Evento discute se tarifa zero é viável ou inviável para SP

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Lúcio Gregori, ex-secretário municipal de transportes é defensor da gratuidade no sistema. Para ele, o termo tarifa zero não é sinônimo de ausência de custos no transporte. Não é que o sanduíche seja de graça, é quem paga o sanduíche. Hoje quem paga é quem não tem alternativa, está cativo do sistema. Sou defensor de impostos progressivos, uma forma robusta de fazer o transporte subsidiado até chegar à tarifa zero, explicou.

Gregori, resumiu, durante debate na Câmara, sua visão do assunto: para ele, é preciso mudar o modelo de concessão nos transportes, e embora existam aspectos técnicos a serem discutidos, o fim da cobrança de tarifa é uma questão política. Quando o assunto é tarifa zero, sempre é essa busca de pelo em ovo. Vão procurar, mas não vão encontrar.  Para o ex-secretário (de 1989 a 1992) é anacrônico que o transporte seja tratado quase como capitanias hereditárias, disse, referindo-se ao controle de empresas sobre regiões da cidade por décadas.

E exemplificou sua posição: Se eu pegar um táxi a corrida dá o mesmo preço com uma, duas ou três pessoas dentro

Representante do Movimento Passe Livre, Monique Felix também criticou o modelo, no evento desta sexta no Legislativo: É fundamental o Poder Público discutir o custo operacional e não por passageiro. Esse modelo atende ao lucro dos empresários e não aos passageiros e ao bom funcionamento do transporte coletivo.

Monique explicou que o Passe Livre critica o financiamento direto do transporte por meio de tarifa em detrimento de um financiamento pelo conjunto da população. Isso porque, ela explicou, todos se beneficiam dele e, apenas com o fim da tarifa, há a compreensão do transporte coletivo como direito social. O serviço público não tem restrição de acesso. Ninguém passa no poste de luz e põe uma moedinha, afirmou.

Favoráveis a mudanças, contrários à tarifa zero

Horário Figueira, da Rede Nossa São Paulo, disse ser contrário ao fim da tarifa por questão técnica. São doze milhões de viagens a pé por dia na cidade. Não tem estrutura para essas viagens migrarem para o transporte público. Ele defende medidas como a municipalização da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, imposto sobre a gasolina) e garantia de que este tributo seja revertido ao subsídio, de forma a reduzir a tarifa.

Além disso, Figueira acredita ser necessária alguma cobrança. O nível de depredação é alto em cidades com tarifa zero, argumentou, citando o Bom Prato — refeições a R$ 1 oferecidas pelo Governo Estadual — como modelo de política pública que não humilha ninguém por ser gratuita e é de qualidade.

Na mesma linha, o vereador Ricardo Young (PPS) falou favorável a mudanças na gestão dos transportes, porém teme que o passe livre universal seja um fator de endividamento grave do município. Em sua opinião, o modelo de licitação no transporte público precisa ser completamente diferente.

Temos um sistema mantido por empresas familiares, e com passivos fiscais grandes. Demos a empresas erradas concessão daquilo que é cada vez mais estratégico, disse o parlamentar, para quem a mudança depende de regulação por parte do poder público. (Thaís Lancman)

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(27/9/2013 – 14h37)

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