Simpósio conscientiza sobre tumor desmóide e divulga novos tratamentos 

André Bueno | REDE CÂMARA SP

ANDREA GODOY
DA REDAÇÃO

Com o apoio do vereador Rinaldi Digilio (UNIÃO) a ABTD (Associação Brasileira do Tumor Desmóide) realiza o 2º Simpósio Nacional do Tumor Desmóide nesta sexta-feira e sábado (15 e 16/9) na Câmara Municipal de São Paulo. O objetivo é conscientizar sobre a doença rara e atualizar médicos e pacientes sobre novos tratamentos, medicamentos e abordagens. Para isso, médicos pesquisadores foram convidados como palestrantes.

Setembro é o mês de conscientização do tumor desmóide e para instituir o dia 15 como data municipal de conscientização, o vereador Rinaldi Digilio, apresentou o PL (Projeto de Lei) 554/2022. A proposta, aprovada em primeira votação em Plenário, visa incluir a data no calendário oficial de eventos da cidade para promover palestras, ações educativas e estratégias voltadas à difusão de informações sobre a doença.

A cofundadora e presidente da ABTD, Carolina Menezes, afirmou que o simpósio é muito importante para divulgar informações sobre essa doença rara. “O nosso trabalho é reunir estudos e práticas, para que os médicos especialistas em sarcomas adotem abordagens assertivas em conjunto com os pacientes, que precisam também compreender o que vai garantir melhor qualidade de vida para eles”, declarou.

“A gente procura trazer o que há de mais atual em medicamentos das indústrias farmacêuticas parceiras e todos os outros tipos de medicina intervencionista, como crioablação e várias outras opções”, acrescentou a cofundadora e vice-presidente da ABTD, Georgia Garofalo.

Apesar de benigno, o tumor desmóide é localmente agressivo, invadindo órgãos ou tecidos vizinhos. Usualmente ele não dá metástases, mas pelo fato de ser agressivo, pode trazer problemas ao paciente ao longo do tempo e tende a recorrente, retornando após o tratamento.

Inicialmente, o tumor desmóide foi descrito na parede abdominal de mulheres após a gravidez e em cicatrizes de cirurgias abdominais. No entanto, ele pode acometer qualquer músculo esquelético em qualquer parte do corpo e frequentemente atinge membros superiores, inferiores, parede abdominal e retroperitônio, se infiltrando na musculatura próxima e causando degeneração.

O médico pesquisador e residente de oncologia da Escola de Medicina da Universidade de Yale (cidade de New Haven, Connecticut), Dr. Philippos Costa, palestrou sobre tratamentos sistêmicos em tumor desmóide. Ele disse que em função de haver entre 50 a 70% de chance de recidiva (retorno do tumor) após a cirurgia é que a medicina adota um tratamento com vigilância ativa em vez da remoção cirúrgica.

O Dr. Philippos explicou que em 90% dos pacientes, o tumor desmóide é originado através de uma mutação na via da sinalização da proteína beta-catenina. A mutação faz com que a proteína esteja sempre ativada e que a célula se prolifere, gerando o tumor. Já em 10% dos casos, o paciente tem uma mutação no gene APC, a síndrome da PAF (polipose adenomatosa familiar), onde a proteína APC que deveria destruir a beta-catenina, não executa a função e com mais beta-catenina dentro da célula, ela se prolifera gerando o tumor.

O Dr. Philippos destacou ainda que em 70% dos pacientes os tumores desmóides vão ter uma estabilização espontânea (parar de crescer em determinado momento), e em alguns casos reduzir de tamanho espontaneamente. No entanto, em 30% dos pacientes o tumor vai continuar progredindo e se estiver perto de estruturas vitais como pescoço, coração e alças intestinais e não tiver condições de aguardar estabilidade será necessário mudar a abordagem. “Neste caso vamos precisar adotar um tratamento ativo, que pode ser cirurgia, crioablação, radioterapia ou a medicação, que é a primeira linha de tratamento”, pontuou.

A médica pesquisadora do INCA (Instituto Nacional de Câncer), Oncoclínicas e GBS (Grupo Brasileiro de Sarcomas), dra. Bruna David, palestrou sobre a qualidade de vida do paciente, visto que nem sempre a cirurgia é indicada, já que o tumor pode voltar pior. Por isso, ela ressalta que é imprescindível entender o que o paciente almeja, como os sintomas impactam a rotina dele e o que esperar de benefícios do tratamento.

“É muito importante entender como o paciente vai conviver com essa doença crônica ao longo da vida porque muitas vezes jovens são diagnosticados, então é preciso aliar vontade do paciente, bem-estar e controle da doença”, declarou a dra. Bruna.

Ela explicou também que a cirurgia é indicada em casos distintos. “A gente opera casos muito específicos, após decisão coletiva do time entre cirurgião, radioterapeuta e oncologista para ter essa visão holística da doença, pois não é todo tumor que operamos sistematicamente, justamente porque a agressividade na recidiva pode ser pior. Então a gente tenta controlar os sintomas, preservando o bem-estar do paciente”, pontuou.

Assista o vídeo completo do primeiro dia do simpósio aqui:

 

Uma Contribuição

Liliane Pastorello Padovan

Bom dia sou liliane e tenho esses tumores desmoide nos ombros e já operei várias vezes e eles sempre volta
Gostaria de saber se a remédio para esse tumores.

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