Ativistas contra o preconceito religioso são premiados

André Bueno/CMSP

Premiação aconteceu na noite desta quinta-feira na Câmara

DOUGLAS MATOS
DA REDAÇÃO

No mês da Consciência Negra e no ano em que se comemora a Década Internacional dos Afrodescententes (2015-2024), a ONG Centro Cultural Africano promoveu, na Câmara Municipal de São Paulo, a terceira edição do ‘Prêmio Àsé ISèsè – Combate à Intolerância Religiosa’. O evento foi realizado nesta quinta-feira (16/11), no Salão Nobre da Casa.

O presidente e idealizador da entidade, Otunba Adekunle, é nigeriano e está há 25 anos no Brasil. Para ele, o País vive um momento triste de preconceito e agressão às religiões de matriz africana.

“É o mês da Consciência Negra, mas para nós deve ser o mês da Consciência Humana. Porque é a humanidade que está em questão, independentemente da cor. Claro que há diferenças sociais, raciais e religiosas. E esse prêmio chama justamente a atenção do Estado para resolver isso. Hoje estamos premiando pessoas que se destacam em várias áreas e que ajudam a Cultura. Tomamos essa iniciativa em busca de um mundo melhor”.

As palavras de Adekunle foram reforçadas por um dos apoiadores do Centro Cultural Africano, Alabiy Ifakoya, que chamou a atenção para a história de resistência das comunidades afro-brasileiras no País. Ele reconhece avanços, mas entende que o momento ainda é de luta.

“Nossa religião, nossa cultura, representa uma resistência de mais de 300 anos. E demos início a essa luta contra a intolerância religiosa desde 1910, num movimento que começou em Alagoas. Somos de uma religião que aqui no Brasil saiu dos fundos dos quintais e hoje já adentrou às Universidades, com trabalhos de antropologia voltados a essas religiões. Mas ao mesmo tempo passamos por um momento muito forte de intolerância”, disse.

Ifakoya lembrou que o Brasil está sendo processado na Corte Interamericana por violação de direitos humanos contra as religiões de matriz africana. “Estamos lutando, numa luta insana, para os nossos governantes se manifestarem sobre essa questão”, afirmou.

O lançamento público da petição, aliás, ocorreu no fim do mês passado (30 de outubro) na própria Câmara Municipal de São Paulo.

O ato chegou a mobilizar centenas de sacerdotes e adeptos no Salão Nobre do Legislativo paulistano para chamar a atenção da sociedade para o problema e aumentar a adesão ao movimento, que já conta com a simpatia de ativistas, entidades civis e ONGs de vários estados.

O ‘Prêmio Àsé ISèsè ‘ teve o apoio do gabinete do vereador Zé Turin (PHS).

Ao todo, foram homenageadas pessoas e instituições que desenvolvem trabalhos sociais nas comunidades com o objetivo de combater a intolerância religiosa no País.

Veja a lista dos premiados:

Luizlinda Dias Valois Santos (ministra dos Direitos Humanos)

Djamila Ribeiro (ex-secretária municipal de Direitos Humanos de São Paulo)

Babalorixá Airton Ti Ogun

Tribuna Afro-Brasileira – Cosme Feliz

Luiz Alexandre

Ile Axé Batistini

Grupo de Dança Odudua – Nigéria

Diego Montane

Maestro Roberto Casemiro

Maria Aparecida Soares – Mamétu Luigidi

Oluwo Ifaleye

Pai Guimarães

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