Comandante da Guarda Civil admite postura higienista da instituição

O comandante da GCM (Guarda Civil Metropolitana), Gilson Menezes, afirmou nesta segunda-feira (9/6) que a instituição tem uma postura higienista em relação à população de rua. Apesar de considerar um desafio alterar a cultura da corporação, o inspetor garantiu que a atual gestão trabalha para mudar esse cenário.

A higienização que acontece na cidade não é apenas uma preocupação durante a Copa do Mundo. Estamos implementando uma série de medidas para que essa questão não ocorra durante a nossa gestão. A GCM, em determinado momento, era usada para lidar com a população de rua de maneira equivocada e não queremos mais que isso aconteça. Estamos mudando esse tipo de postura paulatinamente, afirmou Menezes durante reunião da Comissão de Defesa de Direitos Humanos, Cidadania e Relações Internacionais, realizada na manhã de hoje.

O padre Júlio Lancellotti, da Pastoral de Rua, declarou que fica perplexo com esse tipo de postura da GCM. Agora temos aqui explicitado que a instituição tinha uma diretriz de truculência com a população de rua. E, apesar desses esforços que estão sendo feitos, essa cultura ainda não mudou, reclamou.

Exemplo disso, segundo Lancellotti, foi a ação realizada em maio pela Guarda Civil para remover famílias que moravam embaixo do viaduto Alcântara Machado, na zona leste. Os guardas agrediram as pessoas e o inspetor que comandou isso jogou gás de pimenta na minha cara. Acompanhei tudo isso de perto e acho que não adianta curso e palestra para os profissionais, é necessário que a GCM não tenha mais uma atitude militar. Quem está na segurança precisa saber lidar com a sociedade e não agir com atrocidade e barbaridade, pediu o sacerdote.

Em resposta, o comandante Menezes reforçou que o comando está empenhando em fazer com que cenas como essa não se repitam. Já tivemos uma mudança substancial. No entanto, falhas podem existir. Estamos aqui para corrigir isso e vocês têm o meu compromisso de que a cada dia vamos aprimorar ainda mais nosso atendimento em relação à população de rua, garantiu.

Frio
Outro problema discutido durante a reunião foi a política para o acolhimento da população de rua durante o inverno. A coordenadora-geral de políticas para população em situação de rua do município, Luana Bottini, declarou que neste período serão garantidas 11 mil vagas nos alojamentos. Estamos com mais peruas para ir até os moradores de rua e conversar com eles para saber se eles querem ir para os albergues. Também estamos trabalhando de maneira transversal para fazer várias políticas, porque o mais difícil sempre é lutar pela dignidade. Por isso, estamos elaborando um plano municipal juntamente com essas pessoas, afirmou.

 Por sua vez, o presidente do Movimento Estadual da População em Situação de Rua, Robson Mendonça, reclamou do tratamento dispensado aos usuários dos albergues. Não é apenas a GCM que é violenta com a gente, isso acontece em todas as esferas do poder. Nos albergues somos humilhados, roubados, e não tem vaga para todo mundo, contou.

A coordenadora de proteção especial da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social, Isabel Bueno, defendeu os programas da prefeitura. Temos um reforço neste período e aumentamos o número de peruas para fazer esse acolhimento. Estamos também com mais dois alojamentos, um em Aricanduva e outro na Casa Verde. Queria dizer que a secretaria não faz nenhum tipo de abordagem truculenta, nem viola os direitos humanos, disse. (Da Redação)

(09/06/2014 – 13h17)

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