CPI de Danos Ambientais discute contaminação de Jurubatuba

Juvenal Pereira
CPI Danos Ambientais
“Eles (Cetesb) ainda estão estudando. O que me apavora é isso: quando vão concluir”, reagiu o vereador Ítalo Cardoso

 

 

Os integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura e investiga Danos Ambientais na cidade ouviram, nesta terça-feira (17/3), o engenheiro Luis Carlos Rodrigues, gerente da Agência Ambiental de Santo Amaro da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado (CETESB), que estava acompanhado do engenheiro Vicente de Aquino Neto. Na ocasião, foram debatidas informações a respeito de danos ambientais causados por  área contaminada do bairro de Jurubatuba, zona sul de São Paulo.
 
De acordo com os representantes da CETESB, o problema maior está concentrado numa área comprovadamente contaminada, poluindo o solo, poços de água subterrânea e cacimbas , que se estende por um raio de aproximadamente 500 metros da empresa Gillette do Brasil, na Avenida Engenheiro Eusébio Stevaux, 2.105, local que anteriormente pertenceu a empresa Duracell. A Gillette adquiriu o imóvel em novembro de 2001.
 
Vicente Aquino Neto revelou que essa área apresenta uma concentração elevada de solventes clorados, causada possivelmente da antiga atividade de desengraxe de tampas de baterias e que a CETESB prossegue no aprofundamento dos estudos para juntar um maior número de informações necessárias para melhor poder orientar a remediação da área, predominantemente industrial antiga.
 
O vereador Ítalo Cardoso (PT) contestou a informação de que a região é predominantemente industrial. “Já foi no passado. Agora é de serviços e conta com vários empreendimentos imobiliários, com a construção de conjuntos habitacionais, onde estão sendo abertos poços artesianos, além de existirem duas empresas que fornecem água mineral”, afirmou.
 
Luis Carlos Rodrigues tranqüilizou o parlamentar, informando que a água subterrânea do local está proibida de ser utilizada até que se conclua todo o procedimento de remediação da área. “As empresas que se utilizavam de água subterrânea tiveram seus poços lacrados por orientação da CETESB e da Vigilância Sanitária no sentido de impedir que essa água com contaminantes pudesse ser usada em seus produtos ou fabricação, evitando-se problemas à saúde pública”, disse
 
Assim que adquiriu a área, a Gillette contatou a Cetesb para uma investigação detalhada. Em 2003, após várias pesquisas, foi constatada alteração da qualidade dos poços freáticos da região. No ano seguinte, a Cetesb ampliou a pesquisa e verificou a presença de solventes clorados e metais pesados na água do lugar e a contaminação de outras áreas, atingindo os aquíferos da região.
 
A contaminação vem de décadas e agora está mais visível. A prática de perfuração de poços clandestinos agrava a contaminação, disseminando poluentes. As águas estão contaminadas com metais pesados e com solventes, que á medida que se decompõem tornam-se mais tóxicos, causando doenças do fígado, rins, pulmão e até câncer.
 
E, além do fechamento de alguns poços e dos estudos que os técnicos da Cetesb continuam realizando, pouca coisa de concreto foi feita para resolver o problema.
 
Ítalo Cardoso, que acompanha o caso desde 2001, não ficou satisfeito com as informações prestadas pelos representantes da CETESB. "Eles (CETESB) ainda estão estudando. O que me apavora é isso: quando é que eles vão concluir esse estudo, quando é que eles vão tirar metas claras para que também a população possa acompanhar?”, disse
 
Segundo o vereador, os representantes da CETESB "vieram aqui para falar termos técnicos e científicos que, na verdade, não representam o que nós queremos saber. Nós queremos saber o que de concreto o que o Estado, a Prefeitura e governo federal estão fazendo para tratar desse problema com o carinho que merece”.
 
Ítalo Cardoso também contestou o tamanho da área contaminada. “Na verdade são 17 quilômetros a partir da Gillette do Brasil. Daí chega até o Hospital São Luis, ao Shopping Ibirapuera, ao Morumbi, além de abrigar duas empresas que fornecem água mineral e várias empresas que fornecem produtos alimentícios”, explicou. “Pedi aos técnicos uma amostra da empresa Solventex, que fica na região de Casa Grande, no extremo da zona sul e trabalha com a recuperação de solventes, ou seja, aquilo que está pobre e ninguém mais quer eles pegam esse produto e recupera. Com certeza, se fizerem um estudo sério, vão detectar que essa empresa já contaminou boa parte daquela área, inclusive que é de preservação ambiental”.
 
 Integram a CPI os vereadores Juscelino Gadelha (PSDB), Antonio Goulart (PMDB), Penna (PV), Paulo Frange (PTB), Alfredinho (PT), Ítalo Cardoso (PT), Milton Ferreira (PPS) e Marco Aurélio Cunha (DEM) 
 
 

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