Presidente da Enel não comparece, mas diretores depõem em CPI da Câmara

** 19/12, às 16h10 – Matéria atualizada, para inclusão de informações repassadas pela Comissão sobre a ausência do presidente da Enel **

Lucas Bassi | REDE CÂMARA SP

Diretores da Enel em depoimento à CPI da Câmara desta quinta-feira (14/12)

EMANUEL BELMIRO
DA REDAÇÃO

Na última reunião do ano da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Enel realizada nesta quinta-feira (14/12), os parlamentares ouviram o diretor de infraestrutura e redes da Enel, Vicenzo Ruotolo, e André Osvaldo dos Santos, diretor de mercado da empresa. Os vereadores aguardavam a presença do presidente da Enel Distribuição São Paulo, Max Xavier Lins, que foi convidado pela segunda vez a prestar depoimento à Comissão, mas não compareceu.

Apesar de ter agendado a vinda de Max Xavier Lins à CPI em reunião anterior, a concessionária encaminhou um e-mail à Comissão no dia 8, informando que o presidente não poderia realizar a oitiva, e que seria representado pelo diretor André Osvaldo.

A reunião começou com o presidente da CPI, vereador João Jorge (PSDB), pedindo para que o diretor Vicenzo Ruotolo explicasse os motivos da demora da empresa em resolver o caos elétrico que atingiu a capital no dia 3 de novembro. Ruotolo reiterou aquilo que a Enel já havia explicado em outras oportunidades, afirmando que, na ocasião, “eventos climáticos extremos” haviam atingido a cidade de São Paulo, provocando a queda de mais de 2 mil árvores sobre a rede elétrica.

“É importante ressaltar aqui que em 24h cerca de 60% dos nossos clientes, aqui da capital, tiveram sua energia restabelecida. Nos outros casos, a demora em regularizar o serviço se deu justamente pelas mais de 2 mil árvores que caíram na cidade cujo trabalho era mais complexo nesses casos”, afirmou Ruotolo.

Os diretores apresentaram aos parlamentares os números referentes a toda infraestrutura utilizada na operação para regularização do serviço de energia no dia 3/11, quando, segundo eles, também foram convocados para São Paulo equipes de outros Estados, como Ceará e Rio de Janeiro, onde a empresa também atua. Diante do estrago, os diretores explicaram que aplicaram recursos do plano de contingência e mobilizaram cerca de 1200 equipes para resolver a situação, o que em dias normais não passa de 300 equipes atuando.

A capacidade de operadores de call center para atender aos chamados também recebeu um incremento, de acordo com os diretores, indo de 920 para 1700 operadores. Ao todo, somando as pessoas em campo e as em atendimento, suporte a equipes de campo e outros setores da empresa, mais de 5 mil funcionários estavam envolvidos na operação iniciada em 3 de novembro.

Redução da mão de obra da empresa

Os diretores falaram dos investimentos que têm sido feitos pela empresa, tais como aprimoramento da comunicação com o Poder Público, prefeituras, e em relação ao atendimento da população com a abertura de novos canais, entre eles um WhatsApp e SMS para a população falar com a Enel. Sobre os investimentos, o relator da CPI, vereador Jorge Wilson Filho (REPUBLICANOS), questionou a redução de 36% no número de colaboradores da empresa em São Paulo nos últimos.

Porém, segundo o diretor de infraestrutura e redes da Enel, Vicenzo Ruotolo, o corte da mão de obra não impactou na parte operacional da empresa. “Essa redução não fez diferença na nossa atuação, muito pelo contrário, conseguimos melhorar os indicadores em função dos investimentos que fizemos em tecnologia”, disse Ruotolo.

Resposta que não convenceu o vereador Jorge Wilson Filho, que se mostrou incomodado com fato da empresa, mesmo antes do apagão do dia 3 de novembro, não agir prontamente para atender às demandas dos paulistanos. “Esse problema de atendimento não é de hoje, não surgiu naquele fatídico dia de novembro. Já é de muito antes, tanto que a CPI que funciona na Alesp foi criada justamente para averiguar também esse problema. Considero, claro, importante o investimento em tecnologia, mas essa redução no número de colaboradores é injustificável”, pontuou o vereador.

