Luiz França / CMSP

A reportagem Em Busca da Verdade, publicada na última edição da revista Apartes, da Câmara Municipal, foi agraciada com uma menção honrosa na edição 2013 do Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, um dos mais importantes da imprensa brasileira.

Escrita pelo jornalista Fausto Salvadori Filho, a matéria questiona como o Regime Militar deixou marcas perversas na atual sociedade brasileira, como a violência policial e a banalização da morte e da tortura.

A polícia de hoje, e isso dizem os especialistas do tema, é basicamente uma polícia montada durante a Ditadura., explica o autor da reportagem. É uma polícia que foi criada para combater a subversão, os inimigos do regime. E até hoje as características da PM são as de um grupo que está em guerra contra os inimigos da pátria, que antigamente eram os subversivos, os guerrilheiros, e hoje são os negros, quem mora na periferia, os excluídos.

Mas a matéria também ouve o lado de integrantes da polícia, como o vereador Coronel Telhada, para quem há um exagero nessa avaliação.  Segundo ele, o que existe é uma corporação preparada para defender a sociedade contra uma criminalidade que é extensa e violenta.

Muitas das fontes do textos são as reuniões da Comissão da Verdade Municipal, montada na Câmara em 2012 para investigar os crimes cometidos pelo Estado brasileiro durante as ditaduras do século passado.

Para o presidente da Comissão Municipal da Verdade, Gilberto Natalini (PV), o colegiado está conseguindo cumprir seu papel. A transição da Ditadura para a Democracia no Brasil foi muito escamoteada. Foram feitos acordos demais, muitos problemas não foram passados a limpo e têm que vir à tona.

Um dos grandes jornalistas brasileiros, Audálio Dantas acredita que hoje são os veículos alternativos e mesmo institucionais que melhor fazem esse trabalho. Essa recuperação da memória da ditadura é eventual na grande imprensa, avalia Dantas. Você percebe que a juventude praticamente ignora, não tem noção do que foi aquele período, uma verdadeira tragédia nacional.

Já o vereador Police Neto ressalta que a qualidade de uma publicação como a Apartes é a prova de que o legislativo municipal está no caminho certo em sua estratégia de comunicação com a sociedade. A Câmara é produtora de conhecimento, e quem é produtora de conhecimento não pode ser egoísta de guardar para si esse conhecimento que produz. Tínhamos que socializar esse conhecimento, declarou.

(22/10/2013 23h59)