Genocídio é tema de palestra na Câmara Municipal

Fábio Jr Lazzari/CMSP
2012-09-20_Palestra_Holocausto_23

A Câmara Municipal recebeu nesta quinta-feira uma palestra promovida pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) para debater a liberdade religiosa e o genocídio no Brasil e no mundo. O evento reuniu mais de 250 pessoas.

Sobre o tema, os palestrantes defenderam que países democráticos, como o Brasil, são responsáveis por tentar acabar com a violência, a intolerância religiosa e o genocídio que acontece até os dias de hoje. “O Brasil pode ser uma voz para lutar contra o genocídio. Nós, da OAB, já atuamos em quatro casos internacionais, demostrando o nosso repúdio a qualquer espécie de intolerância”, afirmou a presidente da Comissão de Direito e Liberdade Religiosa da OAB-SP, Damaris Dias.

Integrante da mesma comissão, Gilberto Cury classificou o genocídio como “uma ação que revela a atrocidade e coloca para fora os piores extintos do ser humano”. “Devemos lutar contra a intolerância, e que o Brasil tenha amor pelos armênios, judeus e pessoas de qualquer outra nação”, declarou.

Para os especialistas, a educação é uma saída para acabar com a violência entre os povos. “O sistema judiciário e os advogados precisam ter mais responsabilidade moral para declarar e reconhecer a liberdade de escolha das pessoas. Precisamos ter voz, e os responsáveis pelas leis devem ser educadores para promover a democracia e lutar contra a intolerância, racismo e perseguições”, defendeu a diretora do museu do Holocausto na Carolina do Norte (EUA), Karel Reynolds.

Os participantes da palestra lembraram que além do Holocausto promovido por Adolf Hitler, outras formas de extermínios continuam acontecendo pelo mundo. Um dos piores episódios da história recente, segundo eles, foi o genocídio em Ruanda, na África, em 1994, que deixou um saldo de mais de 800 mil mortos.

“Foram exterminadas quase um milhão de pessoas em 100 dias em Ruanda. E não estamos falando de fatos antigos, mas sim de coisas que aconteceram atualmente. O genocídio também está acontecendo no Sudão, onde mulheres são estupradas até a morte. A história já nos ensinou que nações que permitem abusos se autodestruíram. Não podemos permitir mais que isso aconteça”, afirmou Karel.

Palestrante do evento, a coordenadora do Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação (Leer), Maria Luiza Tucci Carneiro, falou sobre a conivência do Brasil com o genocídio. “A imagem do nosso país é de um lugar sem preconceitos. No entanto, desde a descoberta desta nação em 1.500, temos sido placo de ações de intolerância e racismo. Tivemos, por exemplo, o genocídio dos povos indígenas”, explicou. “Ainda podemos falar das circulares internas que foram distribuídas pelo Brasil proibindo, a partir de 1937, a entrada no país de refugiados judeus que não tinham para onde ir. Essa atitude é condenar um povo”, acrescentou.

Maria Luiza também falou sobre as futuras gerações. “Precisamos alertar os mais novos sobre o perigo do genocídio. É por meio da educação que poderemos contribuir para a construção de um país de paz e sem intolerâncias”, disse. 

(20/9/2012 – 14h20)

 

 

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