Implantação da ciclofaixa na rua Luís Góis é debatida em audiência pública da Comissão de Política Urbana

Afonso Braga | REDE CÂMARA

Audiência Pública virtual da Comissão de Política Urbana desta quinta-feira (8/4)

DANIEL MONTEIRO
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A implantação da ciclofaixa da rua Luís Góis, na zona sul da capital, foi amplamente debatida na manhã desta quinta-feira (8/4), em Audiência Pública virtual da Comissão de Política Urbana, Metropolitana e Meio Ambiente.

De um lado, comerciantes locais argumentaram que a ciclofaixa está causando prejuízos a seus estabelecimentos, pois ela teria retirado a possibilidade de estacionamento na via e prejudicado o acesso de clientes e fornecedores. Eles pediram que a ciclofaixa fosse implantada em alguma via paralela com menos comércios, para não prejudicar a economia local.

Ciclistas e cicloativistas, por outro lado, defenderam que a ciclofaixa se mantenha na Luís Góis, por ser uma importante via de ligação com outras ciclofaixas e regiões da cidade e por se tratar da rua local com melhores condições topográficas para o trânsito de bicicletas. Também apontaram para o grande número de acidentes envolvendo ciclistas naquela rua, argumentando que a implantação da ciclofaixa protegeria esse público.

A realização da audiência atendeu requerimento de autoria do vereador Aurélio Nomura (PSDB), que presidiu os trabalhos. Participaram os vereadores André Santos (REPUBLICANOS), Ely Teruel (PODE), Paulo Frange (PTB), Rodrigo Goulart (PSD) e Silvia da Bancada Feminista (PSOL).

Propositor do debate, o vereador Aurélio Nomura falou sobre a necessidade de encontrar uma solução para a situação do comércio local. “A gente resolveu fazer a Audiência Pública tendo em vista as reclamações que nós recebemos. Nós acreditamos que existem alternativas à avenida Luís Góis, como a gente tem recebido inúmeras sugestões a respeito”, disse.

A vereadora Silvia da Bancada Feminista defendeu a manutenção da ciclofaixa e uma mudança na forma de enxergar a mobilidade urbana. “Nós temos que olhar para a ciclofaixa como um meio alternativo de transporte e não como um meio de transporte que vai inviabilizar o funcionamento do comércio da cidade. Na verdade, nós precisamos conviver com a ciclofaixa. É um projeto de cidade, a gente tem que olhar para a cidade que nós queremos, e não para o meu problema individual, pessoal”, destacou.

Para o vereador André Santos, os dois lados deveriam ter sido devidamente ouvidos antes da implantação da ciclofaixa, para que não houvesse esse conflito. “Eu acho que os ciclistas precisam defender aquilo que eles acreditam e os comerciantes precisam também defender o que acreditam. Mas isso só prova a falta de organização que foi feita na época da projeção dessa ciclofaixa, porque nem os ciclistas têm culpa, nem os comerciantes têm culpa. A culpa é de quem, antes de efetuar a ciclofaixa, não ter chamado as partes que realmente precisam utilizar a via e seriam afetadas, para que pudesse ser feito um projeto que fosse bom para ambas as partes”, pontuou.

Também participaram a chefe da Assessoria Técnica da Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes, Maria Teresa Diniz, e o coordenador de Projetos e Obras da Subprefeitura da Vila Mariana, José Roberto Correa.

Manifestações

Contrário à implantação da ciclofaixa na rua Luís Góis, o conselheiro da distrital sudeste da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), Paulo Maier, defendeu a utilização de outras vias para os ciclistas. “A associação comercial tem uma posição muito clara contra a ciclofaixa na rua Luís Góis. A gente sugere uma opção que é o corredor Altino Arantes com a Ouvidor Peleja, que ainda tem características mais residenciais, apesar de bastante comércio lá, mas são ruas mais largas e tem mais espaço”, afirmou.

O comerciante Ricardo Biondo, também contrário à ciclofaixa, falou sobre os impactos econômicos aos estabelecimentos da rua Luís Góis. “O fato é que, realmente, a implantação da ciclofaixa fez com que o movimento caísse e muito. Não só a questão da queda do movimento, mas a questão também com fornecedores, que já foram multados por fazer carga e descarga na ciclofaixa. Eu fui multado, fornecedores foram multados, não estão mais querendo entregar mercadorias, porque não tem como parar”, disse.

Também houve manifestação contrária de Mauro Fernandes Mendonça, Adriana Akatsu, Eduardo Merege, Luciane de Oliveira, Ricardo Franco Fernandes e Fausta Acosta.

Participante da audiência, a cicloativista Renata Falzoni criticou a tentativa de retirada da ciclofaixa da rua Luís Góis. “Nós estamos na cidade idolatrando um direito que não é constitucional, de privatizar o espaço público em detrimento da circulação das pessoas. A cidade de São Paulo está num processo, há décadas sendo interrompido por pessoas retrógradas, que seria a estruturação cicloviária, o resgate da escala e o aquecimento do comércio. Durante essa pandemia, cidades do mundo todo estão se voltando à mobilidade ativa”, ressaltou.

Representante do Coletivo Magrelas Aladas, Aline Pellegrini Matheus destacou a importância da ciclofaixa para a segurança da vida dos ciclistas. “Uma coisa super importante que a ciclovia traz, que as ciclofaixas em geral trazem para a gente é em relação à preservação das vidas. Uma pessoa dentro de um carro, ela está já isolada pela carcaça do carro, já está de uma certa forma protegida. Nós, em cima de bicicleta, temos só o nosso corpo como proteção, a gente não tem outra coisa, e a gente precisa de um espaço para nos proteger. A ciclovia, a ciclofaixa traz um meio de proteção para nós”, apontou.

A íntegra da Audiência Pública está disponível neste link.

2 Contribuições

francisco falco

Um absurdo essa ciclovia, na numeração mais baixa dessa rua, os poucos ciclistas que por aqui passam é carregando a bicicleta, não tem como pedalar a não ser zigue-zagueando pela pista por ser muito íngreme, transtorno aos moradores, comércio e trânsito. Pelo perfil de quem defende essa ciclovia e outras, notei um cunho político muito grande, verificando bem notei, todos odeiam Bolsonaro, veneram Haddad e Lula e como sempre, defendem o que é ruim para a maioria trabalhadora e honesta da nossa cidade. Resumindo, ainda revoltados querem porque querem que suas vontades prevaleçam sempre, assim como fazem na USP e em outros antros esquerdistas.

Responder
Rubens

A via pública tem que ser compartilhada, não pode ser privatizada por interesses pessoais e mesquinhos, precisamos proteger vidas. Acaso a vida de um ciclista tem menos valor que a vida de um motorista? É vergonhoso os comerciantes querendo proteger seus comércios proporem transferir o “problema” para outros comerciantes. Estamos na contramão do mundo, precisamos mudar esse cenário.
CICLOVIA SIM, SALVA VIDAS E A VIA E DE TODOS E NÃO DE ALGUNS.

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