Imigrantes denunciam violência e condições precárias de trabalho

Reunião da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que analisa a situação dos imigrantes na Capital
Fotos: Luiz França / CMSP

 

ELDER FERRARI
DA WEB RÁDIO CÂMARA

A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Política de Migração abriu nesta terça-feira (21/3) espaço para que os imigrantes pudessem expor os problemas que estão vivendo em São Paulo.

Entre as pessoas que se manifestaram durante a reunião, o haitiano Patrick Dieudonne, 34 anos, cineasta, reclamou da falta de políticas públicas para os imigrantes e, principalmente, o fato de não conseguir trabalhar em sua profissão. “O que me incomoda é que nós contribuímos com o governo brasileiro, e não temos direito a nada. Outra coisa é que mesmo sendo cineasta eu não tenho como trabalhar na minha área”, disse.

A também haitiana, Rose Laure Jeanty, 26 anos, que estudava medicina na República Dominicana, reclamou das condições de trabalho no Brasil e disse que há muita exploração pela falta de conhecimento da legislação trabalhista e da língua portuguesa.  Ela também denunciou que em muitas contratações feitas em São Paulo os imigrantes são levados para outras cidades ou estados, em condições precárias.

“Somos obrigados a trabalhar mais, mesmo fazendo o trabalho igual a outras pessoas, e não ganhamos horas extras. Não dominar a língua também é uma grande barreira. Empresas estão contratando pessoas em São Paulo e levando para outras cidades, sem oferecer condições de trabalho”, disse.

Padre Paolo Parise, da Missão Paz

Além de imigrantes, representantes de pastorais sociais da igreja católica também comparecem à Comissão. O padre Paolo Parise, um dos coordenadores da Missão Paz — uma entidade que atua desde os anos 30 com imigrantes e refugiados — falou sobre os desafios que precisam ser resolvidos pelo poder público.

“O que está faltando são políticas que os ajudem no momento em que deixam as casas de acolhimento. Políticas para que eles possam arrumar moradia digna, abrir conta bancária, ter um emprego decente e aprender a língua portuguesa”, disse. Dos 98 mil haitianos que chegaram ao país, 20 mil passaram pela Missão Paz.

O representante da coordenação do CAMI (Centro de Apoio e Pastoral do Migrante), Roque Renato Patussi, expôs as grandes dificuldades enfrentadas pelos imigrantes no Brasil. Ele destacou o pagamento de taxas caras para tirar documentos, exploração do trabalho, dificuldade de tirar Carteira de Trabalho, problemas para inserir os filhos na educação, entre outros.

“O imigrante precisa ser inserido dentro de um sistema com todos os direitos que ele tem como pessoa humana. Antigamente, a corrente era de ferro, hoje a corrente é a moeda corrente. E por ele não ter a moeda corrente volta para as correntes da escravidão”, disse.

Durante a reunião da CPI, o vereador Fernando Holiday (DEM) alertou os demais vereadores sobre casos de violência na Feira Boliviana, que acontece no Brás, região Central de São Paulo.  “Recebi denúncias graves, de imigrantes bolivianos, sobre ameaças violentas sofridas por eles na Feira, que acontece no Brás. Nós estamos tentando discutir políticas públicas, quando na verdade sequer conseguimos resolver problemas gravíssimos de segurança dessas famílias”, disse.

Presidente da CPI da Migração, vereador Eduardo Suplicy

O presidente da CPI da Migração, vereador Eduardo Suplicy (PT), acredita que ouvir os imigrantes foi fundamental para formar uma ideia do que está acontecendo na cidade e poder ajudá-los. “Foi da maior importância iniciar a reunião da CPI ouvindo os imigrantes. Precisamos dar boas-vindas e ajudar os imigrantes que chegam, muitas vezes, por problemas de conflitos, de guerras, de terremotos e de dificuldades socioeconômicos nos seus países”, disse.

Ficou acertado na reunião desta terça-feira que no dia 4 de abril será ouvido o diretor regional da articulação sul-americana Espacio Sin Fronteras, Paulo Illes, — do Centro de Direitos Humanos e Cidadania do Imigrante.

Uma Contribuição

Luis Vasquez

Senhores Vereadores da CPI, peço convocar as pessoas aludidas nesta suposta violência contra os feirantes na Feira do Bras da Rua Coimbra, Acho que é saudável escutar ambas as partes, ou chamar aos feirantes para corroborar se a denuncia procede. Pedimos encarecidamente participar desta sessão da CPI.
Luis Vasquez Ex Presidente da Assempbol, Ronald Soto Atual Presidente da Assempbol associação que organiza a feira da Rua Coimbra

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