SP 2030: desigualdades estão ligadas à violência e falta de oportunidades 

 

DA REDAÇÃO 

Uma pesquisa realizada pela Escola do Parlamento, da Câmara Municipal, avaliou os serviços e as políticas públicas presentes na cidade. No quesito moradia, a zona onde a população está mais satisfeita com o local onde vive é a zona leste (31,7%). Já na zona sul, apenas 17,7% classificam o lugar como ótimo ou bom para se viver. Esta pesquisa foi apresentada na tarde desta segunda-feira (23/5), durante o ciclo de seminários “SP 2030”, que discutiu as desigualdades sociais.

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Padre Jaime Crowe

Jaime Crowe, padre irlandês que vive há muitos anos em São Paulo e tem forte atuação na zona sul da capital paulista, principalmente na região do Jardim Ângela, acredita que essa insatisfação pode estar ligada a diversos fatores, dentre eles a violência ainda muito presente na região, a falta de oportunidades de trabalho, que provoca grandes deslocamentos e perda de tempo no trânsito, falta de equipamentos suficientes de saúde e de educação.

“A desigualdade tem sido marcada pela violência e pelo genocídio contra jovens, negros, pobres e periféricos. Ela se mostra por dois lados. Pelo número de assassinatos e pela percepção de todos os moradores da cidade. Muitos acreditam que quando morre alguém na periferia é um a menos para nos assaltar. O próprio tratamento da polícia também é muito diferente quando quem comete um delito é um cidadão periférico ou das áreas consideradas mais nobres”, afirmou o padre.

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Eduardo Marques, professor de ciência política da USP

Segundo Eduardo Marques, professor de ciência política da USP, São Paulo é uma cidade com padrões de desigualdades elevados, mas que tem se transformado nos últimos anos. “Há uma diminuição na falta de acesso a políticas públicas, mas por outro lado, há um aumento na falta de qualidade delas. Elas se fazem cada vez mais presentes nas áreas periféricas, mas sua qualidade ainda deixa a desejar”, disse.

A mudança na educação pode ser um dos pilares para melhorar a qualidade das políticas públicas, principalmente na área. É o que defende Vera Masagão Ribeiro, coordenadora de programas da Ação Educativa — organização não governamental que atua em assessoria, pesquisa e informação visando a defesa de direitos educacionais e da juventude. Para ela, a diminuição do déficit educacional tem que ser feita de maneira micro, com atuações focadas em territórios.

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Vera Masagão Ribeiro, coordenadora de programas da Ação Educativa

“Temos que procurar construir redes de articulação entre as escolas. Nós temos problemas graves, como a educação básica dividida em duas redes, que competem entre si. Devemos pensar uma educação construída por território e construir redes entre as escolas desses territórios. Uma rede de colaboração, e a prioridade deve ser as regiões mais vulneráveis”, ressaltou.

Vereadora pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Juliana Cardoso considera que até 2030 o Legislativo tem papel importante na diminuição das desigualdades nos diversos setores da cidade, já que pode criar projetos de lei e fiscalizá-los quando sancionados. “As áreas periféricas não necessariamente estão nas bordas do município. Elas têm que ser pensadas através de políticas públicas vindas do governo ou elaboradas pela comunidade. A pesquisa feita pelos mais diversos órgãos também são importantes como indicativos”.

O Ciclo de Debates SP 2030 é promovido pela Escola do Parlamento da Câmara Municipal e tem como objetivo debater os desafios da cidade de São Paulo para os próximos 15 anos nos campos do conhecimento e da inovação. Os próximos encontros abordarão os temas Cidade Sustentável (20/06) e SP Megacidade (04/07). Para mais informações acesse: http://www.saopaulo.sp.leg.br/antigo/escoladoparlamento

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