A Câmara Municipal de São Paulo recebeu neste sábado (24/3) um encontro da Oboré – Projetos Especiais. O evento celebrou os 40 anos da entidade e homenageou o jornalista José de Freitas Nobre, que foi vereador da cidade e, se estivesse vivo, completaria 97 anos.

A Oboré foi criada em 1978 como uma cooperativa de jornalistas e artistas para colaborar com os movimentos sociais e de trabalhadores urbanos. Atuou, inclusive, na montagem de departamentos de imprensa e no planejamento comunicacional desses grupos.

Na década de 1990 passou a desenvolver projetos de comunicação com trabalhadores rurais e a oferecer cursos modulares para estudantes de Jornalismo.

 “Fomos bem sucedidos naquilo que decidimos fazer há 40 anos. Conseguimos contribuir com a democratização e o acesso aos meios de comunicação, justamente em uma época em que não se tinha uma fartura comunicacional como a de hoje”, disse o jornalista e diretor da Oboré, Sérgio Gomes.

Para a diretora do grupo, Ana Luisa Zaniboni, essas quatro décadas representam um compromisso com a comunicação e a transformação social. “É um trabalho que está a serviço daqueles que mais precisam. E isso nós fizemos e continuamos fazendo com muita garra”, disse.

O vereador Eliseu Gabriel (PSB), que apoiou o evento, ressaltou a importância da Oboré no contexto da Ditadura Militar no Brasil (1964-1985), especialmente no período em que os movimentos sociais começaram a crescer.

“Desde sua criação, eles ajudavam a organizar os departamentos de comunicação e jornalismo dos movimentos e sindicatos. Sempre foram profissionais muito dedicados à justiça social”.

Durante o evento, denominado “Encontrão”, diversos jornalistas e comunicadores falaram sobre a atuação da Oboré. O jornalista José Vidal Pola Galé, um dos fundadores do grupo, alertou para os desafios futuros. “O projeto nasceu em um período de Ditadura Militar. Hoje, estamos em um regime democrático. Mas essa luta tem que ser permanente.”

O consultor sindical João Guilherme Vargas Netto compôs a mesa do encontro e destacou a importância da construção crítica. “A Oboré tem uma marca muito forte na formação de jovens profissionais. Trata-se de um projeto que deve ser valorizado e multiplicado”, disse.

Com uma carreira intelectual e política expressiva, o jornalista e advogado José Freitas Nobre, morto em 1990, foi homenageado durante o evento. Ele foi professor na USP (Universidade de São Paulo), vereador na cidade de São Paulo, e deputado federal. Além disso, presidiu o SJSP (Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo) e a Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas).

A pedagoga Olga Maria de Freitas Nobre, filha dele, recebeu as homenagens. “Essa celebração nos dá um orgulho muito grande. É uma forma de reconhecer o legado e as obras que ele deixou. E é ainda mais simbólico por acontecer em um auditório que leva o nome dele [auditório Freitas Nobre]”.

Antes do início das homenagens, estudantes de Jornalismo e recém-formados participaram do processo seletivo para a 11ª edição do curso Descobrir São Paulo, Descobrir-se Repórter. O módulo faz parte do Projeto Repórter do Futuro, realizado pela Oboré, em parceria com a Escola do Parlamento da Câmara Municipal.

Para o recém-formado Caio Araujo, que participou do processo seletivo, o curso é uma oportunidade para aprimorar a produção de conteúdo jornalístico. “O profissional precisa conhecer o meio no qual ele está inserido. Nesse caso, é na cidade de São Paulo. Portanto, esse é um módulo que traz questões e debates importantes para a formação”, comentou.

Nesta edição, os 20 estudantes selecionados irão discutir, entre os dias 7 de abril e 9 de junho, temas como Segurança, Gestão da Cidade, Saúde e Mobilidade.