servidor público no cemitério em Perus, foi identificada a Vala de Perus, onde foram encontradas centenas de ossadas, algumas delas de desaparecidos políticos da ditadura militar e também de outras vítimas. Um descaso com a memória da população”.

Para assistir à Sessão Solene na íntegra, confira o vídeo abaixo:

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