País precisa mudar modelo de gerenciar lixo, diz especialista

A sétima aula do curso Descobrir São Paulo, Descobrir-se Repórter”, do projeto Repórter do Futuro, abordou o gerenciamento do lixo na cidade de São Paulo e no Brasil. A atividade, que aconteceu na manhã deste sábado (17), na Câmara Municipal, teve a presença do advogado José Valverde Machado Filho, diretor do Departamento de Meio Ambiente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e um dos formuladores da Política Nacional de Resíduos Sólidos, sancionada em 2010.

 Em sua apresentação, Valverde afirmou que o país tem gerenciado seus resíduos sólidos da mesma maneira há pelo menos dois séculos: simplesmente afastando-os dos centros urbanos, sem preocupação com os danos que essa prática gera no meio ambiente. Somando essa política ao crescimento populacional e econômico do país, principalmente nas últimas décadas, criou-se um modelo que cobra um alto preço não só à natureza, mas também à saúde pública.

Assim como os surtos de peste bubônica no Rio de Janeiro do início do século eram uma consequência do gerenciamento inadequado do lixo, não é coincidência que todo verão ainda tenhamos que nos defrontar com surtos de dengue, afirmou Valverde, lembrando depois que uma limpeza recente da calha do Tietê retirou 200 mil pneus um dos focos mais comuns do mosquito da dengue do leito do rio.

De acordo com ele, a Política Nacional de Resíduos Sólidos, se aplicada na prática, resolverá muitos dos problemas que enfrentamos hoje nessa área, como o baixo índice de reciclagem. A lei exige que, a partir de 2014, todos os materiais com potencial de reaproveitamento não poderão mais ser acondicionados em aterros sanitários, devendo ser reciclados.

Também participou da aula o vereador Floriano Pesaro (PSDB), membro da Comissão Extraordinária Permanente de Meio Ambiente da Câmara, que notou a inépcia do modelo atual de gerenciamento do lixo. Para ele, falta incentivo ao aproveitamento das possibilidades econômicas presentes na reciclagem, principalmente do lixo eletrônico.

Todos esses equipamentos têm produtos valiosos dentro, que podem ser reutilizados, como ouro, silício, alumínio e cobre, entre outros, comentou o parlamentar.

Após as apresentações, os participantes da atividade, estudantes de jornalismo de diversas instituições de ensino superior, realizaram uma conferência de imprensa com os palestrantes. Segundo o coordenador pedagógico do curso, Milton Bellintani, a escolha dos temas das aulas foi baseada na consulta pública Você no Parlamento, realizada conjuntamente pela Câmara e a Rede Nossa São Paulo em 2011. A pesquisa apontou os problemas mais importantes enfrentados pela cidade, baseando-se em uma amostra de mais de 30 mil respondentes.

Bellintani acredita que a oportunidade de debater os assuntos abordados com especialistas, membros da sociedade civil e integrantes do poder público pode dar uma nova visão sobre as questões aos participantes.

Queremos demostrar para os jovens jornalistas, que estão ainda em processo de formação, que pensar o futuro da cidade de São Paulo não é exclusividade de um setor ou de outro. Que há um conjunto de organizações na cidade, e de poderes instituídos, que pensam em soluções para a cidade, afirmou o coordenador do curso.

REPÓRTER DO FUTURO
O curso “Descobrir São Paulo, Descobrir-se Repórter” é resultado da parceria entre a Câmara Municipal, a Oboré Projetos Especiais de Comunicação e Artes e a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).

Mais informações sobre o curso estão disponíveis no site www.reporterdofuturo.com.br.

(17/03/2012 – 14h30)

 

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