“Se precisar, peça ajuda!” é o tema da campanha Setembro Amarelo

FELIPE PALMA
DA REDAÇÃO

O suicídio pode ser definido como um ato deliberado executado pelo próprio indivíduo, cuja intenção seja a morte, de forma consciente e intencional, usando um meio que acredita ser letal. Também fazem parte do que habitualmente chamamos de comportamento suicida: os pensamentos, os planos e a tentativa de suicídio. Estas são definições do Ministério da Saúde.

“É um comportamento com determinantes multifatoriais e resultado de uma complexa interação de fatores psicológicos e biológicos, inclusive genéticos, culturais e socioambientais. Dessa forma, deve ser considerado como o desfecho de uma série de fatores que se acumulam na história do indivíduo, não podendo ser considerado de forma causal e simplista apenas a determinados acontecimentos pontuais da vida do sujeito. É a consequência final de um processo”, explica o órgão.

Segundo estudo realizado pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), 17% dos brasileiros, em algum momento, pensaram em dar um fim à própria vida e, desses, 4,8% chegaram a elaborar um plano. Para o CVV (Centro de Valorização da Vida), a primeira medida preventiva é a educação. “Durante muito tempo, falar sobre suicídio foi um tabu, havia medo de se falar sobre o assunto. De uns tempos para cá, esta barreira foi derrubada e informações ligadas ao tema passaram a ser compartilhadas, possibilitando que as pessoas possam ter acesso a recursos de prevenção”, afirma a entidade referência quando o assunto é o Setembro Amarelo – mês dedicado a ações de prevenção do suicídio.

A Rede Câmara SP ouviu um especialista, o psiquiatra Elson Asevedo. Ele entende que o suicídio é uma consequência de diversos elementos que atingem com agravo a saúde mental que precisa de ações de prevenção. “A prevenção é atrelada de maneira mais ampla à saúde mental. O primeiro passo é oferecer boas condições de saúde mental, bem como educação socioemocional nas escolas, ações de prevenção de uso de álcool e drogas na infância e adolescência”.

Elson Asevedo abordou a situação em São Paulo pontuando que só 30% da população tem acesso a tratamentos voltados à saúde mental pública, por falta mesmo de serviços especializados. A estrutura foi comparada com a do Brasil. “Toda essa estrutura faz com que tratamentos de saúde mental no país sejam precários. Na via final, quando a pessoa está em vias de suicídio, crise grave com risco de suicídio, é importante que ela possa ser atendida de maneira rápida”.

Saber quais as principais causas e as formas de ajudar pode ser o primeiro passo para reduzir as taxas de suicídio no Brasil, onde atualmente aproximadamente 30 pessoas por dia tiram a própria vida. Aqui surge o desafio de falar com responsabilidade, seguindo recomendações das autoridades de saúde.

O psiquiatra Elson Asevedo comenta que o estigma e preconceito é uma barreira para procurar ajuda. “Como se o problema de saúde mental fosse só um problema ligado a falta de fé, força de vontade e, aí pessoas deprimidas deixam de procurar ajuda e pode ser tarde demais. Muitas vezes, as pessoas pensam que não tem mais saída, muito por conta de que ela já usou todos os recursos de sempre a vida inteira e não funcionou”.

De acordo com a última pesquisa realizada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) em 2019, foram registrados mais de 700 mil suicídios em todo o mundo. Episódios subnotificados elevam os casos a mais de 1 milhão. No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil casos por ano, ou seja, em média 38 pessoas cometem suicídio por dia.

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