O superintendente dos cemitérios municipais do período da abertura da vala do cemitério de Perus, Rui Barbosa Alencar, participou da reunião da Comissão Municipal da Verdade nesta terça-feira (11/6), e lembrou os principais episódios do período. A vala, descoberta por familiares de desaparecidos políticos, continha mais de mil ossadas não identificadas.
Rui lembrou que quando soube da existência das ossadas, militantes e até a imprensa já tinham muitas informações. A exumação só ocorreu depois de diversas tentativas e, graças a um convênio com a Unicamp, foi possível identificar cinco corpos (número que depois caiu para três). Foram feitas perícias, fotografia, comparação e reconstituição. O convênio não foi renovado depois de 1992, pois, segundo eles, já haviam feito tudo o que era possível, contou.
Para o vereador Mario Covas Neto (PSDB), um novo convênio com a universidade poderia trazer novos dados. Essa comissão poderia fazer uma nova rodada de identificações, sugeriu, após Rui afirmar que hoje existem novas tecnologias que facilitam esse trabalho.
Já o membro da Comissão Estadual da Verdade, deputado estadual Adriano Diogo, sugeriu que o colegiado investigasse mais a fundo em quais circunstâncias o cemitério de Perus e o crematório da Vila Alpina, contemporâneos, foram criados. É uma vergonha saber que, de repente, começou a aparecer um monte de cemitério, um crematório sem justificativa nenhuma e até hoje ninguém investigou, criticou.
O presidente da Comissão Municipal, vereador Natalini (PV), propôs um terceiro encaminhamento. Segundo ele, um plano de trabalho está sendo elaborado com o chefe de gabinete da atual superintendência do serviço funerário, e o Padre Julio Lancelotti será convidado para uma reunião do colegiado, para um debate sobre as condições em que ocorre o sepultamento na cidade atualmente.
Marin
A vinda do presidente da CBF, José Maria Marin, à Câmara Municipal nesta segunda-feira foi tema de debate na reunião desta terça-feira. Ele já foi convidado para depor na Comissão da Verdade, por ser apontado como um dos mandantes da morte do jornalista Vladimir Herzog.
O vereador Ricardo Young (PPS), autor do requerimento que busca trazer Marin ao Palácio Anchieta, pediu mais atenção ao assunto e que ele seja tratado de uma forma mais ampla. Há um movimento nas redes sociais que não o reconhece como presidente da CBF, justificou.
Natalini contou que o depoimento de Marin à Comissão da Verdade está agendado para 27 de agosto. Ele ainda garantiu que, caso o presidente da CBF recuse comparecer, o colegiado irá proceder da mesma forma que foi feito com o Coronel Brilhante Ustra, convocado via Comissão Nacional da Verdade.
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