Médica fala de impactos da poluição da atividade industrial petroquímica na saúde de moradores da zona leste

Richard Lourenço | REDE CÂMARA SP

Reunião ordinária da CPI da Poluição Petroquímica desta quinta-feira (19/5)

DANIEL MONTEIRO
DA REDAÇÃO

A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Poluição Petroquímica ouviu, em reunião nesta quinta-feira (19/5), a médica endocrinologista Maria Ângela Zaccarelli Marino, que apresentou estudos com evidências dos impactos negativos da poluição da atividade industrial petroquímica na saúde de moradores da zona leste da capital, vizinhos dessas empresas. Entre os principais problemas, está o aumento da incidência de casos de tireoidite crônica autoimune (Tireoidite de Hashimoto) e hipotireoidismo primário.

Na reunião, a CPI da Poluição também lançou um canal específico para coletar contribuições e manifestações das pessoas que vivem nos bairros do entorno da petroquímica que sofrem consequências da poluição, de forma a subsidiar os trabalhos da Comissão.

Estudos

Em mais de duas horas de oitiva, a médica endocrinologista Maria Ângela Zaccarelli Marino fez uma apresentação aos membros da CPI com o histórico de 32 anos de pesquisas realizadas sobre as consequências da poluição provocada pela atividade industrial petroquímica na saúde de moradores vizinhos dessas empresas, como a população do Parque São Rafael e de São Mateus, na zona leste da capital.

Ao todo, foram apresentados 10 estudos de sua autoria, ou dos quais participou, com evidências do aumento da incidência de casos de tireoidite crônica autoimune (Tireoidite de Hashimoto) e hipotireoidismo primário nas pessoas que vivem próximas ou no entorno de plantas de produção de derivados de petróleo. As doenças, se não tratadas corretamente, podem causar sequelas ou levar ao coma.

Ainda em relação à tireoidite crônica autoimune e ao hipotireoidismo primário, as pesquisas mostram que, apesar das doenças serem mais comuns em mulheres adultas, há um aumento de casos em homens e em crianças nas áreas próximas ou afetadas pela atividade industrial petroquímica, inclusive os residentes da zona leste da capital.

Maria Ângela também apresentou estudos epidemiológicos cujos resultados mostram que a chance de desenvolver doenças inflamatórias, como doenças obstrutivas pulmonares, tais como asma e bronquite, dermatite, conjuntivite, rinite, sinusite e faringite, é maior nas pessoas que vivem próximas ou no entorno de plantas de produção de derivados de petróleo, como os moradores do Parque São Rafael e de São Mateus. As conclusões das pesquisas puderam ser observadas em animais de experimentação.

Além disso, foi constatado maior risco relativo de complicações clínicas em pessoas infectadas pelo novo coronavírus residentes nessas regiões, bem como a maior concentração de metais tóxicos, como chumbo, impregnados nas cascas das árvores.

“É importante que a população de São Paulo consiga ter conhecimento e a Câmara é a provedora disso, nesse momento, ao trazer o debate aqui para dentro através da CPI. A doutora disse um dado muito importante”, avaliou o presidente da CPI da Poluição, vereador Alessandro Guedes (PT).

Participação popular

Além da oitiva, a CPI da Poluição lançou, nesta quinta-feira, um canal específico para coletar contribuições e manifestações das pessoas que vivem nos bairros do entorno da petroquímica que sofrem consequências da poluição, com o objetivo de subsidiar as investigações da Comissão.

A população pode fazer denúncias sobre a poluição, trazer informações sobre questões de saúde dos moradores dos bairros do entorno e apresentar sugestões para redução da poluição. Saiba mais neste link.

“A própria população é quem sente na pele o problema na região”, frisou o presidente da CPI. “Então eu peço para a população que veja e passe por isso, que colabore com a gente, para que possamos avançar nossos trabalhos com maior qualidade”, completou Guedes.

Requerimentos

Os vereadores também aprovaram requerimento convidando o presidente do Proam (Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental), Carlos Bocuhy, para prestar esclarecimentos à Comissão.

A reunião foi conduzida pelo presidente da CPI da Poluição, vereador Alessandro Guedes (PT). Também participaram o vice-presidente, vereador Professor Toninho Vespoli (PSOL), o relator, vereador Faria de Sá (PP), a sub-relatora, vereadora Sandra Tadeu (UNIÃO), e o vereador Xexéu Tripoli (PSDB), membro do colegiado. O debate foi acompanhado pelo vereador Ricardo Alvarez (PSOL), de Santo André. A íntegra dos trabalhos está disponível no vídeo abaixo:

Sobre a CPI

A CPI da Poluição Petroquímica busca investigar denúncias sobre a poluição e a contaminação ambiental no entorno do Polo Petroquímico que supostamente vem prejudicando a saúde de moradores de bairros da zona leste da capital localizados próximos ao Polo.

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