Futuro Parque Orlando Villas Boas terá de ser frequentado com restrições

Juvenal Pereira
CPI Danos Ambientais
Os vereadores Goulart e Penna também se mostraram preocupados com as áreas contaminadas da cidade

 

O Parque Orlando Villas Boas, que a Prefeitura pretende inaugurar em breve no terreno da antiga Usina de Compostagem da Vila Leopoldina, terá de ser utilizado de forma restrita. Na área de 54.374 m² – onde eram tratadas 800 toneladas de lixo, em média, por dia -, os frequentadores não poderão ter contato com o solo de algumas áreas do parque e a Prefeitura não poderá plantar árvores frutíferas nem abrir poços de água em virtude do solo e subsolo estarem contaminados.

As informações foram dadas nesta terça-feira (18/08) pelo engenheiro Vicente de Aquino Neto, do setor de Áreas Contaminadas da Cetesb, aos integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) de Danos Ambientais da Câmara Municipal. Na ocasião, Aquino Neto apresentou o trabalho de gerenciamento da área contaminada da usina e do entorno.
 
“Na região, onde será implantado o parque nós temos duas áreas principais a serem gerenciadas em termos de contaminação do solo e das águas subterrâneas para não ter interferências na implantação do Villas Boas. Uma era da antiga Sab Wabco do Brasil, atual Faiveley Transport do Brasil”, informou o engenheiro da Cetesb.“Na área da Sab Wabco o solo e as águas subterrâneas  estão contaminados por solventes halogenados que migraram para o terreno externo, atingindo a área da usina, onde será implantado o parque.” Essa área está em vias de ser vendida para um incorporadora, que pretende construir um prédio residencial no local.
 
Para enfrentar essa situação, o técnico da Cetesb acha que “é necessário que essas plumas de contaminação sejam remediadas, porque envolvem concentrações de poluentes em níveis superiores as máximas aceitáveis para o uso seguro do local."  Por isso, vai se fazer uma remediação na área fonte.
 
Na área da antiga usina de compostagem, onde foi detectada a contaminação por algumas substâncias, a Prefeitura não pretende fazer remediação do solo. Mas, Aquino Neto acredita que a adoção de medidas de controle de engenharia serão suficientes para se gerenciar a contaminação existente.
 
Ao ser indagado de ter informado aos vereadores de que o parque terá seu uso restrito, porque não se pode entrar em contato com o solo de algumas áreas, e não se poder abrir um poço nem plantar árvore frutífera, Aquino Neto disse: “Em face das incertezas, pois não se sabe aonde pode ter alteração no local da contaminação, foi recomendado que, caso elas permaneçam, que árvores frutíferas não sejam plantadas. São medidas preventivas sem nenhuma confirmação científica de que o frequentador corre o risco de comer uma fruta de uma árvore plantada.”
 
E mais: “Quando se investiga uma área contaminada todo processo de investigação de subsolo e águas subterrâneas existe uma incerteza relacionada ao grau de contaminação e grau de alteração. Pela incerteza que temos hoje essas são medidas protecionistas em relação ao uso planejado para a área. Você pode avançar na investigação, detalhar mais, dispor recursos para fazer isso e de repente eliminar todas essas restrições.”
 
Problema sério
 
“A região que envolve o parque na zona oeste é um problema sério. O que foi encontrado tanto no solo quanto na água superficial é preocupante. São elementos tóxicos, como cromo, zinco, níquel, bários, arsênico, chumbo, tanto é que o parque terá limitações, com relação à utilização de água do próprio solo, a não permissão para se plantar árvores frutíferas”, ressaltou o vereador Paulo Frange (PTB).
 
“Na visão da Cetesb é possível autorizar o funcionamento de um parque desse com algumas restrições. Na nossa visão deveria ser feita uma raspagem do solo contaminado até se encontrar um solo absolutamente seguro e o material retirado ser depositado em algum lugar específico. O solo deve ser descontaminado ou ele é tratado como contaminado. Meia contaminação não existe. É mesma coisa que dizer que uma mulher está meia grávida. Ou está ou não está”, acrescentou o parlamentar.
 
Mais devagar
 
Já o vereador Juscelino Gadelha (PSDB) se mostrou preocupado com a informação dada pelo técnico da Cetesb de que não será feita a remediação da área onde funcionou a usina de compostagem para permitir que o parque seja inaugurado em breve. “Isso nos preocupa, pois não se pode plantar árvore frutífera, não se pode bebe água, não pode isto, não pode aquilo. O parque poderia ser implantado numa velocidade menor. Acho que se poderia remover a terra contaminada e fazer calçamentos. Acredito que isso melhoraria a situação. Não sou contra o parque, mas é necessário se fazer as coisas de forma mais lenta para que as pessoas tenham segurança para frequentar o local”, afirmou.

Integram a Comissão os vereadores Paulo Frange, Penna (PV), Juscelino Gadelha, Marco Aurélio Cunha (DEM), Milton Ferreira (PPS), Quito Formiga (PR), Ítalo Cardoso (PT), Alfredinho (PT) e Goulart (PMDB), presidente.

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