Segurança pública é tema de aula do Repórter do Futuro

As denúncias de corrupção e de uso indevido de força nas polícias Civil e Militar em São Paulo foram tema do encontro do curso Descobrir São Paulo: Descobrir-se Repórter neste sábado, na Câmara Municipal de São Paulo. Com a presença do cientista político Guaracy Mingardi, diretor científico do Instituto Latino-Americano das Nações Unidas para Prevenção do Delito e Tratamento do Delinquente (Ilanud), os alunos de jornalismo questionaram e discutiram o combate à criminalidade na cidade e no Estado.

Além da sua atual ocupação como pesquisador, Mingardi foi secretário de Segurança Pública de Guarulhos (SP) e subsecretário nacional de Segurança Pública.

Para Mingardi, a maneira com que a polícia usa sua força está diretamente relacionada às decisões do Executivo. Qualquer polícia do mundo pode extrapolar, porque é mais fácil usar de violência extrema. Por isso, o papel do governante é pisar no freio, explicou. Como exemplo, Guaracy citou o brasileiro Jean Charles, assassinado por engano pela polícia britânica, mundialmente conhecida por ser uma das menos violentas do mundo. Por medo do terrorismo, o governo decidiu pisar no acelerador e deu errado, concluiu.

O convidado sugeriu ainda medidas práticas que podem auxiliar a controlar casos de abuso. Você tem que criar mecanismos. O sujeito que matou alguém deve ser afastado para tratamento psicológico, citou.

Já em situações de corrupção, Guaracy acredita que o atual modelo de Corregedoria seja ineficiente. A Corregedoria deveria ser uma coisa à parte, porque, por ser um colega investigando o outro, muitas vezes a investigação não vai adiante, argumentou. Poderia ser um Corregedor de fora das instituições, um procurador, desembargador aposentado e ter gente das duas (Polícia Militar e Civil) para investigar, observou.

O vereador Claudinho de Souza (PSDB), que também participou do debate, defendeu as corporações afirmando que é uma minoria corrupta que faz um estrago muito grande para a população. Embora a segurança pública seja atribuição do governo estadual, o parlamentar lembrou que, através de um convênio firmado entre a Prefeitura e o Estado, os policiais passaram a prestar serviços ao município. A Operação Delegada, como ficou conhecida a parceira, foi regulamentada através de lei aprovada na Câmara Municipal, em 2011.

Questionado pelos participantes do projeto sobre sua opinião a respeito do convênio, Guaracy Mingardi afirmou que é complicado. O que não dá é para eles continuarem ganhando mal, criticou.

DUAS POLÍCIAS
O vereador Claudinho atentou para o fato de a Constituição prever a existência da Polícia Civil e Militar, porém que há conflitos entre a atuação das duas. Há interesses de classe, ressaltou. Mingardi, que concordou com a colocação, afirmou que as corporações têm originalmente atribuições específicas, porém hoje as duas fazem tudo. Na minha opinião isso está errado. Você tem que dar um destino para cada polícia, completou.

O ex-secretário de segurança afirmou ainda que faltam leis que proporcionem o planejamento a longo prazo da segurança, em vez da atual tendência de leis desconexas votadas quando acontece alguma crise. No Congresso Nacional, a maioria (dos parlamentares) não quer nem chegar perto desse assunto, lamentou.
 

REPÓRTER DO FUTURO
O curso “Descobrir São Paulo, Descobrir-se Repórter” é resultado da parceria entre a Câmara Municipal, a Oboré Projetos Especiais de Comunicação e Artes e a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).

Mais informações sobre o curso estão disponíveis no site www.reporterdofuturo.com.br.

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