Grupo de Trabalho da Cracolândia debate emprego e solução de problemas para a região

André Bueno | REDE CÂMARA SP

Reunião da Comissão Extraordinária de Direitos Humanos e Cidadania desta quinta-feira (23/11)

FELIPE PALMA
DA REDAÇÃO

A terceira reunião do GTI (Grupo de Trabalho Interinstitucional) da Cracolândia, realizada nesta quinta-feira (23/11) na Câmara Municipal de São Paulo, recebeu moradores e comerciantes da região. O grupo reúne a Comissão Extraordinária de Direitos Humanos e Cidadania do Legislativo paulistano e o colegiado de direitos humanos da Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo).

Logo no início, representantes de moradores e de comerciantes, além de pessoas inseridas em programas sociais da Cracolândia tiveram a oportunidade de expor os problemas enfrentados no dia a dia. O artista e professor João Carlos de Souza contou que mora na rua Helvétia há mais de 20 anos. Para ele muito se fala em direitos, mas não em deveres. “As falas aqui só validam o uso de drogas a céu aberto. As consequências levam a impactos que nós vivemos lá e nunca foram abordadas em qualquer discussão”.

Já a subsíndica de um condomínio do complexo Júlio Prestes, Sonia Domingues, afirmou que boa parte da população anda e habita nas calçadas do centro sem dignidade alguma. “A gente se expõe muito. Não atacamos eles [usuários], somos contra a truculência, mas vocês [Poder Público] precisam resolver. Hoje vemos gangues de bike e trombadinhas que ficam no meio deles e se aproveitam da situação”.

Outro morador do entorno, Clebson Charles de Menezes Souza explicou que o fluxo tem se espalhado há dois anos e deixou parte da região onde vive. “Muitos problemas que observamos são mazelas que dão espaço para outras e o tamanho só aumenta. Falamos do drogado e viciado, mas tem o problema da higiene, furtos e roubos, agressão, saúde mental. O turismo na região também caiu, há todo um impacto. Vejo esforço grande do setor de segurança pública, pois se tem crime 24 horas tem que ser combatido, porém a parte social está sendo deixada de lado. Falta vontade do Executivo, sugiro um cronograma de soluções”.

O GTI também recebeu o representante do comércio da Santa Ifigênia. Presidente da União Comercial de São Paulo, Joseph Riachi pontuou não haver um bairro chamado Cracolândia, mas sim uma situação. “Estamos no maior pólo eletroeletrônico da América Latina. Primeiro temos que pensar em quem trabalha e mora lá, já chegamos a oferecer até trabalho para quem é do fluxo. Se eles não querem fazer nada, nossa obrigação acaba aqui”.

Após as falas da mesa, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo se posicionou. Major da Polícia Militar, Rodrigo Garcia Vilardi trouxe um panorama das ações realizadas pelas forças de segurança estaduais em conjunto com o município. “As ações locais visam garantir o cumprimento da lei. Temos moradores e trabalhadores sofrendo com altos índices de criminalidade. As forças de segurança têm aumentado a presença policial para garantir a segurança local. Aumentamos as prisões de criminosos entre 20 e 30% de janeiro a setembro”. O porta-voz da PM afirmou ainda que acompanha quem está no fluxo e já identificou 600 criminosos. “O que está sendo feito na região é a requalificação de ruas e não estamos mudando eles de lugar”.

A reunião extraordinária da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania foi conduzida pela vereadora Luna Zarattini (PT). A parlamentar, presidente do colegiado, destacou algumas ideias trazidas pela mesa e que podem ser levadas adiante. “A gente tem muitas propostas, por exemplo: produzir trabalho e renda para a população, que é um avanço trazido pelos comerciantes e comerciários. Agora, precisamos debater com a Prefeitura. Nós aqui vamos fazer visitas in loco para conhecer o território, ir aos equipamentos e saber como está a situação para endossar o relatório. Na verdade queremos apresentar soluções comuns, é triste ver a população contra a população”.

O encontro do GTI da Cracolândia pode ser visto na íntegra por meio do vídeo abaixo:

 

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