Audiência pública discute a retirada de Tropas do Haiti

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Além da vereadora Juliana Cardoso (PT) e de movimentos que pedem a saída das forças brasileiras do Haiti, participaram do evento o secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania Eduardo Suplicy, o es-deputado Adriano Diogo (PT) e o vereador Betão Cupolillo (PT), da Câmara Municipal de Juiz de Fora
Foto: André Bueno / CMSP

DA REDAÇÃO

Uma audiência pública foi realizada na noite desta quarta-feira (14/10), na Câmara Municipal de São Paulo, para discutir a retirada das Tropas da ONU (Organizações das Nações Unidas) do Haiti. A audiência foi uma iniciativa da vereadora Juliana Cardoso (PT), em conjunto com o Comitê Defender o Haiti é Defender a Nós Mesmos.

Segundo o comitê, em 11 anos de ocupação com a missão de paz Minustah, sob comando do Brasil, cresceu uma forte corrente migratória haitiana para o Brasil, em busca de trabalho e melhores condições de vida. Somente pelo estado do Acre, ingressaram cerca de 35 mil haitianos entre o ano do terremoto que devastou o país, 2010, e 2015.

Para o dirigente sindical Jean Bonald Fatal, da organização haitiana CTSPP (Central dos Trabalhadores do Setor Público e Privado) e também integrante da Coordenação Haitiana pela retirada das tropas, a ocupação representa uma violação aos direitos dos haitianos.

“É uma ofensa à primeira republica negra independente do mundo, além de uma violação do direito internacional, onde a Carta das Nações Unidas dá aos povos a sua autodenominação, e a violação da soberania do Haiti enquanto Estado Independente. É extremamente grave, por que enquanto houver a presença dessas tropas não haverá desenvolvimento social e econômico, porque a única coisa que essas tropas estão fazendo lá é assegurar os interesses das grandes potências internacionais”, afirmou Fatal.

“Estamos sofrendo muito com a presença da Minustah no Haiti. Sofremos violências, sofremos agressões sexuais, inclusive. A presença da Minustah no Haiti só tem trazido sofrimento. È preciso que ela saia do Haiti. Quando a ONU estiver presente no país, este país perde soberania e isso não trás nada de bom”, denunciou o secretário geral da CNOHA (Central Nacional dos Operários Haitianos), Dominique Saint Eloi.

O coordenador da USIH (União Social dos Imigrantes Haitianos), Fedo Bacourt, ressaltou que a situação dos imigrantes no Brasil não é o que esperavam e que gostaria de ter o país livre para voltar e se desenvolver. “Primeiramente foi uma oportunidade que o Brasil abriu para a gente, mas depois de vivermos aqui podemos ver que as coisas são mais complicadas. Uma das coisas que nós haitianos precisamos muito é a liberdade total do Haiti e a soberania desse povo, porque nós temos uma história e nossa história tem nome, que conquistamos com luta. E temos orgulho dessa luta até hoje”, afirmou.

Com a renovação da missão pela ONU e o Brasil por mais um ano, o comitê pretende intensificar as manifestações para o fim da ocupação. “Infelizmente ainda não conseguimos chegar no contento da presidenta Dilma, no sentido de que ela não fizesse a renovação das tropas brasileiras no Haiti. Então, é uma luta que vem há 11 anos, uma luta que não é fácil, mas precisa ser movimentada. A vinda dos companheiros para o Brasil é para dialogar com os movimentos sociais e o legislativo, onde tem voz e vez para falar, é em busca de retirar as tropas, e talvez os recursos que estão sendo encaminhados para essas tropas serem encaminhados de outra forma”, disse.

“Espero que possamos reforçar com novos companheiros e novas entidades o movimento de pressão pela imediata retirada. O Brasil deve ter uma voz ativa junto à ONU, não simplesmente aplicar as decisões do Conselho de Segurança, que já se mostrou em muitos casos equivocadas”, afirmou o representante do comitê, Markus Sokol.

“O Haiti não precisa de tropas. O Haiti esta nessa situação porque esteve em uma ditadura violenta e porque teve um terremoto. Então o Haiti precisa de solidariedade”, defendeu o ex- deputado Estadual, Adriano Diogo (PT).

O secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Eduardo Suplicy, defendeu a ideia de que o Brasil poderia se retirar do país e apoiar programas de desenvolvimento. “Eu acredito que a missão de paz realizada pela Minustah está se completando. Há uma expectativa do povo que seja concluída essa missão e que possa agora se desenvolver, inclusive politicamente, da forma mais soberana possível. Então, acho que agora seria importante que o governo brasileiro pudesse realizar ações para ajudar o desenvolvimento econômico e social do Haiti”, disse.

Entre as demais personalidades que participaram da audiência estava o representante da CTA Haiti, Jaques Belzin, e o vereador Betão Cupolillo (PT), da Câmara Municipal de Juiz de Fora, em Minas Gerais.

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