Bussinger defende pacto social para melhorar a mobilidade urbana

Bussinger

O Plano Diretor Estratégico (PDE), sozinho, não conseguirá resolver o impasse da mobilidade urbana. A opinião é do engenheiro Frederico Bussinger, que foi secretário municipal de Transportes de São Paulo na administração Serra — entre 2005 e 2007 —, logo após a aprovação do plano em vigor (2003), cuja revisão será votada até o fim de abril. “A solução depende de todos os setores que utilizam as várias modalidades de transporte na cidade assumirem o compromisso com a melhora da mobilidade”, disse Bussinger na terceira palestra do 7º Curso Descobrir São Paulo Descobrir-se Repórter, neste sábado (22/3).

Consultor do Idelt (Instituto de Desenvolvimento, Logística, Transporte e Meio Ambiente), e ex-presidente da SPTrans e da CPTM, além de diretor do Metrô/SP, o ex-secretário criticou quem acredita que o tema da mobilidade urbana interessa apenas aos usuários dos transportes coletivos e condutores de veículos.

“A mobilidade inclui o transporte de materiais, de produtos que abastecem o comércio e também a coleta e o descarte do lixo”, disser. Para ele, equacionar a circulação dos diferentes tipos de veículos que circulam na malha viária é a única forma de encontrar soluções que se sustentem ao longo do tempo. “Se os diferentes interesses envolvidos continuarem olhando apenas para os seus objetivos imediatos, não resolveremos o problema da mobilidade urbana. Ao contrário, a tendência é ele se agravar.”

 Manifestações de Junho

Bussinger respondeu perguntas dos estudantes sobre o financiamento e a qualidade do transporte público. “Embora o Movimento Passe Livre tenha utilizado um texto que escrevi em 1986 para fundamentar suas reivindicações, discordo de que seja possível para os municípios oferecerem transporte gratuito (leia o texto a que ele se refere clicando neste link). Nenhuma grande cidade do mundo consegue fazer isso. Não há recursos”, Segundo o engenheiro, apesar de a bandeira da tarifa zero ter sido o estopim para as manifestações de junho, o que verdadeiramente mobilizou a população para ir às ruas foi a insatisfação com os serviços prestados pelo Estado.

Em sua exposição, o engenheiro abordou ainda a necessidade de integrar os diferentes tipos de modais para racionalizar o transporte paulistano e de cidades vizinhas da região metropolina. “Um caminho que vem sendo trilhado, ainda lentamente, é o aumento do transporte fluvial de materiais. São Paulo é privilegiada no que se refere a rios. O investimento nesse caminho trará bons resultados a curto prazo. Hoje, 46% das viagens de caminhões na malha viária acontecem com eles vazios. Depois de cruzar a cidade lotados de materiais, voltam à origem ‘batendo lata’. Essa viagem de volta inútil representa desperdício de dinheiro com combustível e ocupação das ruas e avenidas.”

Sobre o curso

O curso, de complementacão universitária em jornalismo e gratuito, é realizado em parceria da Escola do Parlamento da Câmara Municipal de São Paulo, OBORÉ Projetos Especiais e Abraji Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo -, e conta com o apoio das coordenações dos principais cursos de jornalismo da cidade de São Paulo. Tem ainda o apoio do: SINPRO/SP Sindicato dos Professores de São Paulo -, Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, Cátedra UNESCO de Comunicação, Hospital Premier/MAIS Modelo de Atenção Integral à Saúde, NH Photos/Nivaldo Silva, IPFD Instituto de Pesquisa, Formação e Difusão em Políticas Públicas e Sociais-,  além das revistas Samuel, Brasil Atual, Caros Amigos, Fórum, Imprensa, Le Monde Diplomatique Brasil, Piauí e do blog O Xis da Questão Mídia, Jornalismo e Atualidade, do Prof. Manuel Carlos Chaparro.

(24/3/2014 – 12h15)

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