Combate ao bullying é debatido na Comissão da Criança e do Adolescente

Luiz França/CMSP

JOTA ABREU
DA REDAÇÃO

A Comissão de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, presidida pela vereadora Soninha Francine (CIDADANIA), realizou uma reunião para discutir problemas e soluções para o bullying entre os alunos das unidades escolares do município.

Participaram das discussões Márcia Bonifácio, representante do Naapa (Núcleo de Apoio e Acompanhamento para Aprendizagem) da Secretaria Municipal de Educação; Sandra Fodra, do Núcleo de Convivência da Secretaria de Educação do Estado; Paula Gardinia, professora da Rede Pública Municipal; Raul Augusto Souza, psicanalista, e Ana Carolina Schwan, coordenadora do Núcleo da Infância e Adolescência da Defensoria Pública.

Lotação esgotada

O público foi composto, basicamente, por adolescentes e jovens, alunos dos programas do CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola), que compartilharam experiências de bullying que tiveram ou presenciaram, alternando com as intervenções dos convidados da mesa. O auditório ficou lotado.

Convivência saudável

Márcia Bonifácio explicou que o Naapa trabalha atende demandas solicitadas por unidades educacionais com conflitos, e que o núcleo trabalha cada caso de forma individualizada com as equipes escolares. As equipes são multidisciplinares, com professores, pedagogos e psicólogos.

“Estamos pensando em como construir ambientes menos violentos dentro da escola, a partir da percepção que a prática da violência se dá na prática do racismo, da homofobia, das questões de gênero, etc. Nosso desafio é olhar para aquela situação singular, e construir com a equipe local possibilidades que visam a melhoria das relações que acontecem dentro do espaço da escola”, disse.

Já Sandra Fodra ressaltou a necessidade de criar um ambiente de convivência saudável. “O trabalho é de conscientização dos educadores para atuar na melhoria das relações. E também para que os alunos saibam identificar as situações. É uma violência muito grave, e os casos não podem ficar sem ser resolvidos. Tanto os perpetradores quanto as vítimas têm que passar por atendimento”, defendeu.

Protagonismo e modelo institucional

A professora Paula Gardinia é premiada por alguns dos projetos que desenvolve na rede pública, com foco no protagonismo juvenil. A profissional relatou a história de um aluno com habilidade para desenhos que, convidado a ilustrar os livros dela, não acreditava em si, pois os pais desencorajavam a profissão de ilustrador. “Acredito muito que o aluno que sabe o que quer, tem objetivos e sonhos, consegue identificar e se defender melhor de uma situação de violência psicológica”, ressaltou.

Em sua fala, o psicanalista Raul Augusto disse ser preciso rever o modelo institucional das escolas que, conforme avalia, pode favorecer um ambiente de discriminação. “É preciso evitar uma instituição que promova educação a partir da humilhação, como acontece, ao valorizar o melhor, humilhar o que erra. Mas também é preciso favorecer espaços de convivência, porque a escola não é só um espaço de aquisição de conteúdo, mas também de aprender a lidar com o outro, conversar com o professor, levar uma reivindicação para um superior, discutir a cidade, etc.”, destacou.

Tolerância e desafios

Para a coordenadora do Núcleo da Infância e Adolescência da Defensoria Pública, Ana Carolina Schwan, é preocupante que a terceira maior causa de morte de crianças e adolescentes no Brasil seja o suicídio, muitas vezes consequência de recorrentes humilhações e discriminações sofridas. “A Lei de Diretrizes e Bases fala que as escolas devem formar cidadãos tolerantes e que não promovam a discriminação. E para isso é necessário oferecer informação, até porque isso vai reverberar na família e, desta forma, na sociedade”, alertou.

Para a vereadora Soninha Francine (CIDADANIA), foi positivo poder compartilhar as informações e discutir o tema durante a reunião.

“Como muitas coisas recentes, a gente aprendeu a reconhecer que sempre teve violência repetitiva nas escolas, mas a gente não identificava isso como um tipo de comportamento que precisa ser abordado. É desafiador, é complexo, mas às vezes nem o agressor nem o agredido sabem identificar como uma forma de violência. Então é importante a gente falar aqui na Câmara, e mais ainda nas escolas”, disse a presidente da Comissão.

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