Em audiência, Comissão de Saúde debate terceirização na saúde pública

Afonso Braga | REDE CÂMARA SP

Audiência Pública da Comissão de Saúde, Promoção Social, Trabalho e Mulher desta quarta-feira (15/6)

MARCO CALEJO
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Na pauta da Comissão de Saúde, Promoção Social, Trabalho e Mulher desta quarta-feira (15/6), o colegiado debateu em Audiência Pública o tema que trata da terceirização da gestão no setor da saúde pública e das consequências que esse modelo de administração impacta no trabalho do SUS (Sistema Único de Saúde).

A audiência foi presidida pela vereadora Luana Alves (PSOL), integrante da Comissão de Saúde e autora do documento que solicitou a discussão. De acordo com a parlamentar, a administração indireta gera problemas, causando instabilidade entre os profissionais. Para Luana, é fundamental manter o servidor da saúde no posto de trabalho para garantir qualidade no atendimento.

“Se trocar de cinco em cinco meses os médicos e os enfermeiros, temos uma qualidade baixíssima no atendimento. E as OSs (Organizações Sociais) acabam gerando mais rotatividade, isso é um problema que temos visto”, disse Luana, que também falou sobre a ausência de representantes da Secretaria Municipal da Saúde e das OSs no debate desta quarta-feira. “Seguimos em diálogo para que eles venham em um próximo momento”.

Vanessa Araújo, do Simesp (Sindicato dos Médicos de São Paulo), afirmou que o debate sobre a terceirização da gestão da saúde pública na capital paulista é antigo e que é fundamental discutir esse assunto com a sociedade. Para ela, a gestão dos serviços públicos através de uma entidade privada, prioriza os “interesses privados sobre os interesses públicos”.

A representante do Simesp acrescentou ainda que a terceirização gera “uma cadeia de repercussões que vão desde uma assistência precarizada para a nossa população até uma perseguição e uma dificuldade que os trabalhadores de saúde possam ter dentro do seu ambiente de trabalho para cumprir com o seu papel de luta pela saúde pública”.

Também participou da audiência a nutricionista Sheila Costa, do Sindsep (Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo). “O Sindsep é contra qualquer forma de contratação que não seja por meio de concurso público, porque sabemos da alta rotatividade, que o trabalhador das terceirizadas é muito precarizado. Ele é vítima do sistema”.

Em nome do SEESP (Sindicato dos Enfermeiros do Estado de São Paulo), Ivonildes Ferreira defendeu a continuidade do trabalho dos profissionais e cobrou critérios para a contratação de enfermeiros. “As contratações são muito ruins. É uma falta de respeito com a população”.

A etnia Pankararu foi representada pelo indígena Edcarlos Nascimento, que se posicionou contrariamente à gestão das OSs. “As OSs vêm sucateando os trabalhadores da saúde. Temos que cuidar daqueles que cuidam de nós”.

Para Ana Laura Cardoso, da Rede Emancipa, é importante que os profissionais e a população se mobilizem para “dizer não a essa política de desmonte da saúde, a essa política de derrota ao que a gente vem construindo no SUS”.

Já Lester Amaral, do Coletivo Butantã na Luta, sugeriu à Câmara que as OSs sejam investigadas. “Que se pense sim em uma base factual para uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) das OSs na cidade de São Paulo, porque eu acho que é uma base real de muitos e muitos fatos que justificam essa iniciativa”.

Assista na íntegra à Audiência Pública da Comissão de Saúde:

 

4 Contribuições

Rui Gois

Tem que terceirizar o atendimento publico da saúde, porque os funcionários concursados não querem trabalhar, usam a estabilidade funcional apenas para receber os salários e benefícios da aposentadoria.
Os médicos não cumprem o horário de atendimento, trabalham em hospitais particulares e só vão ate o local da lotação no final do dia para assinar o ponto.

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Ditlon Gonçalves Ferreira

O sistema de saúde gasta muita mais com a terceirização do que com o concurso público, além domais, os baixos salários oferecidos palas empresas privadas. Temos que retomar o concurso em todas os setores da saúde com salários e
condições de trabalho dignos.

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Margarida soares

Não concordo. Tivemos um avanço na saúde quando entrou as OSs. Os atendimentos mais humanizados, com novas técnicas. É uma pena que o Hospital campo limpo não ficou sob a responsabilidade do Einstein. Hoje está com pacientes internados em pé nos corredores porque nem cadeira tem mais. Maca então nem pensar. Cama um sonho de consumo.

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rogerio b oliveira

Importante tema para a cidadania paulistana. Os problemas pontuados são uma visão real para a gestão das politicas de saúde, porém sentimos falta de fundamentação dos argumentos expostos, denotando abordagem superficial do tema, sem dados comparativos em gestões compartilhadas ou privadas. No entanto a insuficiencia e incapacidade apresentados no atendimento pela gestão publica são notórios, como reportagem divulgada hoje sobre o posto de saúde de Itaquera prox. ao metrô, com muita reclamação de usuários de demora e falta de materiais. De qualquer forma parabenizo o trabalho da nobre comissão.

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