Instalação elétrica em habitações de interesse social

Um dos parlamentares presentes a reunião foi o líder do governo, vereador Fabio Riva (PSDB), que cobrou mais agilidade na instalação elétrica dos projetos de HISs (Habitações de Interesse Social) construídos pela Prefeitura, incluindo também os loteamentos. Segundo o parlamentar, a entrega das unidades habitacionais acabam sendo, muitas vezes, adiadas pela não instalação do sistema elétrico no local.

O diretor de mercado da empresa, André Osvaldo dos Santos, reconheceu o problema mas disse que a concessionária de energia está procurando se adequar a esta demanda. “Nós temos tido reuniões recorrentes com os secretários da Prefeitura para tentarmos atender com a máxima prioridade possível a todas estas solicitações e com a máxima celeridade”, informou André.

Relação entre Enel e Prefeitura

A vereadora Elaine do Quilombo Periférico (PSOL) quis saber detalhes da relação que a Enel mantém com a Prefeitura sobre o chamado manejo arbóreo, já que cabe à empresa promover a poda de árvores energizadas. Para Elaine, é importante que sejam esclarecidas as responsabilidades de cada um dos lados envolvidos nesse manejo.

Vicenzo Ruotolo informou que somente este ano a Prefeitura realizou mais de 8,5 mil pedidos de poda para a Enel e que até agora quase 6 mil já foram atendidos e que o número restante está em curso. Sobre o assunto, Ruotolo ressaltou que, geralmente, a empresa atende esses pedidos dentro de 90 dias e elogiou a relação com o governo municipal. “Acho que a Enel e a Prefeitura aplicam regras claras de quem é responsável pelo o que. O que facilita muito todo esse processo. O que inclusive deveria ser copiado pelos demais municípios” afirmou ele.

Ressarcimento pelos danos

Diante das várias reclamações de paulistanos que foram prejudicados pela falta de energia no dia 3 de novembro, alguns chegando a ficar mais de 4 dias sem eletricidade, a vereadora Luna Zarattini (PT) questionou a maneira como a concessionária planeja ou o que a Enel vem fazendo como forma de reparar ou ressarcir todos esses clientes prejudicados.

Ruotolo respondeu que a Enel gasta cerca de R$ 90 milhões por ano em compensações aos clientes que se sentem lesados. Já o diretor de mercado da empresa, André Osvaldo dos Santos, complementou informando que para os clientes com tarifa social e eletrodependentes, que precisam da energia para tratamento de saúde em casa, foi disponibilizada a isenção de 3 meses da conta de energia e o ressarcimento. André explicou que a empresa segue o que diz a resolução da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), que prevê que o ressarcimento se dá apenas por danos elétricos.

Intimação do presidente da Enel

Dentre os requerimentos aprovados pela CPI, um deles, de autoria do presidente da Comissão, vereador João Jorge, intima o presidente da Enel Distribuição São Paulo, Max Xavier Lins, a comparecer na reunião do colegiado marcada para o dia 8 de fevereiro de 2024. “Nós convidamos o presidente da Enel por duas vezes. Estava prevista a presença dele na reunião de hoje, o que não aconteceu, e por não termos ficado satisfeitos com algumas respostas dadas pelos diretores presentes, decidimos pela intimação do senhor Max Lins para a primeira reunião da CPI em 2024”, disse o presidente.

Além do presidente, vereador João Jorge (PSDB) , a reunião da CPI contou com a presença dos vereadores Ricardo Teixeira (UNIÃO), Elaine do Quilombo Periférico (PSOL), Jorge Wilson Filho (REPUBLICANOS), Thammy Miranda (PL) e Dr. Milton Ferreira (PODE).

 

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