Campanha Março Azul-Marinho alerta para o câncer colorretal

EMANUEL BELMIRO
DA REDAÇÃO

A cada ano, mais de 40 mil novos casos de câncer colorretal, também conhecido como câncer de cólon e reto, surgirão no Brasil segundo estima o Inca (Instituto Nacional de Câncer). No país, este já é o terceiro tipo mais comum de câncer e atinge principalmente pessoas com mais de 50 anos, sedentárias e com hábitos alimentares baseados em comidas processadas. Neste mês é realizada a campanha Março Azul Marinho que tem por objetivo conscientização a população da prevenção e combate a este tipo de câncer.

Este tipo de câncer abrange tumores que acometem um segmento do intestino grosso (o cólon) e o reto. O mesmo é tratável e, na maioria dos casos, curável caso o tumor, precocemente identificado, seja extraído, antes de se espalhar pelo corpo. Grande parte desses tumores se inicia a partir de pólipos, lesões benignas que podem crescer na parede interna do intestino grosso.

Fatores de risco

Segundo a coloproctologista Marília Marcelino, fatores hereditários, ou seja, o fato de familiares de primeiro grau (pais, irmãos e avós, por exemplo) terem sido vítimas deste tipo de câncer, aumenta a chance de adquirir a doença. “A hereditariedade não é uma regra. Não é porque sua mãe teve que você também terá, porém as chances de são maiores em relação a pessoas cuja família não registrou nenhum caso deste câncer”, afirma Marília.

A médica também chama a atenção para fatores como alimentação pouco saudável, sedentarismo e outros hábitos de risco podem desencadear o surgimento deste tipo de câncer. “Uma dieta pobre em alimentos que contém fibra (encontrada nas frutas, verduras e cereais, por exemplo), mas rica em alimentos ultraprocessados, industrializados e embutidos, feitos com muito açúcar refinado, pouca ingestão de água, consumo de álcool, tabagismo e falta de exercícios físicos influenciam diretamente no aparecimento do câncer de colorretal”, pontuou a doutora.

Apesar de ser mais comum em pessoas com mais de 50 anos, a idade, segundo a especialista, deixou de ser um fator determinante já que, segundo ela, devido ao ritmo de vida atual, onde as pessoas se alimentam cada vez mais de maneira inadequada, optando por pratos mais práticos e industrializados, observa-se o aumento do surgimento deste câncer em pessoas mais jovens.

Sintomas

Assim como a maioria dos cânceres, o colorretal vai se desenvolvendo lentamente e pode ficar vários anos sem apresentar sintoma algum. Na verdade, segundo a doutora Marília Marcelino, geralmente, quando os sintomas se manifestam, pode ser que a doença esteja num estágio mais avançado, entretanto algumas reações do corpo podem servir pista e merecem atenção. “Os sintomas vão depender da localização do tumor no intestino, mas em linhas gerais o podemos observar se houve alguma mudança no hábito intestinal (alternância entre diarreia e prisão de ventre), sangramento escurecido nas fezes, perda de peso não intencional, dores abdominais, estofamentos, mas lembrando que precisa da avaliação médica para que o diagnóstico seja fechado”, informa a médica.

Exame de colonoscopia

A avaliação preventiva é feita através de um exame chamado colonoscopia que é indicado para prevenção, diagnóstico e também para o tratamento precoce de lesões intestinais. De acordo a doutora Marília Marcelino, a idade indicada para a realização deste exame vai variar de acordo com o histórico familiar deste tipo de câncer na família. “Se a pessoa não apresenta histórico familiar e não possui nenhum sintoma referente a doença, ela deve fazer a sua primeira colonoscopia a partir dos 45 anos. Entretanto, se alguém da família já teve esta doença é importante que o exame seja realizado até antes dos 40 anos”, falou a doutora.

Durante a colonoscopia, as massas aparentemente cancerosas (malignas) são removidas utilizando-se instrumentos inseridos através do colonoscópio. As massas são enviadas ao laboratório para serem examinadas quando à presença de câncer. Outras massas maiores devem ser removidas durante uma cirurgia normal. Além da Colonoscopia também podem ser realizados outros exames diagnósticos complementares tais como tomografia computadorizada e exames genéticos para detectar a síndrome de Lynch.

Chance de cura e tratamento

De acordo com a médica Marília Marcelino, a chance de cura do câncer colorretal é alta podendo chegar a 90%, mas isso vai depender da localização do estágio no qual este câncer está. “é importante observar se este câncer estará apenas concentrado ali no intestino ou se ocorreu a metástase, que é quando a doença se espalha pra outros órgãos, que neste caso o quadro é mais complicado.

A médica explica que ocorrendo a metástase é provável que o tratamento se inicie com uma quimioterapia ou com uma radioterapia se o mesmo estiver localizado no reto, que, por se tratar de uma região mais sensível, é uma opção de tratamento mais viável já que a ideia é diminuir o tamanho do tumor, primeiramente, e operar num segundo momento.

Marília considera de fundamental importância as ações de conscientização e orientação celebradas durante o Março Azul-Marinho pois ajuda, principalmente, a quebrar o tabu em torno da doença. “Muitas vezes as pessoas têm preconceito e vergonha de falar que estão com sangue nas fezes ou que vem tendo muitos gases, mas quando você tem mais informação sobre o assunto essas ideias distorcidas vão diminuindo por isso é muito importante esse trabalho junto a sociedade”, afirma ela.

Neste link você pode acessar a cartilha informativa da SBOC (Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica) que contém informações importantes que podem ajudar a prevenir o câncer colorretal.

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