Câmara promove debate sobre os rios canalizados de São Paulo

DANIEL MONTEIRO
DA REDAÇÃO

A cidade de São Paulo tem entre 300 e 500 rios soterrados correndo canalizados embaixo de casas, ruas e edifícios. A estimativa é do Projeto Rios & Ruas e foi apresentada nesta sexta-feira (26/10), em um evento realizado na Câmara Municipal.

A palestra “Rios Cobertos – Vamos descobrir?” buscou propor uma nova abordagem na relação entre a Capital e a sua malha hídrica ao mostrar como se relacionam os rios paulistanos e os nomes dos bairros, a história e o desenho da cidade, além de curiosidades sobre o tema.

Criado há 10 anos pelo geógrafo Luiz de Campos Júnior e o arquiteto e urbanista José Bueno, o Projeto Rios & Ruas tem promovido expedições, exposições, intervenções urbanas e palestras sobre a importância do mapeamento e da conscientização em relação aos três mil quilômetros de cursos d’água escondidos sob a área do município.

Campos contou que a cada 300 metros há um curso d’água na Capital. Contudo, esse número só é lembrado de maneira negativa, no momento em que ocorrem enchentes, alagamentos e destruições. Para mudar tal cenário, o geógrafo reforça a necessidade de promover uma mudança na forma como a sociedade se relaciona com os leitos fluviais do município e, assim, passar a valorizá-los adequadamente. “A melhora ambiental da cidade, o lazer, a autoestima e a qualidade de vida do paulistano estão diretamente ligados com a malha hídrica, principalmente a soterrada”, ressaltou Campos.

Além do meio ambiente, a geografia e a identidade física de regiões de São Paulo teriam sido moldadas pelos rios soterrados, analisam os especialistas. Um exemplo destacado pelo arquiteto e urbanista José Bueno é o “Beco do Batman”, na região da Vila Madalena, na Zona Oeste, que foi construído sobre um rio. O formato da rua segue os contornos do fluxo d’água.

Para Bueno, conhecer esse “tesouro hídrico” faz com que a sociedade crie uma nova relação com o espaço urbano e enxergue a cidade além do asfalto e do concreto. “Nós tentamos recuperar essa sensibilidade pelas pessoas e pela cidade. Quando reaproximamos as pessoas da beira de um rio ou de uma nascente, conseguimos reumanizar as relações e isso pode ser uma solução para alguns dos problemas atuais”, destacou o arquiteto.

Autora da iniciativa, a vereadora Soninha (PPS) reforçou a importância de iniciativas como o Projeto Rios & Ruas para o fomento do conhecimento e como ferramenta na educação ambiental. “Quanto mais nos dermos conta desses seres vivos enterrados, mais poderemos melhorar a condição deles e, portanto, a nossa”, resumiu a vereadora.

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