Câmara discute viabilidade de ônibus elétricos em São Paulo

Luiz França/CMSP

O aumento da frota com energia limpa está em debate

DA REDAÇÃO

O número de mortes decorrentes da poluição do ar, causado principalmente pela emissão de gás carbônico, cresce em níveis alarmantes. Segundo Escola de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), os óbitos prematuros por ano já passam de 4 mil só na capital, com um custo financeiro de quase R$ 1,5 milhão.

Os dados foram apresentados nesta quarta-feira (8/6) na Comissão de Política Urbana, Metropolitana e Meio-Ambiente como a principal justificativa para convencer os vereadores a apoiarem a proposta que prevê a substituição de toda a frota de 15 mil ônibus da cidade por veículos elétricos ou que utilizem fontes alternativas aos combustíveis fósseis, como o diesel.

Em reunião extraordinária, a diretora da ABVE (Associação Brasileira de Veículos Elétricos) Ieda Maria Alves de Oliveira, explicou que a proposta da entidade é de uma renovação gradativa, de baixo custo, em um prazo de 15 anos.

O estudo foi feito com três tipos diferentes de ônibus: o trólebus (que depende de tração por meio de redes aéreas e cabos de energia) o elétrico (movido somente a baterias) e o híbrido, que mistura uma ou mais tecnologias. Ieda ressaltou que a ideia é oferecer mais de uma opção, para que as empresas possam se adaptar da melhor forma.

Questionada sobre o impacto financeiro para a Prefeitura, a executiva da ABVE reiterou que, em até oito anos, os veículos elétricos vão custar o mesmo que os convencionais, porque a queda no preço das baterias é uma tendência mundial com o aumento da produção.

“Nosso estudo foi feito considerando o pior cenário, e mesmo assim prevê um aumento pequeno nos custos, porque a substituição será gradual. Depois dos primeiros oito anos, a expectativa, inclusive, é de que o preço seja não só equiparado, mas fique ainda mais barato. Sem falar no benefício para a saúde das pessoas”, enfatizou.

De acordo com Ieda, o estudo apontou que substituir os 15 mil ônibus da cidade por veículos elétricos ou híbridos seria o equivalente a retirar das ruas cerca de 20 milhões de automóveis.

O presidente da SPTrans (São Paulo Transporte S/A) disse que a ideia é viável, já que as renovações de frota têm ocorrido a cada dez anos, e o tempo médio dos ônibus nas garagens é de cinco anos.  Mas de acordo com José Carlos Nunes Martinelli, apesar de possível, o plano proposto na Comissão de Política Urbana não é o único em vista. A ideia, segundo ele, é incluir a proposta nos debates do edital de licitação do Transporte Público.

“Vale lembrar que há uma diferença entre a demanda da ABVE, que defende o uso de ônibus elétricos, e a função da SPTrans. Nós, como reguladores, temos de pensar em aproveitar todas as tecnologias disponíveis que levem a uma redução da poluição. Por isso ainda não vamos especificar qual será o tipo, ou os tipos, de veículo. Isso será definido na licitação”.

O vereador Paulo Frange (PTB) avaliou que independentemente do tipo de veículo escolhido para as novas concessões, o mais importante foi o consenso de que é necessário buscar formas limpas de combustível para os novos ônibus que irão circular na cidade.

“O que foi positivo hoje é que nós vimos uma manifestação clara da Secretaria de Transportes de que mesmo que a gente não consiga definir um único tipo de veículo no processo licitatório, já existe o objetivo de se criar notas e metas obrigatórias que deverão ser cumpridas pelas empresas no período de concessão. Isso já nos traz uma ótima notícia”.

No fim da sessão, o diretor-executivo do Instituto Saúde e Sustentabilidade, Hagop Barsoumian, apresentou outro estudo para enfatizar a necessidade de redução de gás carbônico em São Paulo. “Se nada for feito, e mantidas as condições atuais, mais de 180 mil pessoas devem morrer até 2050 só na capital paulista em decorrência da poluição do ar, o que também significa um custo de R$ 54 bilhões para a economia”, alertou.

 

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