Outubro Rosa: Série sobre jovem que superou o câncer de mama é destaque na Rede Câmara

CAROL FLORES
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Foi com um toque que a vida da jovem Letícia Prates da Fonseca Bueno, de 33 anos, mudou radicalmente. Ela descobriu aos 25 anos um nódulo na mama em um autoexame. Mas esse não foi o ponto alto da luta da Letícia, ela ainda teve que derrubar a muralha do preconceito, já que era considerada muito nova e fora dos ‘padrões’ da doença, que normalmente atinge mulheres com idade superior aos 40 anos.

Letícia conta que quando sentiu anormalidade em uma das mamas, procurou rapidamente um especialista. A médica que já acompanhava a jovem desde os 12 anos de idade foi a escolhida, e em consulta não acreditou que pudesse ser algo grave, já que Letícia tinha somente 25 anos e estava fora da zona de risco das mulheres que têm propensão à doença.

Relutante e desconfiada de que talvez não fosse algo tão simples como imaginara a médica, Letícia insistiu para que a profissional realizasse alguns exames que ao final acabaram confirmando o câncer de mama. “Quando senti o nódulo já imaginei que algo poderia estar errado e que precisava investigar mais a fundo. O nódulo cresceu rapidamente e isso foi parâmetro para eu ver que não era normal. Se tivesse acreditado no diagnóstico da médica não estaria aqui hoje conversando com você”, conta.

“Temos sempre as opções de sentar e chorar ou tentar resolver o problema. Eu sou da turma que resolve o problema” Letícia Prates.

A dificuldade do diagnóstico para mulheres jovens é uma das barreiras que devem ser quebradas pela classe médica, segundo Letícia. Para ela, os médicos ainda custam a acreditar que uma paciente jovem possa ter câncer de mama. “Essa é a minha bandeira. Quero alertar a classe médica e as mulheres mais jovens sobre o câncer de mama”, destaca.

Letícia acredita que a vivência com o câncer possa ter acionado o alerta na hora certa, já que anos antes de ser diagnosticada com carcinoma mamário, acompanhou a luta do pai contra um câncer no intestino. “Estudei muito sobre o câncer quando meu pai recebeu o diagnóstico. Aprendi muita coisa e isso me ajudou a desconfiar que algo estava errado quando encontrei  uma bolinha na mama”, comenta.

Com o resultado do exame confirmando o câncer, Letícia rapidamente iniciou o tratamento e teve que retirar uma das mamas, além do esvaziamento axilar. A extração do órgão que é um dos símbolos de feminilidade, a princípio, não mexeu muito com o emocional da jovem. “Eu queria me livrar logo do câncer, sentia que tinha um ‘alien’ dentro de mim. Nem pensei na estética”. Mas, depois da cirurgia ela teve um choque ao se olhar no espelho. Hoje, Letícia já colocou uma prótese mamaria, fez a reconstrução do mamilo e em breve pretende pigmentar a aureola.

“Com tanta luta e ainda com a retirada de uma parte do corpo a mulher precisa exercitar a inteligência emocional e ter aceitação de todo o processo”, destaca Letícia, que aconselha as pacientes a assumirem a autonomia de suas vidas. “Não podemos ficar nem nas mãos dos médicos, nem nas mãos divinas. Podemos e devemos ser autoras de nossas vidas e fazer escolhas como comer melhor, fazer atividade física e buscar inteligência emocional”, ressalta.

Outubro Rosa

Com a chegada da campanha de conscientização e prevenção do câncer de mama, Outubro Rosa, muitos esclarecimentos sobre a doença ficam em evidência, mas para a Letícia a prevenção vai além. Para ela é preciso tocar em temas mais específicos como o câncer de mama em mulheres entre 20 e 30 anos e o mercado de trabalho para pacientes que superaram a doença.

“Ex-pacientes precisam fazer acompanhamentos médico de forma periódica o que gera dificuldade em ser contratado já que as empresas normalmente não veem com bons olhos as faltas”, explica a jovem que sonha com o dia que o Poder Público destinará programas de inserção aos ex-pacientes de câncer como há para pessoas com deficiência.

Redes sociais

Para falar sobre a sua experiência com o câncer e desmistificar a doença como uma sentença de morte, Letícia entrou nas redes sociais. Lá ela fala de tudo o que passou e ainda passa. A Câmara Municipal de São Paulo, pensando em ampliar e incentivar essa iniciativa irá a partir deste domingo (10/10) publicar a série de vídeos feitos pela Letícia. Para acessar basta acessar as redes sociais do Legislativo Paulistano (YouTube, Instagram e Facebook).

“Eu quero mostrar que a luta contra não é impossível. Hoje a ciência avançou muito e a doença na sua maioria não são mais tratadas como letais quando descoberta no início”, destaca a jovem que hoje é referência para muita gente que vivencia o câncer.

Dados da doença no Brasil

Segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer), no Brasil, excluindo os tumores de pele não melanoma, o câncer de mama é o mais incidente em mulheres de todas as regiões. Para o ano de 2021, foram estimados 66.280 casos novos, o que representa uma taxa ajustada de incidência de 43,74 casos por 100 mil mulheres.

Já as regiões Sul e Sudeste do país lideram no ranking de incidência por neoplasia maligna da mama. Segundo dados do INCA, a taxa bruta por 100 mil mulheres para 2021 ficou em 81,06 no Sudeste e em 71,16 no Sul.

No quesito mortalidade, o câncer de mama é a primeira causa de morte por câncer na população feminina em quase todo o Brasil, exceto na região Norte, onde o câncer do colo do útero ocupa essa posição. Os maiores percentuais na mortalidade proporcional por câncer de mama foram os do Sudeste (16,9%) e Centro-Oeste (16,5%), seguidos pelo Nordeste (15,6%) e Sul (15,4%).

Taxa de sobrevida para câncer de mama

Segundo especialistas, se o câncer de mama for descoberto no início a chance de cura da doença é de 95%. E para aumentar a possibilidade de diagnostico precoce é importante realizar exames como mamografia a partir dos 50 anos, mas se perceber algum nódulo ou que algo está errado procure um médico o mais rápido possível.

Também é importante consultar com ginecologista pelo menos uma vez ao mês.

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